Por Naveen Thukral e Hallie Gu
CINGAPURA/PEQUIM (Reuters) – Espera-se que o governo da China emita mais cotas de importação e compre milhões de toneladas adicionais de milho no novo ano de comercialização da safra, disseram três fontes da indústria, em meio a um aumento na demanda por ração animal e redução na oferta.
Sob cotas já aprovadas, Pequim reservou cerca de 12 milhões de toneladas de milho dos Estados Unidos e cerca de 5 milhões de toneladas de outros lugares, incluindo a Ucrânia, para a campanha de comercialização de 2020/21, de acordo com uma fonte de comércio internacional de Cingapura e duas outras pessoas com conhecimento do assunto.
A China, que precisa de cerca de 280 milhões de toneladas por ano de milho, anteriormente detinha enormes reservas, mas quase as esvaziou em leilões, levando compradores de grãos a comprar alternativas como arroz e trigo, além de impulsionar as importações de milho.
Os preços domésticos do milho atingiram níveis recordes este mês devido à escassez. À medida que a China aumenta suas compras, os preços globais devem subir.
“A China na próxima década pode mudar o cenário do balanço no mundial do milho, tornando-se um grande importador”, disse Terry Reilly, analista sênior da corretora Futures International de Chicago.
Até agora, Pequim impôs um sistema de cotas anuais de baixa tarifa de 7,2 milhões de toneladas para as importações de milho. As importações fora da cota são possíveis, mas podem enfrentar tarifas de até 65% do preço de compra.
Duas fontes da China e um trader de Cingapura disseram que Pequim está considerando a emissão de mais cotas com tarifas mais baixas para os compradores em meio a estoques mais apertados.
“(O governo) revisará a situação de oferta e demanda do mercado e poderá emitir mais cotas posteriormente, que poderão ir para as reservas estatais”, disse uma das fontes, a par do plano do governo.
As pessoas com conhecimento dos negócios não quiseram ser identificadas porque não estão autorizadas a falar com a mídia.
Mesmo antes de cotas adicionais serem concedidas, a China já disputa com o Japão como o segundo maior importador de milho do mundo, atrás do México (18,3 milhões de toneladas) em termos de importações de milho para 2020/21, de acordo com estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
O planejador estatal da China, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, que estabelece cotas de importação, não respondeu imediatamente a pedidos de comentários sobre futuras importações adicionais.
A Cofco, maior trader de grãos da China e a estatal Sinograin, não responderam aos pedidos de comentários enviados.
A China importou mais de 1 milhão de toneladas de milho em setembro, mostraram dados alfandegários nesta sexta-feira, levando os embarques dos primeiros nove meses do ano para um patamar histórico e perto de seu volume de cota anual de baixa tarifa. Já importou 6,7 milhões de toneladas do grão neste ano.