O Paraná é o terceiro estado do país com menor taxa de atraso escolar no ensino médio público (24,3%), perdendo apenas para São Paulo (17,1%) e Santa Catarina (18,4%). Enquanto isso, os estudantes do Pará (57,3%), do Sergipe (50,7%) e do Piauí (49,2%) são os mais atrasados na escola. Os dados são do Censo Escolar do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Em todo Brasil, o número de estudantes com distorção idade-série, entre os anos de 2006 e 2013, foi reduzido de 46% para 29,5%. Nas escolas públicas, esse índice passou de 50% em 2006 para 32,7% no ano passado. Já nas escolas particulares, os números passaram de 11% para 7,6%.
Os dados foram selecionados com o auxílio da plataforma de dados educacionais QEdu, onde as informações estarão disponíveis para a consulta a partir desta segunda-feira (2). O portal é uma parceria entre a Meritt e a Fundação Lemann, organização sem fins lucrativos voltada para educação.
Quando o aluno ingressa no ensino médio, ele já passou por um percurso escolar de pelo menos nove anos no ensino fundamental. Segundo o coordenador de Projetos da Fundação Lemann, Ernesto Faria, o atraso no ensino médio no Brasil mostra o problema do fluxo como um todo. “Temos altas taxas de reprovação, mas não temos política para lidar com os alunos que fazem a série novamente”, analisa Faria. “A reprovação pode estigmatizar os alunos e aumentar a chance de ele não terminar a educação básica”, diz.
“As taxas são muito altas. Diversas pesquisas mostram que a reprovação não melhora o desempenho. Não há ganho por reprovação, não há ganho para o sistema educativo, que acaba bancando um ano a mais desse aluno e não há ganho para o aluno, que perde um ano da vida para complementar a etapa”, analisa a gerente da Área Técnica do movimento Todos pela Educação, Alejandra Meraz Velasco.
A assessora de Projetos da Campanha Nacional pelo Direito à Educação Maria Reher complementa: “O que a gente pode destacar é o problema da qualidade da educação, mas o que é essa qualidade? No ensino médio, ela envolve o currículo. Quando conversa com os adolescentes, percebe a falta de significação da escola, de identidade da escola e a falta de oportunidade para esses adolescentes.”
Pela Constituição, cabe aos estados e ao Distrito Federal oferecer prioritariamente o ensino médio. De acordo com o Conselho Nacional de Secretarias de Educação (Consed), nos últimos anos, os indicadores foram impactados com a volta de estudantes que tinham deixado a escola. “Apesar disso, tínhamos que avançar bem mais, dar passos mais largos. Em outros países, os adolescentes terminam o ensino médio com 17 e até com 15 anos”, diz a secretária de Educação do Mato Grosso, Rosa Neide, integrante do Consed.