A aposentada Luiza Velozo se preparava para ir à missa apesar da chuva forte que antecedia um tornado em Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, na última sexta-feira (7). Mas em poucos minutos a chuva se tornou temporal, ventos de mais de 250 km/h atravessaram a cidade e a única coisa que sobrou da casa de Luiza foram ruínas. “Não deu tempo de nada. Deu cinco minutos e eu não tinha mais nada”, lamenta.

Estragos após tornado em Rio Bonito do Iguaçu
O governador Ratinho Junior (PSD) decretou luto oficial de três dias em razão das mortes (Foto: AEN)

A casa de Luiza e de seu marido, Jefferson, foi apenas uma no rastro da destruição do tornado desta sexta. Segundo a Defesa Civil, ao menos seis pessoas morreram, 784 ficaram feridas e cerca de quatro mil foram atingidas, direta ou indiretamente, pela ventania.

“Eu estava me preparando para ir para a igreja quando vi as telhas levantarem. Meu marido gritou ‘corre’, me empurrou e disse para eu entrar embaixo da cama. Na hora a casa desabou e eu ouvi meu marido gritando, perguntando se eu estava viva”, lembra ela.

Luiza conta que um vizinho, completamente ensanguentado, os resgatou e então, sob a chuva torrencial, eles conseguiram resgatar outra vizinha, mais machucada, e a levaram para o hospital. Um terceiro vizinho não resistiu aos ferimentos.

‘Meu marido me dizia para irmos embora’, relatou outra moradora

A casa de Fabíola dos Santos, filha de Luiza, também foi atingida, mas não chegou a cair. “Foram só algumas telhas”, conta ela. Mas, assim que os ventos pararam, ela saiu com os filhos e o marido para ver como a mãe estava.

“Eu cheguei e estava tudo desse jeito”, conta ela, acenando para as ruínas que sobraram da casa. “Meu marido me dizia ‘vamos embora’, mas eu continuava gritando pela minha mãe.”

Quando conseguiu parar, Fabíola foi procurar a família no posto de saúde. E as duas contam que a maior alegria possível, naquele momento de desespero, foi ver que estavam todos vivos e a salvo

Da casa, só sobraram as paredes do banheiro

A poucos metros da casa de Luiza morava o casal Gilmar e Lenir Salette Zanotto, com o filho, Eduardo Enrique. Os três estavam em casa quando os ventos começaram e correram para a porta para entender o que estava acontecendo.

“A gente começou a escutar muita chuva e um barulho que parecia um motor ligado, uma coisa muito forte. A gente foi até a porta de vidro, para ver o que era, então eu escutei minha mãe correr para o banheiro e vi que o vento estava arrancando o telhado de parte da cozinha”, conta Eduardo.

O jovem conseguiu entrar no banheiro junto com a mãe, mas o pai ficou para trás e só conseguiu ficar embaixo de uma mesa. “Mas o vento jogou ele e a mesa para um canto da casa, naquela barulheira, e quando a gente viu, não havia mais nada.”

Gilmar quebrou uma perna e teve um braço atravessado por um fragmento, mas já foi atendido no posto de saúde e está se recuperando. Lenir e Eduardo tiveram ferimentos leves. Da casa, as únicas coisas que restaram foram as paredes do banheiro e um punhado de eletrodomésticos.

“Passamos a noite na cidade vizinha, com familiares, e agora temos que ver como vai ser, como vamos seguir. Mas pelo menos estamos com vida”, diz Eduardo.

Defesa Civil confirma 6 mortes após tornado em Rio Bonito do Iguaçu

Até a tarde deste sábado, 08, a Defesa Civil confirmou a morte de pelo menos seis pessoas, vitimadas pelo tornado de sexta-feira:

  • Adriane Maria de Moura, 47 anos
  • Julia Kwapis, 14 anos
  • Claudino Paulino Risse, 57 anos
  • José Gieteski, 83 anos
  • José Neri Geremias, 53 anos
  • Jurandir Nogueira Ferreira, 49 anos

O governador Ratinho Junior (PSD) decretou luto oficial de três dias em razão das mortes dos moradores das cidades afetadas.

A Defesa Civil confirmou que 784 pessoas ficaram feridas, ao menos 19 perderam totalmente suas casas e ainda não há uma estimativa de pessoas desalojadas. Cerca de quatro mil foram atingidas pelos ventos na cidade.

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Eduardo Teixeira

Repórter

Eduardo Teixeira é formado em Jornalismo pela Uninter. Possui experiência em pautas de Segurança, como acidentes e crimes, além de virais da internet, trends das redes sociais e pautas de Cultura. Também atua como repórter de TV e rádio.

Eduardo Teixeira é formado em Jornalismo pela Uninter. Possui experiência em pautas de Segurança, como acidentes e crimes, além de virais da internet, trends das redes sociais e pautas de Cultura. Também atua como repórter de TV e rádio.