A Câmara Municipal de Curitiba rejeitou, em votação realizada na manhã desta segunda-feira (17) a proposta polêmica para criação de ônibus exclusivo para mulheres na capital, popularmente batizado de Panterão. Dos 31 vereadores que estiveram em plenário, apenas sete apoiaram a iniciativa que sugeria uma proporção de 20% da frota de ônibus de Curitiba para ser utilizada exclusivamente por mulheres nos horários de pico. O projeto do vereador Rogério Campos (PSC), que tramitava na Câmara Municipal desde agosto do ano passado, chegou a ser debatido em plenário no 1º semestre de 2014, mas teve a votação suspensa por 50 sessões.
O debate durou aproximadamente três horas, com nove vereadores se revezando na tribuna durante a discussão. Manifestantes pró e contra a medida ocuparam as galerias do Palácio Rio Branco desde o início da manhã, com faixas e bandeiras de movimentos sociais. Apesar de a sessão ser interrompida diversas vezes por manifestações e “palavras de ordem”, nenhuma ocorrência foi registrada.
Além de Rogério Campos, apoiaram a reserva de 20% dos ônibus exclusivamente para mulheres Chicarelli (PSDC), Chico do Uberaba (PMN), Noêmia Rocha (PMDB), Professor Galdino (PSDB), Tiago Gevert (PSC) e Valdemir Soares (PRB). Mauro Ignacio (PSB) e Mestre Pop (PSC) registraram presença, mas se abstiveram. Os demais votaram pela derrubada da matéria.
Confira a a matéria exibida pelo programa Balanço Geral Curitiba:
A secretária municipal da Mulher, Roseli Isidoro, acompanhou a votação – manifestando-se só após o resultado, dizendo que era contra o ônibus exclusivo, mas enaltecendo a importância do debate motivado pelo projeto do vereador Rogério Campos. “No dia 25 de novembro, lançaremos uma campanha municipal contra o assédio nos ônibus. Acredito que reduzir os casos não passa por dividir os ônibus, mas em ensinar as mulheres a se defenderem e a denunciarem os casos”, afirmou Roseli.
Rogério Campos, que antes de ser vereador já foi cobrador e motorista em linhas de ônibus de Curitiba, disse ter testemunhado vários casos em que mulheres “corriam pedindo socorro, pois tinha um tarado no ônibus”. Interpretando a Constituição Federal e citando decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que autorizou ônibus para mulheres na capital carioca, o vereador defendeu que seu projeto não era inconstitucional, ou que causasse segregação. “Eu fui conversar com o povo, fiz pesquisas nos terminais”, afirmou.