Paraná - A gangorra de temperaturas durante o outono é o cenário perfeito para que o corpo escancare os sinais de que algo está “errado”. Isso porque o outono traz consigo mudanças climáticas significativas que podem, de fato, impactar nosso corpo e, em particular, nossa imunidade. Por isso, é fundamental que o nosso organismo se adapte a essas mudanças – o que para uns é mais fácil, para outros nem tanto. O resultado? Alergias e doenças respiratórias.

Imagem atual: A gangorra de temperaturas durante o outono é o cenário perfeito para que o corpo escancare os sinais de que algo está “errado”. Isso porque o outono traz consigo mudanças climáticas significativas que podem, de fato, impactar nosso corpo e, em particular, nossa imunidade. Por isso, é fundamental que o nosso organismo se adapte a essas mudanças – o que para uns é mais fácil, para outros nem tanto.

O paranaense que o diga, não é? São tantas oscilações em uma mesma semana – às vezes até mesmo em um único dia – que logo surgem recados: espirros, coriza, olhos lacrimejados, pele ressecada.

Nessa semana, em especialmente, temos um Paraná bem contraditório. Cidades do noroeste e oeste do estado, como Paranavaí, Maringá e Foz do Iguaçu, por exemplo, indo dos 13°C de manhã aos 27°C à tarde. Enquanto Curitiba sem muita variação, com dias bastante frios.

O médico pediatra e diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde, Alcides Oliveira, explica que essa diferença significativa entre a manhã e à tarde, que ocorre no norte e oeste do Paraná, pode, sim, ter um impacto considerável no nosso corpo. Até mesmo em Curitiba, onde a temperatura se mantém mais fria, o corpo precisa se adaptar a essa condição constante.

“Quando o corpo é submetido a mudanças rápidas e acentuadas de temperatura, como sair de um ambiente frio para um quente ou vice-versa em um curto período, ele precisa acionar mecanismos de adaptação para manter a temperatura interna estável (homeostase). Esse processo pode gerar um certo estresse fisiológico e ter alguns efeitos como: sobrecarga do Sistema Termorregulador, irritação das vias respiratórias, alterações na circulação sanguínea, possível desencadeamento de dores de cabeça e enxaquecas e impacto no sistema imunológico”, explica o médico Alcides Oliveira.

Entenda os principais efeitos:

  • Sobrecarga do Sistema Termorregulador: O corpo gasta energia para se aquecer ou resfriar rapidamente. Essa exigência pode ser mais intensa em pessoas com saúde mais frágil, como idosos e crianças.
  • Irritação das Vias Respiratórias: A mudança repentina de temperatura e a possível variação na umidade do ar podem irritar as mucosas do nariz e da garganta, tornando-as mais suscetíveis a infecções virais e bacterianas.
  • Alterações na Circulação Sanguínea: O frio causa vasoconstrição (estreitamento dos vasos sanguíneos) para conservar calor, enquanto o calor causa vasodilatação (dilatação dos vasos sanguíneos) para liberar calor. Essas mudanças bruscas podem ser um desafio para o sistema cardiovascular, especialmente em pessoas com condições preexistentes.
  • Possível Desencadeamento de Dores de Cabeça e Enxaquecas: Algumas pessoas são sensíveis a variações de temperatura, que podem desencadear dores de cabeça, incluindo enxaquecas.
  • Impacto no Sistema Imunológico: Embora a mudança de temperatura por si só não cause doenças, ela pode enfraquecer temporariamente o sistema imunológico, tornando o organismo mais vulnerável a vírus e bactérias oportunistas. O estresse causado pela necessidade constante de adaptação pode influenciar a resposta imunológica.

Alergias e doenças respiratórias

Com a variação de temperatura e a diminuição da umidade do ar – características típicas do outono – algumas doenças e alergias aparecem para a maioria das pessoas. Além das tradicionais ‘respiratórias’, como gripe, resfriado, rinossinusite, otite, bronquite e bronquiolite, as alergias também são bastante comuns nesse período.

  • Rinite Alérgica: O ar mais seco e a maior concentração de poeira, ácaros e mofo em ambientes fechados podem desencadear ou piorar a rinite alérgica. Os sintomas incluem espirros, coriza, coceira no nariz e olhos, e congestão nasal.
  • Asma Alérgica: Alérgenos como ácaros, fungos e pelos de animais, que tendem a se acumular em ambientes fechados durante o outono, podem desencadear crises de asma em pessoas sensíveis.
  • Dermatite Atópica e outras Alergias de Pele: A baixa umidade do ar pode ressecar a pele, tornando-a mais propensa a irritações, coceira e eczema. Alérgenos presentes em ambientes internos também podem contribuir para alergias de pele.

Embora comum, sempre existem formas de se cuidar e evitar que elas apareçam. Além de manter a hidratação em dia e a alimentação equilibrada, alguns cuidados com o ambiente também fazem toda a diferença.

“Ventilar os ambientes, mesmo que esteja frio, abrir as janelas por alguns minutos ao longo do dia ajuda a renovar o ar e reduzir a concentração de vírus e alérgenos em ambientes fechados são essenciais. Além de manter a casa com temperatura amena – evite aquecer demais a casa, pois a diferença de temperatura ao sair para o frio pode ser grande” – pontua o médico.