Já que mais de 80% da produção agropecuária do Paraná vem de propriedades familiares, segundo a Secretaria de Agricultura do Paraná (Seab), nada mais natural do que estes pequenos negócios rurais passarem de pais para filhos. A sucessão familiar garante a continuidade e preserva a tradição e a cultura e o turismo rural.

Mas manter o legado entre os filhos e netos também traz seus desafios, como a falta de interesse dos herdeiros em manter-se no campo e na atividade dos pais e avós, as rivalidades entre familiares, o despreparo para assumir uma liderança, a resistência do patriarca ou as diferenças de cultura e visão. E os números corroboram para essa dificuldade. O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) estima que apenas 30% das empresas familiares sobrevivem à transição da primeira para a segunda geração, taxa que diminui nas sucessões subsequentes.
Dados da PricewaterhouseCoopers (PwC) ainda dizem que 75% das empresas familiares fecham após os herdeiros assumirem o negócio. Claro que as pesquisas se referem a empresas familiares de todos os ramos. No agronegócio, os números podem ser diferentes porque as propriedades rurais podem representar muito mais que um negócio aos filhos. Há o apego ao local de criação, o envolvimento com a natureza e a paz do campo, a união da família naquele pedaço de terra, as raízes da família.
E é dentro dessa essência de legado familiar e rural que a família Moreto venceu a categoria “Sucessão Familiar” do Prêmio Orgulho da Terra 2024. Descendentes de imigrantes italianos, eles conseguiram manter preservada a casa estilo italiano que os avós construíram quando chegaram ao Brasil, mantiveram o negócio de bovinocultura e ainda adaptaram a propriedade ao turismo rural, trazendo não só a experiência de um tempo no campo, mas também uma imersão na cultura e tradição italiana.
Recanto Casa Antiga
Sob a liderança de Luiz Carlos Moretto, a propriedade, batizada de Recanto Casa Antiga, é um exemplo de como a integração familiar pode garantir a prosperidade do negócio. Localizada em Manoel Ribas, a fazenda combina turismo rural e bovinocultura de leite, sendo organizada de maneira que cada membro da família desempenha um papel específico no empreendimento.
Além de adotar práticas conservacionistas e sustentáveis, o Recanto Casa Antiga se destaca por sua gestão exemplar. Com eventos técnicos e a apresentação como case de sucesso, a propriedade é uma vitrine regional para boas práticas agrícolas e turísticas.
Família Oliari – Moreto
A história da família Oliari começou em 1945, quando os imigrantes italianos se instalaram em Manoel Ribas em busca de uma vida melhor. Em uma propriedade com cachoeira, construíram um moinho e uma casa no estilo italiano. Décadas depois, em 1999, Irene Oliari e seu esposo Luiz Moretto assumiram o sítio, direcionando os esforços para a pecuária de leite.
Em 2018, o casal decidiu diversificar, apostando no turismo rural. No entanto, apenas em 2021, com o retorno da filha Renata, que abandonou um emprego distante para ajudar a família, o sonho começou a se consolidar. Hoje, as três filhas – Valeria, Renata e Beatriz – participam ativamente do Recanto Casa Antiga, um espaço que oferece chalés, café e almoço rural, trilhas ecológicas, mini museu, recreação e muito mais.
“No Recanto Casa Antiga, nossa missão vai além de oferecer um café ou almoço rural. Queremos criar momentos e memórias que fiquem guardados para sempre”, destaca a família.
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Prêmio Orgulho da Terra
O Prêmio Orgulho da Terra é uma iniciativa do Grupo Ric, por meio da plataforma RIC Rural, com a co-realização do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e do Sistema Ocepar. A edição de 2024, realizada em 12 de novembro em Curitiba, contou com a apresentação da Coamo, patrocínio do Banco do Brasil, C.Vale e Embio, e apoio da Alpha Fish, Globoaves e Hotel Petras.
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