Apenas duas empresas do transporte público da capital pagaram os salários atrasados de dezembro. Deste modo, praticamente todas as linhas serão prejudicadas
O Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) confirmou no final da tarde desta segunda-feira (11) que haverá greve no transporte público da capital paranaense a partir de meia noite desta terça-feira (12). Segundo o sindicato, entre as empresas do consórcio urbano, que atendem os transporte em Curitiba, apenas as empresas Santo Antônio, Mercês e Expresso Azul pagaram integralmente os salários de dezembro aos trabalhadores, cujo prazo venceu no último dia 07.
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“Como o expediente bancário já acabou, não tem mais como mudar. Em Curitiba, vai ter greve em quase todas as linhas, já que apenas três empresas pagaram todos os trabalhadores”, disse o assessor de imprensa do Sindimoc, Glaucio Dias.
Neste quarto dia de atraso nos salários, 7.749 trabalhadores ainda estão sem receber os vencimentos. O presidente do sindicato da categoria, Anderson Teixeira, garantiu frota mínima de 30% dos ônibus rodando em horário normal, e 50% das linhas em horário de pico. Ao todo, serão prejudicadas 395 linhas de ônibus em Curitiba.
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Nas cidades da Região Metropolitana, praticamente todas as empresas que atendem o transporte coletivo pagaram integralmente seus funcionários, com exceção da empresa Araucária Matriz, que atende linhas nas cidades de Araucária, Campo Largo e Contenda. O Sindicato das Empresas do Transporte Público (Setransp), afirma que todas as empresas metropolitanas quitaram os salários.
A Urbs enviou uma nota à imprensa afirmando que “está em dia com os pagamentos para as empresas de ônibus e fez nesta segunda-feira (11) o repasse de R$ 1,4 milhão (dinheiro que poderia ser pago até a quarta-feira) para evitar a paralisação”.
O Setransp também se manifestou sobre o assusto através de nota, ressaltando que o problema com os atrasos é “reflexo de uma tarifa técnica que não cobre os custos de operação do serviço”. Atualmente a tarifa técnica custa R$ 3,27, e as empresas querem que o valor seja reajustado em fevereiro.
Impasse
A recente novela entre patrões e empregados do transporte coletivo de Curitiba começou no final de novembro último, quando as empresas enviaram um ofício para o Sindimoc afirmando que as companhias não teriam dinheiro para garantir o pagamento integral do 13º salário dos trabalhadores.
As empresas ameaçaram ainda demitir aproximadamente 2 mil funcionários em razão das dificuldades financeiras e disseram que os salários e vales dos trabalhadores de dezembro e janeiro também poderiam ser prejudicados.
Desde então, o Sindicato dos Motoristas e Cobradores aprovou um indicativo de greve para todos os vencimentos de dezembro a janeiro, inclusive datas de pagamento dos vales e do 13° salário.
Atualmente Curitiba conta com uma frota operante de 1.368 ônibus, operada por aproximadamente 16 mil funcionários. O sistema transporta diariamente quase 1,8 milhão de passageiros.
A cada novo atraso nos pagamentos dos trabalhadores, a Urbanização Curitiba, Urbs, vem afirmando que os repasses às empresas operadoras estão em dia e que já questionou as empresas a explicarem que tipo de dificuldades estão sendo enfrentadas. As empresas, por sua vez, mantém discurso de que a tarifa técnica não é suficiente para cobrir os gastos com o sistema.