Por Maximilian Heath

BUENOS AIRES (Reuters) – O governo da Argentina não realizará novos aumentos nos impostos de exportação de alimentos nem intervirá no mercado, disseram nesta quarta-feira dirigentes das principais entidades agropecuárias do país, após participarem de uma reunião com o presidente Alberto Fernández.

As maiores associações rurais da Argentina haviam dito antes da reunião que poderiam realizar protestos caso o governo aumentasse as tarifas sobre exportações de alimentos para tentar controlar a inflação.

“Hoje é importante transmitir aos nossos produtores que não haverá aumento de retenções (impostos) e tampouco intervenção”, afirmou Jorge Chemes, presidente das Confederações Rurais Argentinas (CRA), após deixar o encontro com outras lideranças do setor.

Em meio a uma prolongada crise econômica, o presidente Alberto Fernández acusou os produtores agrícolas de serem um dos motores da inflação, que chegou a 36% em 2020, e alertou que a alíquota das tarifas de exportação seriam elevadas se não estes não propusessem mecanismos para o abastecimento do mercado interno a preços mais baixos.

Os líderes das associações rurais da Argentina, uma das maiores fornecedoras de alimentos do mundo, têm uma relação tensa com o presidente de centro-esquerda, que os irritou com suas declarações.

“Não vamos aceitar nenhum tipo de aumento nas retenções (impostos)”, disse Chemes à Reuters antes da reunião com Fernández. “Será tomada alguma medida de protesto caso o governo avance com esses medidas”.

Os dirigentes das quatro principais entidades agrícolas da Argentina se reuniram com Fernández e ministros no palácio presidencial para tentar chegar a um acordo.

“Decidimos que vai haver uma continuidade e reuniões mais frequentes, porque é necessário analisar como as cadeias estão funcionando”, acrescentou Chemes ao sair do encontro.

O dirigente disse que foi explicado que o problema dos preços reside na cadeia entre o campo e o comércio.

“Ficou perfeitamente claro que nossa participação no preço final é baixa”, disse Chemes.