Curitiba - Na manhã de 17 de julho de 1975, Curitiba viveu um fenômeno raro e marcante: uma nevasca cobriu ruas, telhados e parques da capital paranaense, encantando moradores e entrando para a história. O cenário branco durou poucas horas, mas se tornou um dos episódios climáticos mais lembrados pelos curitibanos até hoje.

Dia de neve em Curitiba
Curitiba amanheceu ‘branca’ há 50 anos (Foto: MIS-PR)

Segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), a combinação entre ar extremamente frio e alta umidade foi o que permitiu a formação da neve naquele inverno rigoroso.

“Quando esta camada se encontra fria e saturada de umidade como descrito acima, a possibilidade de formação do fenômeno é elevada, com mais ênfase em situações de transporte de umidade com bandas de precipitação”, explica Leonardo Furlan, meteorologista do Simepar.

O que provocou a neve em Curitiba

De acordo com os meteorologistas do Simepar, a neve de 1975 foi causada por uma massa de ar polar muito intensa, que entrou pelo sul da América do Sul no dia 16 de julho e, em poucas horas, já atingia o Paraná. A atmosfera estava congelada desde a superfície até cerca de 3 mil metros de altitude, criando o ambiente ideal para que cristais de gelo se formassem e caíssem sobre a capital em forma de flocos.

A precipitação começou como um chuvisco por volta das 8h e ganhou força entre 13h e 15h, transformando-se em neve e chuva congelada. A cidade ficou completamente coberta de branco por algumas horas, com flocos visíveis acumulando-se sobre carros, calçadas e árvores.

“Esse tipo de ocorrência depende de uma conjunção muito específica de fatores meteorológicos, o que torna episódios como esse extremamente raros”, afirmou o meteorologista Reinaldo Kneib, do Simepar, em entrevista à AEN.

Impacto nas ruas e nos jornais

A cena inusitada rapidamente se espalhou por jornais e rádios da época. As manchetes celebraram o dia em que Curitiba “acordou branca de neve”. Famílias saíram às ruas para brincar, fazer bonecos e registrar o momento com fotos — muitas das quais fazem parte hoje de acervos públicos, como o da Casa da Memória de Curitiba.

A temperatura continuou caindo e, na madrugada seguinte, houve geada intensa. No interior do estado, especialmente no Norte do Paraná, cafezais foram destruídos pela chamada “geada negra”, quando a planta congela internamente. O prejuízo econômico foi grande, mas na capital, o sentimento que ficou foi o do encantamento.

Foto da neve em Curitiba
Curitibanos relembram o dia em que nevou na capital paranaense (Foto: MIS-PR)

A neve pode se repetir?

Embora a cidade já tenha registrado neve fraca ou chuva congelada em anos recentes — como em 2013 e 2020 —, eventos com a mesma intensidade de 1975 são considerados muito improváveis hoje, segundo os meteorologistas.

“É preciso uma sobreposição de condições muito específicas, incluindo a passagem de uma frente fria intensa, temperaturas negativas desde a superfície até camadas médias da atmosfera e umidade em níveis suficientes”, explicou Kneib.

Com o aquecimento global e a urbanização crescente, essas condições se tornaram ainda mais raras.

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Guilherme Fortunato

Editor

Jornalista há quase 10 anos, especialista em previsão do tempo, coberturas eleitorais, casos policiais e transmissões esportivas. Aborda pautas de acidentes e crimes de repercussão, além de política.

Jornalista há quase 10 anos, especialista em previsão do tempo, coberturas eleitorais, casos policiais e transmissões esportivas. Aborda pautas de acidentes e crimes de repercussão, além de política.