Em Curitiba, ex-Pink Floyd voltou a criticar Bolsonaro. (Imagem: Reprodução/Facebook Roger Waters)

Na sexta-feira (26), Roger Waters e a produção do espetáculo foram notificados pela Justiça de que não poderiam haver manifestações políticas depois das 22h deste sábado

O ex-baixista do Pink Floyd voltou a protestar contra o contra Jair Bolsonaro durante o show realizado no sábado (27) em Curitiba, como tem feito durante toda sua turnê no Brasil. Roger Waters exibiu #EleNão no telão antes das 22h deste sábado (27), conforme havia sido advertido pela Justiça Eleitoral do Paraná na sexta-feira (26).

Faltando poucos minutos para às 22h – horário a partir do qual começa a valer a proibição da lei eleitoral – o telão no palco escureceu e exibiu a seguinte mensagem: “Temos 30 segundos. Esta é a nossa última chance de resistir ao fascismo antes de domingo. Ele Não! São 10:00. Obedeçam a lei”.

Na sequência, o show com público estimado em 40 mil pessoas, e que durou cerca de 3 horas, voltou ao seu curso.

O manifesto foi exibido antes das 22h. (Imagem: Reprodução)

 

Roger Waters exibiu #EleNão no telão antes das 22h. (Imagem: Reprodução)

Em sua rede social, já na madrugada de domingo(28), o músico postou uma parte do show que fala sobre resitência e amor: 

Waters fez manifestações políticas em outros shows da turnê

O show na capital paranaense será o penúltimo do cantor britânico no Brasil, que ainda fará um espetáculo em Porto Alegre (RS), na terça-feira, 30. Desde o início da sua turnê pelo Brasil, Waters tem feito manifestações políticas nos shows. Em São Paulo, ele projetou no telão uma lista de políticos mundiais “neofascistas”, em que incluiu o presidenciável Jair Bolsonaro, ao lado dos presidentes russo Vladimir Putin e norte-americano Donald Trump. Também usou a hashtag #elenão, remetendo à campanha de brasileiros contra o candidato do PSL.

Depois de receber críticas por parte do público, no espetáculo em Salvador, Waters, fundador da banda Pink Floyd, exclui Bolsonaro da lista de neofascistas mundiais, mas incluiu no lugar a frase: “ponto de vista político censurado”. Também na capital baiana, ele fez uma homenagem em sua página de Facebook ao mestre de capoeira assassinado após uma discussão política, Romualdo Rosário da Costa, conhecido como Moa do Katendê.

Já no Rio de Janeiro, Roger Waters homenageou a vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em março. No Maracanã, ele recebeu a filha dela, Luyara Santos, a viúva, Mônica Benício, e a irmã, Anielle Franco, que entregaram ao cantor uma camiseta com os dizeres “Lute como Marielle Franco”. Waters também ofereceu o microfone às três, que puxaram um coro de “ele não”, referindo-se a Bolsonaro, o que causou aplausos e vaias.

Aviso da Justiça Eleitoral do Paraná

A decisão, que advertia a produção do show de Roger Waters sobre manifestações políticas após às 22h, foi assinada pelo juiz eleitoral Douglas Marcel Peres e teve como base um pedido feito pelo Ministério Público Eleitoral. O magistrado observou que a lei eleitoral brasileira traz restrições para “o livre e ilimitado exercício de manifestação” no dia anterior e na data do pleito. “(Entre 22h e) meia-noite (de sábado), há uma restrição para manifestação pública em prol ou contra candidatos a cargos eletivos, transgressão essa sujeita a multa”, escreve. Ele alerta que, após meia noite de domingo, qualquer manifestação política pode configurar boca de urna, sujeita à prisão.

No pedido do Ministério Público, a promotora de Justiça Eleitoral Cláudia Madalozo anexou reportagens sobre outros shows realizados por Waters pelo Brasil, em que ele se manifestou politicamente, principalmente contra o candidato do PSL à presidência, Jair Bolsonaro. Para ela, as manifestações anteriores justificam um pedido de providências preventivo, “no escopo de esclarecer o artista, e principalmente empresários, acerca da necessidade de observância do limite legal das 22h para manifestações de cunho político que traduzam propaganda”.