Cidades do Oeste do Paraná, como Cascavel, Marechal Cândido Rondon e, mais recentemente, Rio Bonito do Iguaçu, têm sido frequentemente atingidas por tornados e tempestades severas. Segundo especialistas, o estado está inserido em um corredor natural de formação desses fenômenos, e o aquecimento global tem tornado os episódios cada vez mais destrutivos.

A doutora em Geografia e Climatologia Leila Limberger, professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), explica que os tornados no Brasil são geralmente acompanhados por chuvas intensas, o que dificulta a visualização dos funis de vento.
“É importante entender que o tornado que atingiu Rio Bonito do Iguaçu estava dentro de uma grande tempestade com potencial para gerar esse tipo de fenômeno. Por isso, a Defesa Civil já havia emitido alerta para a possibilidade de granizo, ventos fortes e tornados”, explicou a pesquisadora à Ric RECORD.
Paraná integra o “corredor dos tornados” da América do Sul
Um estudo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) confirmou a existência de um corredor de tornados que envolve Brasil, Argentina e Paraguai. A pesquisa indica que os estados do Sul brasileiro estão entre as áreas mais propensas à ocorrência desses fenômenos.
Entre 1975 e 2018, o Brasil registrou 581 tornados, sendo 411 apenas nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul — cerca de 70% de todos os casos.
Destruição em Rio Bonito do Iguaçu reforça efeitos das mudanças climáticas
A força do tornado que devastou parte de Rio Bonito do Iguaçu, no Centro-Sul do Paraná, é vista por especialistas como um reflexo direto das mudanças climáticas. De acordo com a pesquisadora, os dados de chuva e temperatura coletados nas últimas décadas mostram uma tendência clara de aumento na intensidade dos ventos e tempestades.

“Com base nas informações que temos, é possível afirmar que esse tipo de evento também pode ser atribuído às consequências do aquecimento global que estamos vivendo”, completou.
Para os meteorologistas e climatologistas, os tornados não são eventos isolados, mas parte de um padrão climático que deve se intensificar nas próximas décadas.
A combinação de umidade, calor e frentes frias que avançam pelo continente cria condições ideais para a formação de tempestades com potencial destrutivo.
Quer receber notícias no seu celular? Entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui!