Por Hernan Nessi e Maximilian Heath
BUENOS AIRES (Reuters) – A Federação de Trabalhadores de Oleaginosas da Argentina iniciará uma greve por tempo indeterminado a partir das 14h (horário de Buenos Aires e de Brasília) desta terça-feira, disse a entidade sindical em um comunicado.
A federação representa trabalhadores do setor de soja em algumas partes do centro de exportação de grãos de Rosário, mas não da parte norte de Rosário, onde a maior parte das operações de moagem de soja está concentrada.
A Argentina é um importante exportador de soja e o principal fornecedor global de farelo de soja, usado para fabricação de ração para animais da Europa ao Sudeste Asiático.
Negociações salariais com empresas de processamento de soja e exportadoras deveriam ter começado há dois meses, segundo o comunicado dos sindicalistas.
“Trabalhadores do setor de oleaginosas, assim como toda classe trabalhadora da Argentina, têm direito constitucional a um salário digno”, afirmaram.
Com o plantio de soja apenas começando, outubro não é um mês agitado para as exportações agrícolas da Argentina.
Mas o país precisa obter todos dólares que puder com exportações enquanto enfrenta uma recessão agravada pela pandemia de Covid-19 e entra em negociações para renovação da dívida com o Fundo Monetário Internacional.
Uma fonte da Câmara CIARA, que representa empresas de processamento de soja, disse à Reuters que está em diálogo permanente com os trabalhadores.
“Nestes tempos difíceis para o agronegócio, estamos empenhados em trabalhar junto com sindicatos e trabalhadores para tentar sair dessa situação”, disse a fonte.
Paralisações são comuns na Argentina, onde os empregadores são constantemente pressionados para oferecer salários que acompanhem a alta da inflação.
No mês passado, fiscais de grãos que trabalham em docas de exportação fizeram uma greve de 24 horas por questões salariais. O conflito acabou sendo resolvido após negociações entre trabalhadores e empregadores.