Quem costuma usar aplicativos de transporte de passageiros já percebeu que não é mais tão fácil conseguir uma corrida. O tempo de espera mais longo para encontrar um motorista, a demora para que o carro chegue até o local de embarque e os preços mais altos são as principais reclamações dos últimos meses de quem opta por utilizar esse serviço. Conforme o economista José Pio Martins, esse cenário não deve melhorar em um futuro próximo, já que o preço da gasolina deve continuar a subir. 

No Paraná, o valor médio da gasolina já ultrapassou R$ 6 em Apucarana e Arapongas, conforme levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) entre 22 e 28 de agosto deste ano. Martins explica que, “pelo cálculo com base em média ponderada, o aumento do preço nas refinarias de janeiro a agosto de 2021 foi de 27,5%. Já o preço final na bomba para o consumidor tem variações diferentes em diferentes estados”. 

Na prática, isso significou menos lucro para os motoristas de aplicativos e mudanças de comportamento dos condutores, aspectos que influenciaram no serviço para os consumidores. Empresas que trabalham com entregas também relataram prejuízos e tentam buscar alternativas para manter seus negócios.

O RIC Mais conversou com especialistas, motoristas, clientes e empresas para entender como cada público tem sido impactado e quais devem ser os próximos passos e soluções encontradas, mesmo diante da previsão negativa dos economistas. 

O que diz o especialista

Para José Pio Martins, a explicação para o aumento tão veloz no preço do combustível é simples. 

“Primeiro, os preços do petróleo e seus derivados – basicamente a gasolina, o diesel e o óleo combustível – seguem as variações dos preços internacionais do barril de petróleo, pelo fato de se tratar de uma commodity cujas exportações e importações são livres. Logo, esses combustíveis são vendidos no Brasil seguindo as oscilações de preços internacionais”, descreve Martins. 

“Segundo, a Petrobras é uma empresa internacional. Ela compra e vende no resto do mundo, tem financiamentos internacionais, adquire equipamentos internacionais, portanto, os preços no Brasil seguem o ritmo dos preços internacionais do petróleo. E aí vale lembrar alguns pontos: em agosto de 2016, o preço do barril de petróleo era US$ 46, em agosto de 2017 subiu para US$ 51, em agosto de 2018 atingiu US$ 73, em agosto de 2019 caiu para US$ 60, veio a crise mundial em razão da pandemia, o preço do barril caiu para US$ 23 em abril de 2020, voltou para US$ 44 em agosto de 2020 e, agora, chega em agosto de 2021 a US$ 74. Essa é, talvez, a principal explicação”,

detalha ele. 

A solução para esse barrar esse aumento, no entanto, não está nas mãos dos consumidores e deve depender das oscilações do mercado e, possivelmente, da diminuição da carga tributária, que em muitos casos representa quase metade do valor da gasolina. 

“Lamento dizer que o consumidor pode fazer muito pouco em função das características do mercado de petróleo e seus derivados. Se houvesse, por exemplo, substancial redução do consumo da gasolina, isso não garante que haveria redução do consumo de óleo combustível (que é usado pela indústria) nem óleo diesel (que é usado no transporte pesado). Por outro lado, se caísse o consumo de todos os combustíveis derivados do petróleo apenas no Brasil, e não caísse o consumo no resto do mundo, o preço do barril não seria afetado, e poderia até mesmo aumentar por outras razões, e a Petrobras não teria opção de diminuir o preço interno. Aliás, os preços internos poderiam cair caso a carga tributária fosse diminuída, pois, como sabemos, há estados em que metade do preço da gasolina são tributos.” 

(Foto: José Fernando Ogura/AEN)

Com isso, as expectativas dos especialistas não são muito positivas. “Dois fatores dificultarão a queda nos preços do petróleo e de seus derivados. O primeiro é que o consumo mundial tende aumentar à medida que a pandemia vai sendo vencida e a economia volta a crescer, elevando assim o consumo do produto. O segundo é que as previsões internacionais informam que poderá faltar petróleo no mundo, e aí, menor oferta combinada com maior consumo é o cenário provável de elevações do preço, não redução. Porém, tudo isso são previsões”, relata o economista. 

Passageiros 

Não é só quem tem um veículo que sente os impactos dos valores mais altos nas bombas dos postos de combustíveis. Os passageiros de apps de transporte também notaram relação entre o aumento dos preços e dificuldades mais frequentes nas corridas nos últimos meses. 

