Moradores do bairro Juvevê, em Curitiba, acordaram com uma cena que causou “horror” a todos. Máquinas estavam destruindo a “Praça Francisco Toda”, um terreno particular na esquina das ruas Marechal Mallet e Manoel Eufrásio, que virou espaço de convivência aberto aos moradores locais. O local, que já foi alvo de muitas confusões entre a comunidade, a União Paranaense dos Estudantes (Upes) e uma construtora que alega ter comprado o terreno, já vem de muitos anos. E o espaço de convivência foi destruído na manhã de sábado (12) pela pessoa que diz ser a nova dona do terreno.
A história é confusa. O terreno, que é particular, foi doado à Upes na década de 1940. Mas na década de 1990, um dos presidentes da Upes vendeu irregularmente o terreno a uma construtora, que tentou habitar o local que entendeu como de sua propriedade. Aí começou a confusão. Depois de um ato dos estudantes, que ficou conhecido como “Acampamento dos 100 Dias”, o terreno foi devolvido aos jovens, que construíram uma sede, uma casa de madeira no local.
Mas em 2012, o imóvel pegou fogo e ninguém sabe se foi acidental ou criminoso. Aí é que entra o Francisco Toda, um idoso que morava no prédio ao lado do terreno. Vendo tudo destruído, ele recolheu escombros, limpou o terreno, foi fazendo canteiros e hortas, plantou flores, fez bancos, um balanço para as crianças. Os moradores do Juvevê passaram a frequentar o local, tão carinhosamente cuidado pelo seo Francisco, que acordava às 5h para varrer e cuidar da praça.
Em 2018 seo Francisco morreu de pneumonia e os moradores deram o nome dele ao espaço. E mais algumas confusões ocorreram. Nos últimos 17 anos, a Upes briga na Justiça para provar que o terreno é de sua posse. Estudantes e comunidade tiveram algumas confusões, até entenderem que a convivência poderia ser harmônica e compartilhada. Apesar disto, continua na Justiça a discussão a respeito da finalidade do terreno.
Também nestes últimos anos, a Upes briga com uma construtora de Curitiba, que afirma que comprou o terreno do antigo proprietário. E na confusão deste sábado (12), estudantes e comunidade souberam que a destruição do espaço se deu porque o terreno teria um “novo dono”, alguém que alega ter comprado o terreno da construtora.
Em entrevista à repórter Daniela Servieri da RICtv, neste domingo, uma representante da Upes, Tais Carvalho dos Santos, afirmou que eles possuem a posse do terreno, reconhecida judicialmente, e que não foram notificados da demolição do local. Um dos estudantes chegou a parar uma das máquinas “no peito”, colocando-se em frente ao equipamento. Moradores e estudantes reiniciaram a revitalização do espaço neste domingo (13).
