Curitiba - O solo sagrado da família do outro é um convite à delicadeza. Quando nos aproximamos da família de quem amamos, entramos em um território carregado de história, afetos e dinâmicas que não nos pertencem. É comum que o diferente nos cause estranhamento, mas é justamente nesse momento que precisamos cultivar reverência, empatia e escuta.

Um casal, ele sorrindp e ela cok olhar sério e com uma rosa a mão.
O solo sagrado da família do outro exige respeito, escuta e humildade para conviver com diferenças sem julgamento, disputa ou imposição. (Imagem de Amy por Pixabay)

O estranhamento é natural

É bastante comum acharmos estranho o que é diferente ou desconhecido. Isso se manifesta com frequência quando conhecemos a família do cônjuge. Aquela família, com hábitos e afetos distintos, pode parecer mais esquisita ou disfuncional do que a nossa, e o mesmo pode acontecer no sentido inverso. Afinal, o que é familiar para uns pode soar estranho para outros.
 

Entrar com reverência

Diante disso, é essencial compreender que entrar no sistema familiar do outro é como pisar em solo sagrado. Simbolicamente, esse gesto exige reverência, como quem tira os calçados ao pisar em um terreno novo, desconhecido e carregado de história. Ao fazer isso, reconhecemos que ali existe uma lógica própria, uma estrutura que se formou e se sustentou ao longo do tempo, muito antes da nossa chegada.

Desapegar do julgamento

Entrar descalço também significa abrir mão da função de apontar e escancarar disfuncionalidades, de julgar, reformar ou modificar o que não nos pertence. É um gesto de humildade. É também renunciar ao papel de salvador ou salvadora, ou seja, deixar de acreditar que teria a missão de resgatar o cônjuge de uma família que julga inadequada.

Abandonar a competição

Além disso, é necessário descalçar as botas do competidor ou da competidora — aquele que enxerga a família do outro como um adversário a ser vencido e eliminado, como se houvesse uma disputa por território afetivo. Essa postura apenas alimenta conflitos e impede a construção de vínculos saudáveis.

Conviver com respeito e sensibilidade

Naturalmente, ajustes na estrutura relacional serão inevitáveis na convivência entre pais e filhos adultos, sogros, genros e noras, cunhados e cunhadas. No entanto, há um princípio fundamental que deve nortear todos os envolvidos: com a família do outro não se compete, não se impõe, não se rompe, não se confronta, mas se convive com respeito, escuta e sensibilidade.

Chegar com coração aberto

A família do outro, assim como a nossa, tem raízes profundas, dores silenciosas e afetos entrelaçados ao longo do tempo. Por isso, é necessário chegar como quem pisa em terra sagrada e fértil, descalço de certezas e aberto ao mistério. Porque toda família, para além de suas imperfeições, é um campo onde o amor pode ser semeado. E, quando isso acontece, novos eventos de graça podem surgir e harmonizar a convivência.

O amor entre as diferenças

Mesmo que seja desejável que haja uma hospitalidade generosa no acolhimento por parte da família do cônjuge ao que chega, não é adequado chegar esperando uma recepção com tapete vermelho. Tanto quem chega como quem recebe deve abrir espaço sem exigir adaptação imediata e permitir que o amor encontre caminhos entre as diferenças.

Que possamos sempre nos aproximar da família do outro com humildade nos gestos, leveza no olhar e generosidade no coração. Ao pisarmos nesse solo sagrado, que sejamos semeadores de respeito, construtores de pontes e cultivadores de amor, para que, entre as diferenças, floresça a beleza da convivência.

Quer receber notícias no seu celular? Entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui!