Segundo Folha de S. Paulo, presidenciável fez obra quando era governador de Minas. Local é administrado por familiares e não foi homologado na Anac

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou nesta segunda-feira (21) que o governo de Minas Gerais e a Prefeitura do Município de Cláudio  serão notificados para que as autoridades respondam ao órgão regulador sobre a suposta utilização irregular do aeródromo da cidade, que ainda não está homologado.

Reportagem publicada neste domingo (20) pelo jornal Folha de S.Paulo afirma que no fim do segundo mandato de Aécio Neves (PSDB) como governador de Minas Gerais o estado gastou quase R$ 14 milhões para a construção de um aeroporto dentro de uma fazenda do tio-avô do tucano, Múcio Guimarães Tolentino, de 88 anos, no município de Claudio. A cidade fica a 150 quilômetros de Belo Horizonte, tem 30 mil habitantes e é cercada por fazendas.

Segundo a Folha, familiares do candidato administram o local. Interessados em utilizar o aeroporto precisam pedir autorização a eles. O candidato do PSDB à Presidência utiliza a pista em seus deslocamentos à cidade (seis ou sete vezes por ano), onde fica a Fazenda da Mata, distante seis quilômetros do aeroporto e utilizada por Aécio para descansar.

Na edição desta segunda-feira, a Folha informa que o Ministério Público de Minas Gerais vai abrir inquérito para examinar a construção do aeroporto.

A ANAC confirmou, por meio de nota, que o processo de homologação do aeroporto, que teve a obra concluída em 2010, ainda não foi concluído. Desta forma, o aeródromo não tem autorização para receber operações aéreas. O acesso é controlado pelos donos da fazenda, conforme informado pela prefeitura da cidade à reportagem.

Transparência
Para Aécio Neves, o processo de construção do aeroporto foi realizado de forma transparente. “Já foi tudo explicado. Tudo foi feito com a mais absoluta transparência e correção; aliás, como sempre faço”, disse o tucano, durante visita à região do Cariri cearense.

Questionado se o caso envolvia investimento de dinheiro público em um empreendimento privado, Aécio disse ser “exatamente o contrário” e que o PSDB já havia explicado os detalhes da obra em nota enviada à imprensa. No texto, o partido alega que o aeroporto está construído em terras públicas, “não havendo portanto o investimento público em área privada”.

Segundo a Folha, a área do aeroporto foi desapropriada pelo governo de Minas, que fez um depósito judicial de R$ 1 milhão pelo terreno. O tio-avô de Aécio contesta o valor.

“Não se trata também de construção de um novo aeroporto, mas de melhorias realizadas em pista de pouso que existia há mais de 20 anos no local, realizadas por meio do ProAero, programa criado no governo Aécio Neves e que garantiu investimentos em inúmeros aeroportos do Estado”, afirmou o partido em nota. A obra foi executada pelo Departamento de Obras Públicas do Estado (Deop).

O PSDB alegou ainda que Aécio não é proprietário da fazenda da Mata. “O imóvel é de propriedade do espólio da avó da Aécio, Risoleta Neves – portanto, pertence aos três filhos dela. A fazenda está há cinco gerações na família. A bisavó do senador nasceu no local”, disse o partido.

Interesse público
Ainda de acordo com a nota da campanha tucana, o programa ProAero previu um aeroporto local de pequeno porte no município. “A escolha da área se deu por critérios técnicos, não tendo interferido na decisão o fato do proprietário à época ser ou não ser parente do então governador. Já havia no terreno em questão uma pista de pouso construída há 20 anos, o que tornaria a obra muito mais barata. Prevaleceu exclusivamente o interesse público.”

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