Para Karoline Anne Soares da Silva, de 27 anos, que é engenheira química e costuma usar os aplicativos como meio de transporte, uma das questões que mais afeta negativamente as viagens é o cancelamento por parte dos motoristas. 

“Nas últimas semanas, quando eu fui pedir Uber, umas duas ou três vezes, percebi que agora tem uma demora muito maior e, algumas vezes, eles aceitam a corrida e começam a demorar para chegar no local de embarque. Eles vão se distanciando e acabam cancelando a corrida, sem mais e nem menos”,

argumenta a jovem. 

Brisa Rodrigues Schimin, de 28 anos, também percebeu a troca de motoristas e afirmou que o tempo de espera para embarque também está mais longo. “Eu pego Uber e 99 com bastante frequência, no mínimo três ou quatro vezes por semana, e notei que os motoristas geralmente estão muito longe, demora muito. E eu não moro em uma região tão afastada, mas alguns cancelam”, diz ela. “Outra coisa que eu reparei é que os preços se elevam muito. Às vezes eu vou colocar um destino e aparece R$ 10, R$ 15, eu espero cinco minutos porque não terminei de me arrumar ou por outras razões, e quando vou ver está R$ 40 para o mesmo lugar”, acrescenta.

Em alguns casos, os passageiros optam por voltar a utilizar táxis convencionais em vez dos aplicativos, devido à demora. “Esses tempos, em um domingo, eu fiquei meia hora para conseguir pegar um carro. Para idas rápidas durante o dia é bem demorado, fica buscando motoristas por perto e não encontra. Um tempo atrás eu desisti e peguei um táxi, fui em um ponto e peguei um porque não estava dando para esperar”, conta a empresária Priscila dos Santos Moscon, de 33 anos. 

Em relação aos preços, há situações em que as corridas têm saído por quase o dobro do valor. “Eu percebi um aumento significativo do valor do Uber […]. Para você ter ideia, eu costumava usar sempre de final de semana, sábado e domingo, para percorrer uma distância de dois quilômetros, assim eu pagava R$ 5 no máximo. Da última vez, eu paguei R$ 13”, descreve a arquiteta Gisele Amâncio. “E a demora também, que você pede, demora às vezes cinco minutos, o motorista cancela e você espera de novo. Você nunca pode pedir imediatamente, tem que ser com uns 10 minutos de antecedência, senão você corre o risco de chegar atrasado nos locais”, finaliza. 

E os motoristas? 

Os motoristas que trabalham com esse tipo de transporte acabam sentindo no bolso a elevação do preço dos combustíveis. Hewerson Vinicius Farias, de 33 anos, é motorista de Uber e 99 desde 2019 e, atualmente, as plataformas são sua única fonte de renda. Com os novos valores nos postos, a solução foi trabalhar durante mais horas para conseguir o lucro necessário para o dia. 

“Tem que trabalhar bem mais horas [por dia]. Eu tenho que trabalhar umas quatro horas a mais para tirar o mesmo valor que antes. Vamos supor, antes com R$ 100 [de gasolina], eu fazia R$ 300 [lucro das corridas]. Hoje, com R$ 100 eu faço R$ 250, ou seja, perdi R$ 50 por causa do preço da gasolina”, explica. Ele ainda conta que, antes, dirigia ao longo de 8 horas no dia ou, no máximo 10h. Agora, precisa ficar nas ruas por pelo menos 12 horas. No dia em que foi entrevistado, Hewerson havia começado seu expediente às 6h e só pretendia parar após às 18h. 

Ele também afirma que sabe que alguns condutores costumam cancelar corridas que acreditam não valer a pena, mas não adere à prática. “Eu não cancelo. Tem motoristas que cancelam, eles querem escolher corrida. No caso de corridas curtas eu não cancelo. Só se o passageiro não chegou ou não achei o endereço”, revela. 

(Foto: Ederson Nunes/CMPA via Agência Senado)

Já Renato Ramos Neto, de 26 anos, narra que já ouviu de muitos passageiros que os preços da corrida aumentaram, mas que “essas taxas não são repassadas para os motoristas de uma forma justa”. Sobre os cancelamentos, o condutor relata que é uma prática considerada comum já que, dependendo da corrida, os motoristas quase acabam “pagando para trabalhar”: “Um exemplo: a 99 paga uma taxa fixa de R$ 2,25 até o passageiro, ou seja, até 2 km dá para buscar essa viagem ainda ganhando R$ 1 o km rodado. O ideal é no máximo 2 km, quanto mais perto melhor”. 

