Com a aproximação do final do ano, o Ártica, escritório independente de assessoria financeira, realizou um overview do mercado de fusões e aquisições (M&A) global em 2022, além de trazer algumas perspectivas para 2023. Mesmo que o ano ainda não tenha encerrado, já é possível ter um bom panorama do mercado a partir dos últimos três trimestres, quando as atividades de M&A ao redor do mundo apresentaram um decréscimo tanto no valor agregado das transações como também na quantidade de deals que foram anunciados.
Na questão dos valores das transações anunciadas até o final do 3° semestre de 2022, houve um decréscimo de 34% em comparação com o mesmo período de 2021. Já em relação a quantidade de deals, esse valor caiu 12%, de 42.360 transações para 37.284. De acordo com o Standard & Poor’s (S&P), índice do mercado norte americano de capitais, esse desaquecimento no mundo de M&A’s está relacionado com três principais fatores: a inflação global e os efeitos indiretos no financiamento de negócios; a volatilidade do mercado; e a guerra da Ucrânia.
“Ainda assim, foram anunciadas algumas transações de grande valor agregado, sendo as duas principais nos setores de comunicação e tecnologia, com a Microsoft adquirindo a Activision/Blizzard e a VMware sendo adquirida pela Broadcom. O valor somado das duas transações supera os 150 bilhões de dólares”, comenta Luiz Penno, sócio de Investment Banking do Ártica.
Já em relação aos setores da economia, tem-se que o setor industrial e de tecnologia são os dois que lideraram em valor agregado, mas vale destacar a queda de mais de 50% no setor financeiro em ambos os quesitos, com um total de USD 362 Bi neste ano comparado a USD 723 Bi no mesmo período de 2021.
Por fim, as expectativas para 2023, de acordo também com a S&P, são de que a queda sofrida nas atividades de M&A em 2022 não vão apresentar uma reviravolta no curto prazo. Segundo o executivo, a combinação de altas taxas de juros e valuations menores sobre o patrimônio das empresas tende a fazer com que os principais stakeholders tenham maiores dificuldades para realizarem deals.
“Com a alta nas taxas de juros, tem-se um aumento do custo de aquisição de financiamentos, fazendo com que players, como empresas de private equity, saiam dos holofotes das aquisições. E, com menores valuations, as empresas poderão não emitir novas ações no mercado, dificultando o financiamento para o M&A”. Ainda, a previsão de queda da atividade econômica mundial traz um ambiente menos favorável para crescimento, o que ocasiona uma falta de confiança em executivos, fator primordial para realização de novos deals. Tudo isso levando a um cenário sem que haja altas expectativas para o setor de M&A.