Por Colin Packham e Jonathan Barrett

SYDNEY (Reuters) – A Austrália recorreu contra a tarifa aplicada pela China aos embarques de cevada do país, terceiro maior exportador global do grão, disseram à Reuters duas pessoas com conhecimento do assunto, em momento em que os agricultores australianos enfrentam dificuldades para encontrar mercados alternativos.

Em meio à tensão nas relações diplomáticas entre os países, a China impôs em maio tarifas antidumpig e antissubsídios à cevada australiana, que totalizam 80,5% –o que efetivamente interrompeu um fluxo comercial de bilhões de dólares. Na terça-feira, a China disse que também deu início a uma avaliação antidumping sobre as importações de vinho da Austrália.

A China costuma ser o destino de cerca de 70% das exportações de cevada da Austrália, segundo dados do governo australiano.

No início deste mês, a Austrália pediu que o Ministério do Comércio da China conduza uma revisão formal dos processos que culminaram na definição das tarifas, de acordo com duas fontes governamentais, que pediram para não ser identificadas devido à sensibilidade do assunto.

Pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), a China é obrigada a anunciar em até 90 dias uma decisão sobre a revisão, solicitada pelo setor agrícola australiano e endossada pelo governo.

A relação comercial entre os países, que gira em torno de produtos alimentícios e minério de ferro, foi abalada recentemente pela pressão da Austrália por uma investigação internacional sobre a origem e disseminação do novo coronavírus, que emergiu na cidade chinesa de Wuhan no final do ano passado.

A Austrália também pode recorrer à OMC contra as tarifas, embora autoridades já tenham dito que o processo levaria pelo menos dois anos e poderia aumentar ainda mais as tensões comerciais.

O Departamento de Relações Exteriores e Comércio da Austrália não respondeu de imediato a um pedido por comentários, assim como o Ministério do Comércio da China.