Neto, que trabalha com aplicativo há cinco meses, destaca ainda que, no final do mês, o aumento da gasolina está chegando a causar um prejuízo de cerca de R$ 300.

Para Alexandre Pires Barbosa de Melo, secretário da União Nacional de Motoristas de Aplicativos (Unma), é preciso que a categoria busque apoio mútuo para conseguir incentivos das plataformas e participe de reuniões e manifestações em prol dos condutores. Ele aborda a insatisfação dos motoristas para essa mudança de comportamento geral. 

“São duas coisas: primeiro a alta dos combustíveis. A segunda é que os aplicativos estão cobrando mais dos passageiros e repassando menos para os motoristas. Hoje, a Uber cobra 60% de desconto do repasse. Eles falam que estão planejando promoções para motoristas e nós, da associação, não conseguimos contato para debater isso”, explana. “É preciso haver um reajuste das taxas por causa dos aumentos, não só nós, os taxistas, motoristas de entrega e motociclistas [também precisam]”. 

O que dizem as empresas 

Amobitec 

Sobre os impactos para os motoristas, a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) que reúne empresas como Uber e 99, afirma que as marcas “entendem as consequências do aumento do valor dos combustíveis aos seus parceiros e trabalham para ajudar os motoristas e entregadores cadastrados a reduzir seus gastos fixos, embora a variação de preço dos combustíveis fuja do controle das plataformas”

“Entre as medidas para auxiliar a reduzir custos estão convênios com postos de gasolina para oferecer desconto aos parceiros dos aplicativos no abastecimento dos veículos, além de parcerias com empresas para oferecer preços especiais em peças, acessórios e manutenção”,

expõe a associação. 

A Amobitec ainda reforça que “em nenhum momento houve a redução de taxas de remuneração dos parceiros, mesmo em um período de instabilidade econômica do país”. A nota ainda ressalta que a distribuição gratuita de itens de limpeza durante a pandemia e auxílio financeiro para parceiros diagnosticados com a Covid-19 ou de grupos de risco. 

Uber 

A Uber informa que “opera um sistema de intermediação de viagens dinâmico e flexível, por isso busca sempre considerar, de um lado, as necessidades dos motoristas parceiros e, de outro, a realidade dos consumidores que usam a plataforma, tendo em vista a preservação do equilíbrio entre oferta e demanda que é fundamental para a plataforma”. 

“A Uber vem acompanhando os aumentos de preço dos combustíveis nos últimos meses, entende a insatisfação causada pelos seus impactos em todo o setor produtivo e, por isso, a empresa tem intensificado esforços para ajudar os motoristas parceiros a reduzirem seus gastos. Por meio do programa de vantagens Uber Pro, a empresa lançou em 2021 diversas iniciativas e promoções para aumentar os ganhos em todos os tipos de viagem, de curta ou longa distância”.

diz a nota. 

Ainda em nota, a empresa explica as demandas e taxas aplicadas pela plataforma. Leia na íntegra:

“Com a pandemia, pessoas que antes não usavam a Uber no dia a dia agora estão optando pelo app. Uma pesquisa feita pelo Datafolha mostrou que os brasileiros consideram os apps de mobilidade um dos meios mais seguros para se locomover no contexto da pandemia e, dentre as empresas no mercado, a mesma pesquisa identificou que os entrevistados consideram a Uber a mais segura. 

Esse contexto de alta demanda por viagens vem se acentuando nas últimas semanas, conforme o avanço da campanha de vacinação e a reabertura progressiva de atividades comerciais pelas autoridades. Nesse sentido, os usuários estão tendo de esperar mais tempo por uma viagem porque, especialmente nos horários de pico, há mais chamados do que parceiros dispostos a realizar viagens. A demanda elevada significa que o app da Uber está tocando sem parar para os parceiros, situação em que eles relatam se sentirem mais confortáveis para recusar viagens, pois sabem que virão outros chamados na sequência, possivelmente com ganhos maiores. 

