Discutidos há cinco anos dentro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a importação e o plantio de maconha para uso medicinal e científico deve ser aprovado no fim de outubro, de acordo com o presidente do órgão, o médico William Dib.
Conforme o presidente da Anvisa, até 13 milhões de brasileiros com diferentes doenças podem se beneficiar da maconha medicinal. Além disso, William Dib prevê também ganhos econômicos ao país.
Plantio de maconha e importação pode beneficiar até 13 milhões de brasileiros
Em entrevista ao Estadão, o presidente da Anvisa evitou rebater críticas, como por exemplo a de Osmar Terra, ministro da Cidadania, que sugeriu que a Anvisa deveria “fechar” caso a proposta de regulamentação fosse aprovada.
De acordo com Dib, a Anvisa recebeu apoio do governo, que na avaliação dele tem buscado se informar sobre os benefícios da regulamentação.
Ainda segundo Dib, a maioria das contribuições é a favor da regulamentação da importação e plantio de maconha. Conforme ele, a sociedade estava exigindo essa posição da Anvisa.
O presidente do órgão também destaca que as famílias das pessoas que possuem a indicação do uso têm esperança que esse seja um tratamento possível para as patologias.
Além disso, o número de patologias que a cannabis está sendo indicada vem aumentando aceleradamente, e os países estão se moldando a isso.
“Não seria justo a Anvisa não se abrir a essa decisão”, afirma Dib.
Não haverá possibilidade de automedicação, diz Anvisa
Primeiramente, o presidente da Anvisa também enfatizou que não haverá propaganda de maconha para incentivar as pessoas, e nem será um remédio de acesso livre.
A regulamentação, conforme ele, vai seguir a portaria 344 da própria Anvisa, que regulamenta produtos controlados, ou seja, só poderá ser comprado com receita, sem possibilidade de automedicação.
Por fim, Dib explica que a vontade da diretoria colegiada é que terminando a consulta pública, em 30 dias, a gente consegue absorver as recomendações boas, corrigir o que estiver errado e o que estiver possível.
Dessa maneira, no primeiro dia após a publicação as empresas já podem se habilitar, importar o produto pronto ou fazer o plantio.
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Regulamentação da maconha e a questão econômica
Segundo a Anvisa, o governo vai economizar e recuperar um pedaço da economia, já que os índices externos dos países que estão abrindo a comercialização são enormes.
Além disso, Andrew Cuomo, governador de Nova York, liberou por questões econômicas, mas descriminalizou o uso recreativo de maconha esta semana.
O Brasil, na visão de Dib, vai ganhar em economia, em geração de emprego, em desenvolvimento econômico e tecnológico e vai produzir coisas melhores.
“Não é a economia de quanto custa o remédio. Isso é uma economia barata. E pode ser até que acabemos exportando. Pode ser que o produto produzido no Brasil passe a ter credibilidade”, finaliza.
