A partir desta segunda-feira (8), o Balanço Geral Curitiba exibe a série “A Cidade que Queremos”, com reportagens que tratam dos principais temas que afetam o dia a dia dos curitibanos. Discussão importante em ano eleitoral, em que esses assuntos são abordados nas promessas dos candidatos à Prefeitura e à Câmara Municipal.

A primeira reportagem da série fala sobre a situação do transporte coletivo na capital. Curitiba tem hoje uma das passagens mais caras do país, e o que a população espera é um transporte com mais conforto, qualidade e segurança.

Linhas de ônibus Leste-Oeste terão mudanças, em Curitiba; confira quais
Curitiba tem uma das passagens mais caras entre as capitais brasileiras (Foto: Cesar Brustolin/SMCS)

As viagens de ônibus fazem parte da rotina diária de cerca de 593 mil curitibanos. Muitas vezes são horas dentro do transporte público e, em alguns horários, a lotação dos veículos é um grande incômodo para os usuários.

Mais de 1,1 mil ônibus circulam pela capital todos os dias para atender a demanda. Além disso, o sistema de transporte público da cidade é integrado a 15 municípios da região metropolitana. Contando apenas Curitiba, são 242 linhas.

URBS aponta defasagem no preço da tarifa, que subiu pela última vez em 2023

De acordo com a Urbanização de Curitiba (URBS), responsável pela operação do sistema, os custos para o funcionamento já passam dos R$ 7,10 por passageiro. Esta é chamada tarifa técnica que reúne todos as despesas do sistema. O maior percentual de gastos é com os salários da equipe e benefícios seguido com custos com combustível e encargos sociais.


Composição dos custos de operação do transporte público (Fonte: URBS)

O problema é que a estrutura não é auto suficiente e sobrecarrega os cofres públicos. Assim, a Prefeitura de Curitiba e o Governo do Paraná precisam com subsídios para pagar a diferença entre a tarifa técnica e a tarifa social, que é aquela que os usuários pagam, atualmente com o valor de R$ 6,00.

Apenas nesse ano de 2024, o subsídio deve somar R$ 180 milhões, sendo R$ 60 milhões pagos pela prefeitura. O valor restante vem do convênio com o Governo do Estado para a integração metropolitana.

Curitiba tem uma das tarifas mais caras entre as capitais brasileiras

Mesmo com esses subsídios, Curitiba tem hoje a passagem mais cara entre as capitais brasileiras, ao lado de Florianópolis, em Santa Catarina; e Porto Velho, em Rondônia. O último aumento da tarifa aconteceu em março de 2023 e desde então o usuário paga o valor atual. Uma vantagem é que, com a rede integrada, o usuário consegue mudar de linha dentro do mesmo terminal sem pagar por uma nova tarifa. Mas mesmo assim, o valor é alto para se chegar ao lado de dentro e encontrar um serviço que segundo os passageiros deixa a desejar.

A elevação da tarifa nos últimos dez anos também é fonte de reclamações. neste período, a passagem saiu de R$ 2,85 para os atuais R% 6,00. Mas, como o atual contrato acaba no ano que vem, existe a esperança de uma queda de tarifa com a nova licitação. Essa possível redução, assim como a possibilidade de tarifa zero para a capital, aparecem entre as promessas de muitas campanhas.

Redução da tarifa pode aumentar os prejuízos na operação do sistema

Mas as estimativas da URBS apontam que, para a adoção de tarifa zero, seria necessário um subsídio mínimo de R$ 1 bilhão por ano. Considerando o aumento de passageiros que deve ocorrer nesse caso, o valor anual poderia chegar a R$ 2,5 bilhões, o que corresponde a 20% de todo o orçamento de Curitiba.

A linha vai beneficiar moradores da rmc
Algumas linhas do transporte público fazem integração com cidades da Região Metropolitana de Curitiba (Foto: Reprodução/ AMEP)

É importante ressaltar que as análises acontecem em meio a redução, a cada ano que passa, do número de passageiros. O volume hoje já é 26% menor do que o registrado há dois anos, quando a média foi de 744 mil usuários. E mesmo assim as cenas de lotação em horários de pico se repetem todos os dias. Até porque a última ampliação de frota aconteceu em 2018. 

Segundo a URBS, outros pontos que fazem com que a tarifa fique mais cara para todos é o número de beneficiários que contam com desconto ou gratuidade. Hoje, não pagam a tarifa cerca de 238 mil pessoas entre idosos, motoristas e cobradores, carteiros, policiais e guardas municipais em serviço além de estudantes que têm isenção de metade do valor.

Propostas para o futuro incluem adoção de novos modais de transporte

As canaletas exclusivas dos ônibus expressos, que já foram símbolo de inovação na cidade, hoje são insuficientes para desafogar o trânsito. E as estações-tubo que ficaram conhecidas em todo o mundo ao serem implementadas, hoje também são alvo das reclamações dos usuários e por falta de conforto e manutenção.

Para tentar amenizar o problema a prefeitura deu início a um processo de modernização das estruturas via financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento. A estação Prisma Solar Agrárias, no bairro Cabral foi o modelo piloto com inovações como painéis fotovoltaicos, ar condicionado e pontos de recarga USB. Outras 11 estações do mesmo modelo ainda devem ser licitadas na atual gestão.

Novo modelo de estação é uma das tentativas de ampliar o conforto para os usuários (Foto: Divulgação/SMCS)

Mas a grande revolução do transporte público só deve acontecer mesmo com a implementação de novos modais. Os primeiros ônibus elétricos da cidade começam a circular em linhas urbanas neste mês de julho. Em um primeiro momento serão seis ônibus, na linha Interbairros I. A atual gestão também firmou uma parceria com o Governo do Paraná e a Prefeitura de São José dos Pinhais para a implantação e concessão da primeiro veículo leve sobre trilhos (VLT) da região. A proposta é que esse novo modal faça futuramente a ligação entre o Centro Cívico de Curitiba e o Aeroporto Internacional Afonso Pena.

Ônibus elétricos são entregues em Curitiba
Primeiros ônibus elétricos já integram a frota da capital (Foto: Divulgação/ BYD)

Mais do os novos modais e o sonho da diminuição da tarifa, o transporte público que a população de Curitiba quer e merece é com o mínimo de conforto. A climatização dos veículos e das estações, por exemplo, é uma prioridade apontada pelos usuários. Assim como a ampliação da frota e a manutenção de veículos que estão vandalizados. Mas no fundo, o que os moradores da cidade querem mesmo é o fim da excessiva lotação dos ônibus nos horários de pico, e um mínimo de agilidade ao deslocamento dos usuários. A reportagem completa você acompanha no Youtube da RICtv.

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perfil Luciano Balarotti
Luciano Balarotti

Repórter

Formado pela UFPR, Luciano Balarotti tem 25 anos de experiência profissional, grande parte dedicada ao jornalismo esportivo. Mas atua também em áreas como Cultura, Cotidiano, Segurança Pública, Automóveis e Concursos.

Formado pela UFPR, Luciano Balarotti tem 25 anos de experiência profissional, grande parte dedicada ao jornalismo esportivo. Mas atua também em áreas como Cultura, Cotidiano, Segurança Pública, Automóveis e Concursos.