Com isso, os ganhos de quem dirige com o app da Uber têm sido os maiores desde o início do ano. Em Curitiba, por exemplo, os parceiros que dirigiram por volta de 40 horas ganharam, em média, de R$ 1.100 a R$ 1.200 na semana. Em um mês, significa que os motoristas estão com média de ganhos superior à média salarial de várias profissões no país, como fisioterapeutas, intérpretes, nutricionistas ou corretores, por exemplo, de acordo com o site da empresa Catho, que compila informações do mercado de trabalho. 

É importante lembrar que os ganhos dos parceiros da Uber são bem particulares, porque são muitas as variáveis em jogo, já que cada um escolhe como quer usar a plataforma. Por exemplo, como os parceiros da Uber são livres para decidir em quais dias e horários dirigir, quem dirige em dias e horários de maior movimento tem uma maior chance de ganhar mais.  

No passado, a taxa de serviço cobrada dos motoristas parceiros pela intermediação de viagens era fixa em 25%, mas desde 2018 ela se tornou variável para que a Uber tivesse maior flexibilidade para usar esse valor em descontos aos usuários e promoções aos parceiros. Em qualquer viagem, o motorista parceiro sempre fica com a maior parte do valor pago pelo usuário – há confusão entre os parceiros sobre o valor da taxa porque em algumas viagens ele pode aumentar enquanto, em outras, pode diminuir. É por isso que todos os motoristas parceiros ativos recebem semanalmente, por e-mail, um compilado sobre os seus ganhos que mostra quanto ele pagou de taxa Uber naquela semana.”

99 

A 99 afirma que mantém o diálogo com seus motoristas parceiros, se preocupa com seus ganhos e está criando programas de incentivo para os condutores. 

“A 99 esclarece que é uma empresa que conecta passageiros e motoristas parceiros, que são livres para escolher a jornada de trabalho e as corridas que pretendem fazer. Quanto a atual conjuntura econômica que pressiona os preços dos combustíveis, a empresa ressalta que sempre esteve e permanece aberta ao diálogo com os parceiros e se preocupa com seus  ganhos. Tanto que para oferecer maior eficiência na rotina dos motoristas parceiros e, consequentemente, a redução de custos variáveis, já garantiu mais de R$ 3,1 milhões em desconto nos postos da rede Shell em todo o país, com pagamento via Cartão99 no app ShellBox. Importante observar, também, que todas as promoções são subsidiadas pela plataforma, sem ônus ao parceiro”, diz a nota. Veja mais: 

“A empresa tem o compromisso de longo prazo com o país e com a sociedade tanto no sentido de  colaborar  com a geração de renda dos motoristas parceiros como em promover opções de deslocamento financeiramente acessíveis aos usuários da 99. Assim, a taxa praticada na plataforma, considerada justa para 82% dos passageiros, é revertida em mais investimentos, em segurança, novos produtos e campanhas de incentivo à demanda.  

O cálculo para o valor do repasse utiliza uma equação que leva em conta a distância percorrida e o tempo de deslocamento. Já o preço final da corrida é definido de acordo com a oferta e demanda. É importante observar que há um teto máximo de 30% de desconto. O objetivo é garantir que os motoristas parceiros sempre tenham ganho no serviço prestado ao passageiro. Neste sentido há casos em que é empregada a taxa negativa, ou seja, o valor repassado ao motorista é maior que o pago pelo passageiro e esta diferença é custeada pela empresa para democratizar o acesso das pessoas. Além disso,  a empresa lançou um pacote de ações para reduzir o impacto do aumento dos combustíveis e oferecer maior ganho para os parceiros.” 

A 99 também argumenta que o volume de pedidos da plataforma aumentou, principalmente entre a classe C, e que a maioria da dos usuários do app escolhe a 99 em razão dos “preços acessíveis praticados pela empresa”.

“Sem o privilégio do trabalho remoto, as pessoas com menor renda passaram a utilizar mais transportes por aplicativo. Uma pesquisa Datafolha constatou que, entre as pessoas da Classe C, 40% afirma ter aumentado a frequência de utilização do app em 2020 e 31% começou a utilizar a modalidade por causa da pandemia”, explica Livia Pozzi, Diretora de Operações e Produtos da 99. 

“O aumento da gasolina impacta todos os setores, mas o de transporte sente os efeitos primeiro. Nosso compromisso com a sociedade é de continuar garantindo a geração de renda aos nossos motoristas parceiros, mas também seguir promovendo o acesso à mobilidade por parte das pessoas que precisam do serviço”, diz Livia. A empresa também acredita que, “somada a este aumento, a retomada das atividades econômicas no início de 2021 fez as Classes A e B voltarem a utilizar o serviço, intensificando o volume de chamadas solicitadas por meio da plataforma”,

aborda Livia.

