O prefeito Rafael Greca regulamentou os aplicativos de transporte no dia 19 de julho (Foto: Fernanda Carvalho/ Fotos Públicas)

Em sua reestreia como colunista do RIC Mais, Guilherme Rivaroli fala sobre a regulamentação de aplicativos de transporte

O prefeito de Curitiba Rafael Greca resolveu chamar para si a responsabilidade sobre a regulamentação das empresas como Uber e Cabify (passam a ser chamadas de ATTCs – Administradoras de Tecnologia em Transporte Compartilhado).  Era a solução de momento, porém necessária, e acertada. A polêmica gera atrito desde que o Uber aportou na capital. E lá se arrastam 2 anos, praticamente. Por óbvio que quanto mais discussão melhor, todavia, os mais de 3 mil taxistas e praticamente 8 mil motoristas dos aplicativos (fala-se em 18 mil, em dados extraoficiais) estavam tencionando os vereadores, para que a lei que corre na Câmara seja favorável a um dos lados. E político, quando pressionado, normalmente erra na mão, ainda mais com as múltiplas ideias, classes, representações e correntes ideológicas dentro do poder legislativo. A pressão sobre os parlamentares está diminuída e coloca a cidade, mais uma vez, em decisões de vanguarda sobre o transporte de passageiros. 
 
Nenhum regulação agrada em unanimidade, e ter uma categoria mobilizada como a dos donos de concessões de placas de táxis em lado diametralmente oposto é sempre ruim, contudo, o ponta-pé para um apaziguar das relações está dado. Há de se considerar o que ficou por ser feito: como será realizada a cobrança da taxa proposta, ainda não regulada, por parte do município? Essa resposta deve ser dada nos próximos dias, com outro decreto, vindo direto da secretaria de finanças e com posterior sanção do prefeito. Vai encarecer a tarifa das ATTCs? As empresas têm enviado mensagens aos motoristas autônomos informando que não e, evidentemente, trabalhará para não haver oneração; caso exista, poderá absorver os custos nas operações das companhias, não fazendo o repasse aos passageiros. Inicialmente, acredita-se, que os custos dos trajetos devem encarecer em até 20%, mas sequer os poder público tem uma real solução para tal cobrança. Entretanto, temos de estar atentos para saber como será realizada a pressão dos apps em cima da gestão municipal, com olhar intransigente sobre possíveis desvios de conduta e corrupção. Algumas dessas corporações  já se mostraram indecorosas na relações com a concorrência, em alguns casos, até mesmo, recorrendo a práticas de espionagem e desrespeito às leis locais. Afinal de contas, são os interesses empresariais e políticos quem movem a economia nacional, não sendo diferente de grande parte do mundo contemporâneo. 
 
Como era previsto, o advento da tecnologia nesse tipo de transporte gerou resultados positivos: a centrais trabalham com descontos iniciais de até 20%, em cada percurso feito de táxi. A alma do negócio é a concorrência. Uma máfia posta em Curitiba de placas de táxis, inclusive investigada pelo judiciário, começa a perder força. Se antes uma liberação de táxi custava até R$ 500 mil reais, hoje, encontra-se nas negociações por menos de R$ 100 mil reais, mesmo que ainda no mercado paralelo. É preciso que mais concessões sejam feitas, que a sanha arrecadadora diminua, inclusive não cobrando a bandeirada dos taxistas e acabando com as diferentes bandeiradas, promovendo uma justa concorrência, que ainda pende para os aplicativos. Saliento a maior segurança nos cadastros dos “uberistas”, uma exigência do decreto, dando mais segurança para quem usa. Aí sim, com a incessante procura por equidade posta, a inovação tecnológica cumprirá o seu papel: facilitar a vida das pessoas! 
 
Guilherme Rivaroli é jornalista, apresentador e colunista de política e variedades da RICTV|Record TV.