Um jovem casal de harpias foi recebido no Zoológico de Curitiba, nesta sexta-feira (23). Os animais vieram do plantel do Criadouro de Animais Silvestres da Itaipu Binacional (Casib), de Foz do Iguaçu, e foram trocadas por outras duas harpias mais velhas do Zôo, com idade estimada entre 15 e 16 anos.
As aves viveram no Zôo por 16 anos e durante todo este período não apresentaram nenhuma afinidade ou tentativa de cópula. Os biólogos acreditam que, com a mudança de ambiente, o casal possa se reproduzir.
“Essas permutas com outras instituições são importantes para garantir que haja diversidade genética entre as aves. Também porque, além de receber animais para a formação do plantel de reprodução, o Casib está buscando parceiros para montar uma rede de criadores interessados em colaborar com o aumento da população da ave que está em extinção no sul do país”, informou o biólogo do Casib, Marcos de Oliveira.
A bióloga do Zoológico de Curitiba, Tereza Cristina Castellano, explica que a principal função do Zôo curitibano não é expor os animais. “Trata-se de um local de conservação animal e de produção científica. Esperamos que com a troca de ambiente e talvez de parceiros, essas aves consigam se reproduzir”.
As aves originárias de Foz do Iguaçu foram alojadas no recinto do antigo casal que tem aproximadamente 200 metros quadrados. São carnívoras e alimentadas três vezes por semana, com animais de biotério como ratos e coelhos. O casal, que está com 2 anos, foi gerado em cativeiro de forma artificial e somente aos 5 anos chegará à idade reprodutiva.
Também conhecida como gavião-real, a harpia (Harpia harpyja) pode medir 2,5 metros de envergadura. A espécie habitava uma área que ia do Sul do México ao norte da Argentina, compreendendo todo o atual território brasileiro. O desmatamento contribuiu para a diminuição da população dessas aves, que precisam de grandes áreas de mata contínua para viver.
Atualmente é encontrada na Amazônia e em remanescentes da Mata Atlântica. No Paraná, embora sua imagem esteja representada no alto do brasão de armas, a presença dela é rara. O mais recente registro foi em 2005, no município de General Carneiro, no Sul do Paraná.
Na Itaipu, a ideia de reproduzir a espécie em cativeiro surgiu em 2000, quando o refúgio biológico recebeu um macho apreendido pela Polícia Civil. Dois anos depois, chegava a primeira fêmea. O caminho para a reprodução estava aberto. No dia 13 de março de 2006, os biólogos e veterinários de Itaipu avistaram o primeiro ovo. Hoje é o maior plantel desta espécie no Brasil, contendo 18 aves.