Curitiba - Um levantamento inédito revelou que quase metade da população está satisfeita com o sistema de transporte público de Curitiba. Porém, ao serem questionados sobre o serviço, alguns dos usuários consideram o valor da passagem alto. As informações são de uma pesquisa exclusiva realizada pelo IRG Pesquisas, a pedido do Grupo RIC, que ouviu mil moradores. Os dados ainda ajudam a traçar o perfil de quem usa — ou deixou de usar — o ônibus na cidade.

Embora Curitiba já tenha sido referência nacional em transporte público, 56,46% da população hoje prioriza o carro próprio como principal meio de deslocamento. O ônibus é a escolha de apenas 28,21% dos entrevistados. A pesquisa mostra uma relação direta entre renda e uso: quanto maior o rendimento familiar, menor a dependência do transporte coletivo.
Entre os que ganham até 1 salário mínimo, 71,34% ainda usam o ônibus. Já entre os que recebem mais de 10 salários mínimos, só 19,12% usam o sistema.
Falta de alternativas está entre principais motivos para uso do transporte público de Curitiba
Entre os curitibanos que utilizaram o transporte público nos últimos 90 dias, os principais motivos apontados para essa escolha foram a falta de alternativas e o custo menor em relação a outros meios.
Segundo a pesquisa, 32,37% disseram que o ônibus é a única opção de transporte disponível, enquanto 32,36% optam pelo coletivo por ser mais barato. Outros fatores mencionados foram a possibilidade de integração entre linhas (15,47%) e o menor tempo de viagem em comparação com outros modos (15,02%).
A variedade de linhas também apareceu como justificativa para 10,39% dos usuários. Itens como praticidade para ir ao Centro, segurança, sustentabilidade e facilidade de locomoção tiveram menções inferiores a 1%, o que evidencia que a escolha pelo ônibus é, em muitos casos, mais por necessidade do que por preferência.
Tarifa é considerada cara por 6 em cada 10 curitibanos
A atual passagem de R$ 6 pesa no bolso de quem depende do ônibus. Para 61,12%, o valor é caro, enquanto 30,08% consideram adequado. Apenas 1,09% disseram que a tarifa é baixa. A percepção negativa da tarifa é maior entre os mais jovens e os de renda mais baixa.

Satisfação com o transporte público de Curitiba
A avaliação do transporte coletivo é dividida. 35,32% dos entrevistados se disseram satisfeitos, e 3,82% se declarou muito satisfeita. Por outro lado, 15,67% estão insatisfeitos e 4,96% muito insatisfeitos. O restante se mostrou neutro ou não soube responder.
Atualmente, apenas 24,87% usam o transporte público com frequência, enquanto 41,13% afirmaram que já utilizaram, mas não usam mais. Outros 28,91% reduziram o uso.
Entre os motivos para abandonar o serviço, destacam-se:
- Falta de flexibilidade nas rotas e horários (22,32%)
- Tempo elevado de viagem (20,89%)
- Compra de veículo próprio (15,34%)
- Insuficiência de linhas (9,89%)
- Atrasos e falta de confiabilidade (5,26%)
Motivos de desânimo entre quem ainda usa o transporte público de Curitiba
Para quem ainda depende do ônibus, a experiência também não é das melhores. Os maiores fatores de desânimo são:
- Lotação dos veículos (30,5%)
- Sensação de insegurança (19,07%)
- Preço da tarifa (13,12%)
- Falta de conforto (11,83%)
- Atrasos (11,75%)
Quem usa, como usa
Entre os que usam transporte público:
- 48,19% fazem conexões com duas linhas
- 22,44% usam três linhas por dia
- A maioria usa ônibus uma (27,37%) ou cinco vezes por semana (23,95%)
- Apenas 3,29% usam todos os dias da semana
- Os mais jovens (16 a 24 anos) são os que mais usam com frequência: 40,85% desse grupo usam ônibus com frequência

Integração e mobilidade
A pesquisa mostrou que 70,62% dos curitibanos aprovam a integração com outros modais, como bicicletas, aplicativos de transporte e monotrilhos. No entanto, 53% ainda não sabem o que é o modelo VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), e 59,45% desconhecem que a atual concessão do transporte coletivo, que completa 30 anos em 2025, está prestes a vencer.
Cenário por bairros e escolaridade
A insatisfação é maior nas regiões mais periféricas. No CIC, por exemplo, 33,75% usam ônibus cinco vezes por semana, mas 11,08% se dizem muito insatisfeitos. Já na região central (Matriz), há maior conhecimento sobre o contrato do transporte e menor dependência do serviço.
Quanto à escolaridade:
- Pessoas com ensino fundamental são maioria entre os usuários frequentes e também os mais insatisfeitos
- Entre os que têm ensino superior, apenas 17,63% usam o transporte com frequência
Com o fim da atual concessão se aproximando, a cidade tem uma oportunidade de rever seu sistema de mobilidade urbana e ouvir o que dizem os dados e, mais importante, os passageiros.
A margem de erro da pesquisa é de 3,5 pontos percentuais, com 95% de nível de confiança. Entre as mil pessoas ouvidas, 46% são homens e 54% são mulheres. O levantamento foi feito entre os dias 25 de abril a 6 de maio.
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