Por Marco Aquino

LIMA (Reuters) – A produção de café do Peru recuou 10% entre janeiro e agosto, em comparação anual, devido à migração para cultivos “mais rentáveis” –como a folha de coca– e à redução na oferta de mão de obra em função das restrições causadas pela pandemia de coronavírus, disse à Reuters um dirigente do setor.

O gerente da Junta Nacional do Café, Lorenzo Castillo, afirmou que nos primeiros oito meses do ano o país produzi 3,5 milhões de sacas de 60 quilos da commodity, sendo quase todo o volume de café verde, ante 3,9 milhões de sacas em igual período de 2019.

“Basicamente, foi pela carência de mão de obra entre março e junho, porque os trabalhadores não puderam viajar aos vales de produção. Houve um controle rígido da polícia e das patrulhas camponesas por causa do coronavírus”, disse Castillo, em entrevista por telefone.

A produção de café do Peru, que tem recuado há anos por causa dos custos excessivos e dos baixos preços nos mercados internacionais, é a décima do mundo, embora sua oferta seja bem menor que as do Brasil ou Colômbia, maior produtores da América do Sul.

No entanto, o Peru é um dos maiores produtores do mundo de café com certificação ambiental ou orgânicos, destacou Castillo.

O dirigente afirmou que a projeção para 2020 era de superar a produção do ano passado, que somou 4,1 milhões de sacas e gerou receitas de 635 milhões de dólares em exportações. “Neste ano, a exportação cairia para cerca de 550 milhões de dólares”, disse.

Outro problema enfrentado pela produção cafeeira do país é a migração para cultivos “mais rentáveis”, como cacau e outros produtos de agroexportação. Para “fazer caixa”, também há o cultivo da folha de coca, acrescentou o dirigente.