Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

O Brasil é o quinto país do mundo em violência contra as mulheres

A cada hora, cinco mulheres são mortas no mundo, vítimas de
violência doméstica. A estimativa é da organização não governamental (ONG)
Action Aid e é resultado de um estudo global de crimes das Nações Unidas, que indica
um número estimado de 119 mulheres assassinadas diariamente por um parceiro ou parente.

O Brasil é o quinto país do mundo em violência contra as
mulheres. Dados do Instituto Avon apontam que três em cada cinco mulheres já
sofreram violência nos relacionamentos no país.

A ActionAid prevê que, até o ano de 2030, mais de 500 mil
mulheres serão mortas por seus parceiros ou familiares. O documento faz um
apelo a governos e à comunidade internacional para que se unam na garantia dos
diretos das mulheres. O estudo considera dados levantados em 70 países e revela
que, apesar de diversas campanhas pelo mundo, a violência doméstica ainda é uma
realidade diária para milhões de mulheres.

 “A intenção do
relatório é fazer um levantamento sobre as diversas formas de violência que a
mulher sofre no mundo. Na África, por exemplo, temos países que até hoje têm
práticas de mutilação genital”,  lembra a
assistente do programa de direitos das mulheres da Action Aid Brasil, Jéssica
Barbosa.

O relatório considera as diferenças regionais entre os
países e, além disso, observa o universo de denúncias subnotificadas, de
mulheres que sofrem assédio, estupro ou outros tipos de violência e têm
vergonha de denunciar.

“A forma de contar é sempre muito difícil, existe uma
cultura de silenciar a violência contra a mulher. É a cultura da naturalização,
onde há um investimento social para naturalizar a violência contra a mulher com
o que se ouve na música, nas novelas, na rua. Tudo isso é muito banalizado e a
mulher se questiona: ‘será que o que aconteceu comigo foi uma violência? Será
que se eu denunciar vão acreditar em mim?”, diz Jéssica Barbosa.

No Brasil, a organização promove a campanha Cidade Segura
para as Mulheres, que busca o compromisso do Poder Público com uma cidade justa
e igualitária para todos os gêneros.

“Muitas mulheres não conseguem exercer seu direito de ir e
vir. A cidade não foi pensada para as mulheres, os becos são muito estreitos e
escuros no Brasil. É necessário que haja o empoderamento das mulheres para
superar a situação de violência. Por mais que o Estado tenha a obrigação de
garantir instrumentos, é preciso que a gente invista na autonomia dessas
mulheres”, acrescenta Jéssica.