Soluções das plataformas

Tanto a Uber quanto a 99 enviaram uma lista de soluções e apoios que têm oferecido aos motoristas neste momento, na tentativa de minimizar os impactos financeiros dos parceiros. 

Uber 

  • Combustíveis

A Uber vem realizando ações especiais em 2021 nas quais o motorista ganha até 20% de cashback no abastecimento do seu carro. E de forma permanente, pagando com o app abastece-aí nos postos Ipiranga, o motorista parceiro da Uber tem direito a 4% de cashback sem que, para isso, precise gastar seus pontos do programa KM de Vantagens. Isso significa que, além de receber de volta parte do valor gasto no abastecimento, o parceiro ainda acumula mais pontos para usar, por exemplo, na manutenção do carro (troca de óleo, pneu, reparos etc.). Considerando quem abastece um carro 1.0 toda semana com gasolina, por exemplo, a economia estimada supera R$ 500 por ano.

  • Promoções:

A Uber lançou o Turbo+, um novo formato de promoção para os parceiros que adiciona um valor fixo em cada nova oferta de viagem em locais e horários específicos. Também criou promoções com ganhos adicionais para viagens curtas e está testando uma nova forma dos parceiros acompanharem as promoções disponíveis, tudo no mesmo lugar do app, para que ele possa se programar e avaliar os melhores momentos para dirigir.

  • Celular:

Os parceiros Uber Pro podem contratar com preços especiais o Uber Chip, plano pré-pago da Surf Telecom que não desconta dados para navegação nos apps mais usados pelos motoristas, como Uber Driver, Waze e WhatsApp. No plano Diamante, o Uber Chip representa uma economia de R$ 360 por ano.

  • Uber Conta:

Operacionalizada pelo Digio, a Uber Conta permite que os parceiros recebam os ganhos logo após cada viagem, sem pagar taxas e o valor começa a render automaticamente 100% do CDI. Além disso, a Uber Conta dá acesso a vantagens exclusivas como isenção de mensalidade por dois anos na tag Veloe de pedágios e estacionamentos (economia de R$ 454) e desconto ou cashback usando o Cartão Uber em lojas parceiras. 

  • Saúde:

Com o Uber Pro, os parceiros têm isenção de mensalidades no Vale Saúde Sempre, que dá descontos em consultas, exames e medicamentos, válidos também para dependentes, uma economia que chega a R$ 359 por ano. 

  • Vida Saudável:

O Uber Pro também oferece redução de até 50% na mensalidade do TotalPass, aplicativo que permite usar centenas de academias no país, incluindo a rede SmartFit, uma economia estimada em R$ 659 por ano. Essa vantagem também vale para até dois familiares do parceiro.

  • Idiomas:

Parceiros Uber Pro têm acesso gratuito aos cursos de idiomas oferecidos pela Rosetta Stone, empresa com mais de 30 anos de experiência no ensino de diversas línguas. O aprendizado é integrado ao aplicativo de motoristas da Uber e consiste em mais de 200 lições de leitura, escrita e conversação. Com a parceria, o motorista tem uma economia de R$ 480 por ano.

  • Educação financeira:

Todos os parceiros da Uber têm acesso gratuito a uma plataforma educativa, elaborada em conjunto com o Banco Mundial e o Sebrae, com sessões sobre gestão financeira, controle de gastos, gerenciamento de dívidas e planejamento de longo prazo, entre outros tópicos. 

99 

  • Taxa Zero:

A taxa de intermediação cobrada pela 99 será zerada em dias ou horários específicos ao longo dos meses em todas as categorias, exceto táxi. Dessa maneira, o valor integral da corrida será repassado ao motorista parceiro. Nas cidades onde há a cobrança de preço público, a 99 faz a dedução desse valor e o repassa ao município. Os motoristas serão comunicados com antecedência sobre os dias de Taxa Zero. Apenas na cidade de São Paulo, a iniciativa, em teste desde julho, já gerou R$ 3 milhões de retorno aos motoristas parceiros.

  • Escolha Inteligente:

Em cidades e períodos selecionados, a plataforma apresentará as opções de incentivo disponíveis de corrida para que o motorista parceiro escolha aquela  que melhor atenda à sua rotina. Os incentivos oferecem ganhos financeiros para quem cumprir os requisitos das campanhas. 

