Atos de vandalismo tem deixado a população sem água ou provocado o retorno do esgoto para dentro das casas em diversas cidades do Paraná. A constatação é dos técnicos da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar). Os danos mais comuns são o roubo de materiais elétricos e a destruição de poços de visita (PV) do sistema de coleta do esgoto. Todos os prejuízos causados pelos vândalos são pagos pelos paranaenses, pois os custos entram na composição tarifária da conta de água.

O roubo do material elétrico impede a produção ou a distribuição de água porque todo o sistema, desde a captação da água no rio até a entrega no seu imóvel, só funciona com energia elétrica. O entupimento ou quebra de um PV compromete o escoamento do esgoto, às vezes em grandes áreas. Sem ter como sair da tubulação, o esgoto retorna para dentro dos imóveis ou escorre pelas ruas.

O que já provocaram

No início de novembro, o roubo de fiação na Elevatória de Esgoto Raposa, em Apucarana, exigiu a ação rápida de sete funcionários para evitar que o esgoto extravasasse para o rio. A caixa de contenção tem capacidade para armazenar o esgoto que chega durante 10 horas. Sem energia elétrica, não era possível recalcar o esgoto até a estação de tratamento e poderia haver extravasamento do esgoto bruto. Enquanto uma equipe substituía a fiação roubada, três caminhões limpa-fossa removiam o esgoto armazenado na elevatória. “Por muito pouco o esgoto bruto não chegou até o rio”, afirma o gerente regional de Apucarana, Rui Mendes Júnior. Os custos da manutenção, mão de obra e reposição de material ficaram em cerca de R$ 11 mil.

Em Campo Mourão, uma das equipes de manutenção foi acionada para desentupir a rede coletora de esgoto. Ao abrir o poço de visita (PV), os empregados foram surpreendidos com o tubo de imagem de uma televisão, que estrangulava o fluxo do esgoto na rede. Outro exemplo recente de vandalismo ocorreu em Londrina, onde a equipe de manutenção de rede de esgoto encontrou um cobertor jogado dentro do PV. “Alguém jogou estas peças lá dentro, provocando grande prejuízo ambiental”, afirma a gerente Regional de Londrina/Cambé, Mara Kalinowski.

A maior estação elevatória de esgoto da região de Ponta Grossa, a Ronda, sofreu a ação de vândalos no final de outubro. Localizada às margens da BR 277, esta elevatória bombeia o esgoto das áreas mais baixas até a estação de tratamento do mesmo nome. “Não sobrou praticamente nada, foram furtadas as bombas, transformador, quadro de comando e até o alarme de monitoramento, causando prejuízos e enormes transtornos”. Cerca de R$ 50 mil foram gastos com serviços emergenciais para que a elevatória voltasse a operar imediatamente.

Em Foz do Iguaçu só nos últimos três meses a Sanepar identificou quatro atos de vandalismo que atingiram as tubulações de esgoto. Além do prejuízo para a população que sofre com o refluxo para dentro das casas, a empresa estima um custo extra de R$ 8.156,91 para o conserto da tubulação, limpeza dos locais e recomposições do pavimento. Dois casos foram no centro da cidade e os outros dois em bairros distantes. Em todos, os PVs não estavam funcionando porque havia pedras obstruindo o fluxo do esgoto. “Um comerciante do centro da cidade informou sobre vazamento. Quando a equipe foi fazer a limpeza da rede encontrou lá dentro uma pedra bastante grande”, comenta o coordenador de redes, Luiz Aparecido Spósito. Para cada um dos casos em Foz do Iguaçu foi feito o registro de Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia.

Em Paranavaí, nas manutenções de rotina, também já foram encontrados pedras, roupas, entulhos de construção e outros materiais que obstruem os PVs, causando extravasamento.

Em Cambará, a Sanepar gastou cerca de R$ 41 mil para repor o material furtado da estação de tratamento de esgoto da cidade. O crime ocorreu em junho e a obra foi concluída apenas em setembro. Foi preciso refazer toda a instalação elétrica, incluindo a entrada de energia e o quadro de comando.

Em São Mateus do Sul, um PV instalado no emissário que transporta o esgoto tratado, da estação até o rio, teve o lacre rompido e no seu interior foram jogadas pedras. Como o rio estava cheio, foi necessário aguardar vários dias, até que o nível do rio caísse, para providenciar o conserto.

Em Loanda e em Paraíso do Norte foram furtados cabos de energia elétrica e transformadores, interrompendo o processo de tratamento do esgoto.