O Paraná é líder disparado na produção de fio de seda, sendo responsável por 86% de todo o volume nacional. Em seguida vem São Paulo (10%) e Mato Grosso (4%). Com uma cadeia produtiva marcada pela predominância de propriedades familiares, a sericicultura é fonte de renda para cerca de 1,3 mil produtores no estado.
No ano passado a sericicultura rendeu R$ 39,2 milhões, com a produção de 1,4 mil toneladas de fios de seda, conforme o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab).
E não é só a quantidade da produção que chama a atenção. A qualidade do fio de seda produzido no Paraná conquistou mercados de alta costura exigentes, como França, Itália, Japão e China, demonstrando a excelência do produto. Alguns destes países chegam a mandar estilistas para conhecer de perto a sericultura paranaense.
Entre os municípios que se destacam, Nova Esperança lidera a produção estadual. Já a Chácara São Paulo, localizada em Astorga, que fica na mesma região, é um exemplo de referência na atividade. A chácara é comandada por Paulo Pereira de Oliveira, bicampeão da categoria “Sericicultura” no Prêmio Orgulho da Terra 2024. Ele também foi vencedor da categoria no ano de 2022 e conta o que melhorou na propriedade nestes dois anos, que o posicionou novamente como referência na área.
Resiliência e inovação
Desde 1979, Paulo lida com o delicado manejo dos bichos-da-seda, que são muito sensíveis. A propriedade, com 30 mil m², produz impressionantes 1.225 kg de casulos por hectare por safra, mais que o dobro da média estadual de 509 kg/ha/safra. Essa eficiência é resultado de um trabalho cuidadoso e da adoção de tecnologias para melhorar a qualidade das folhas de amoreira, principal alimento das lagartas.
A produção enfrentou desafios significativos, como mudanças climáticas e a ameaça de agrotóxicos usados por agricultores vizinhos. Com isso, a atividade perdeu muitos produtores nos últimos anos, que não conseguiram vencer a batalha contra as aplicações de agrotóxicos, que são carregados pelo vento e matam as lagartas nas amoreiras da propriedade de Paulo. Eram mais de 100 produtores no estado. Hoje são apenas 25, contando com Paulo.
Mas Paulo persistiu, negociou, conversou com os vizinhos, fez tudo o que podia para proteger a produção. A localização estratégica da chácara e as práticas de conservação do solo também foram decisivas para garantir a continuidade da atividade.
Além da produção, a propriedade é um polo de aprendizado, frequentemente recebendo visitas de técnicos, estilistas internacionais e estudantes universitários. Paulo também compartilha seus conhecimentos em palestras e eventos e dá aulas na Universidade Estadual de Maringá (UEM), consolidando-se como um embaixador da seda paranaense.
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Sustentabilidade
Com apoio técnico de Solange Cristina Canesin de Oliveira, do IDR-Paraná, a Chácara São Paulo incorpora práticas sustentáveis, como o uso de energia solar e a adubação orgânica das amoreiras. Essas iniciativas não apenas protegem o meio ambiente, mas também elevam a qualidade da produção, garantindo um produto final de alto valor agregado.
“Para nós, é um prazer imenso receber este prêmio novamente. Desde 2022, nossa produção evoluiu muito, e agora temos reconhecimento internacional, com visitas de estilistas da Itália, Alemanha e até dos Estados Unidos, sem contar estilistas de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, que vem frequentemente”, afirmou Maria Dirce, esposa de Paulo, durante a premiação.
Prêmio Orgulho da Terra
O Prêmio Orgulho da Terra, realizado em 12 de novembro em Curitiba, é uma iniciativa do Grupo Ric em parceria com o IDR-Paraná e o Sistema Ocepar. Com 19 categorias, o evento reconhece as práticas mais inovadoras e sustentáveis do agro paranaense. A edição deste ano contou com o apoio da Coamo, Banco do Brasil, C.Vale, Embio, Alpha Fish, Globoaves e Hotel Petras.
Ao celebrar histórias como a de Paulo Pereira de Oliveira, o prêmio destaca o papel vital da sericicultura para a economia rural e reforça a importância de práticas sustentáveis que garantem a prosperidade do campo e a preservação ambiental.
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Prêmio Orgulho da Terra
O Prêmio Orgulho da Terra é uma iniciativa do Grupo Ric, por meio da plataforma RIC Rural, com a co-realização do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e do Sistema Ocepar, entidade que representa as cooperativas paranaenses. O prêmio ainda tem a apresentação da Coamo, patrocínio do Banco do Brasil, C.Vale e Embio, e apoio da Alpha Fish, Globoaves e Hotel Petras.
Com 19 categorias, o prêmio reconhece produtores rurais que fazem a diferença no agro paranaense, incentivando práticas sustentáveis, inovação e fortalecimento da economia rural.
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