  • Corrida Turbinada:

Com essa opção, o motorista adquire um pacote de bônus que é aplicado à dinâmica de preço das suas corridas durante um determinado período de tempo. Importante destacar que este valor extra não impacta no preço final ao passageiro, ou seja, é subsidiado integralmente pela 99.

  • Reembolso Rápido:

Atendendo a uma das maiores insatisfações entre os motoristas, a 99 fará a revisão do sistema de solicitação de reembolso no app, com adaptações para agilizar o processo de pagamento ao motorista quando o passageiro não paga a corrida. 

  • Revisão de Políticas da Plataforma:

Revisão da política de cancelamentos que bloqueia o motorista parceiro por infrações às regras da plataforma. Entretanto, atitudes que vão contra as políticas de uso da plataforma – como casos de ofensa e preconceito – ou infrações à lei vigente continuarão sujeitas às consequências previstas em nossos Termos de Uso.

Delivery

(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Além dos motoristas de aplicativos, as empresas que trabalham com entregas também já estudam aumentar o valor dos produtos para poder equilibrar as contas ou, até mesmo, deixar de trabalhar com os deliverys, que não estão sendo vantajosos para todos. 

Raísa Beffa Bittencourt, de 32 anos, é proprietária de uma hamburgueria e usa um entregador próprio para levar os pedidos até os clientes. A empresa implantou o sistema de delivery em março de 2020, logo no início da pandemia, e inicialmente usava aplicativos de entrega, mas acabou optando por ser totalmente responsável pela distribuição para os consumidores.

“O valor da entrega é calculado pelo gasto da gasolina e por raio de km rodado. Como eu entrego com carro, não consigo tirar absolutamente nada com o frete, mas a ideia é vender meus lanches. Aos finais de semana, o entregador cobra um valor mínimo de entrega até 3 km e depois cobra mais um valor para cada km”, relata Raísa. 

Preocupada, a empresária conta que segura o valor do frete o máximo que pode, mas que já começou a ter prejuízos e teme que os aumentos dos preços continuem. “Ainda não aumentei, mas estou tendo prejuízo. Fico feliz que minha taxa consegue cobrir a entrega do motoboy, mas isso é questão de tempo até mudar. Já estou me programando para aumentar o frete. Infelizmente, não dá mais para segurar. Tenho muito medo desse aumento desenfreado, não sei onde vai parar. Até o fim do ano, o quanto terei que aumentar?”, questiona ela. 

Janaína Santos, que é sócia de um gastrobar, também começou a trabalhar com entregas por causa da Covid-19, já que o estabelecimento decidiu fechar as portas para o atendimento presencial enquanto a situação ainda não estivesse controlada. Atualmente, o estabelecimento trabalha também com aplicativos de entregas, e vê que, em breve, terá que repassar para os clientes os aumentos nos preços, tanto da gasolina quanto dos alimentos, insumos e embalagens. 

Janaína também afirma que, assim que possível, a empresa deve deixar os aplicativos, já que, segundo ela, trabalhar com delivery acaba não valendo a pena. “Delivery não vale a pena para ninguém, todo mundo sai perdendo, o trabalhador que é precarizado, o restaurante que é forçado a fazer promoções absurdas para poder vender. Só estamos fazendo delivery porque a pandemia nos fez buscar alternativas, mas quando as coisas passarem não faremos mais delivery. A relação com os restaurantes e trabalhadores é muito desigual, todo mundo acaba sendo explorado”, desabafa ela. 

Daniela Borsuk

Editora-chefe

Daniela Borsuk é editora-chefe do portal RIC.com.br. Formada pela PUC-PR, tem pós-graduação em Jornalismo Digital e cursos voltados à gestão e liderança. Trabalha com jornalismo hard news desde 2016. Atualmente se dedica a matérias das editorias de Segurança, Política, Cultura, Serviços e cobertura de casos de repercussão.

Daniela Borsuk é editora-chefe do portal RIC.com.br. Formada pela PUC-PR, tem pós-graduação em Jornalismo Digital e cursos voltados à gestão e liderança. Trabalha com jornalismo hard news desde 2016. Atualmente se dedica a matérias das editorias de Segurança, Política, Cultura, Serviços e cobertura de casos de repercussão.