Ex-embaixador do Brasil em Washington, Rubens Barbosa vê como positivas as potenciais discussões bilaterais entre o Brasil e a China, mas acha que é uma simplificação dizer que o País está começando a negociar uma área de livre-comércio.

Negociação do Brasil a China

A declaração de Barbosa aconteceu depois do ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmar que o Brasil conversa com a China sobre a possibilidade de estabelecer uma área de livre-comércio.

Em conversa com o Estadão, o ex-embaixador do Brasil em Washington explica seu ponto de vista. Confira abaixo!

  • Como o sr. vê a iniciativa do governo de discutir a possibilidade de criar uma área de livre-comércio entre o Brasil e China?

Acho que a criação de uma área de livre-comércio do Brasil com China ou mesmo com Estados Unidos são ideias que estão em exame, mas é para uma perspectiva de médio e longo prazo. O que o governo está tentando fazer, e acho correto, é simplificar os procedimentos, desburocratizar para facilitar o comércio, o que é diferente de criar uma área de livre-comércio.

  • Por quê?

Uma área de livre-comércio implica em negociações de produtos. Isso toma muito tempo. O que está sendo discutido é ampliar o comércio entre o Brasil e a China, o que vai no interesse dos dois lados. Mas acho muito difícil hoje pensar numa negociação de uma área de livre-comércio entre Brasil e China porque tem de ter uma discussão muito mais ampla no meio empresarial, coisa que não foi feita.

  • Mas o fato de o governo buscar esse diálogo não é importante?

Uma negociação do Brasil com a China ou EUA precisa ser combinada com os outros parceiros do Mercosul. Temos um tratado em vigência. O Brasil não pode fazer uma negociação isolada sem levar em conta o tratado de Assunção, que criou o Mercosul.

  • Quais os benefícios de um acordo com a China?

Com a China, tem uma ação muito importante do país como produtor industrial, de novas tecnologias.

O que é o livre-comércio?

Conhecido também como livre-cambismo, é um modelo de mercado que a troca de bens e serviços entre países não é afetada por possíveis restrições do Estado.

*Esse conteúdo foi elaborado a partir de matéria publicada originalmente no Estadão