Curitiba - O secretário estadual da Fazenda, Norberto Ortigara, disse nesta segunda-feira (29) que o Governo do Paraná vai enviar um novo projeto de lei para a Assembleia Legislativa do Estado (Alep) para socorrer empresas afetadas pelo tarifaço dos Estados Unidos. A fala foi feita durante uma audiência realizada para discutir os efeitos das tarifas na economia paranaense. 

Setor da madeira é um dos mais afetados pelo Tarifaço dos Eua
Setor da madeira é um dos mais afetados pelo Tarifaço dos Eua (Foto: José Fernando Orgura / AEN)

Ortigara ressaltou que a negociação com os Estados Unidos é política, e que enquanto o Governo Federal não consegue avançar na redução das tarifas, o Governo do Estado vai enviar o projeto para a Alep.

“Somos o estado mais impactado pela decisão americana […] De um lado, então, torcendo para que pela diplomacia, pela política, o governo brasileiro consiga encontrar um caminho, que é o caminho único a ser seguido, ou enquanto isso, estados como o nosso, para evitar demissões que estão ocorrendo, lamentavelmente, porque as empresas têm que ser em base para onde vender. Nós estamos colocando à disposição um crédito um pouco mais barato para capital de giro. Também adquirindo ou liberando créditos do próprio ICMS, que as empresas têm direito e a gente está acelerando esse processo, e outras formas de fazer um enfrentamento no curto prazo dessa grande dificuldade”, disse o secretário.

Ortigara falou ainda que o governo estadual está encontrando outros mecanismos para acelerar o processo para que as empresas obtenham recursos, para no mínimo, pagar as férias de colaboradores e outros compromissos diários.

Presidente da Alep se compromete a pautar projeto com urgência

O presidente da assembleia, o deputado estadual Alexandre Curi (PSD), se comprometeu em pautar em regime de urgência os projetos de socorro enviados pelo Governo do Paraná. “Todos os projetos que chegarem a essa casa eu vou pautar em regime de urgência. Podemos aprovar em 48 horas e devolver para o governador (Ratinho Júnior) sancionar”, disse Curi.

O gerente de assuntos estratégicos da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), João Arthur Mohr, destacou que os produtos exportados para os Estados Unidos são de alto valor agregado. Além disso, também comentou o impacto das tarifas nos empregos, em especial no ramo da madeira, dizendo que esse período é pior que o da pandemia para a economia do estado.

“Nós temos uma pauta de exportações muito robusta, 1 bilhão e 600 milhões por ano. Porém, 40% disso é do setor da madeira, especificamente. E o setor da madeira é totalmente dependente do mercado americano. Como a construção civil americana usa muita madeira, têm diversas indústrias madeireiras paranaenses que exportam 100% da sua produção para lá. No momento em que esse produto foi tarifado, a faixa de 40% e além da tarifa que já existia chegando a 50%, nós ficamos fora do jogo, nós não conseguimos mais exportar um contêiner de madeira para os Estados Unidos. Por quê? Porque o comprador americano, ele primeiro supre a sua necessidade do mercado interno americano, dos próprios madeireiros americanos, depois ele vai para o Chile, que ele paga 10%, ele vai para a Noruega, para a Suécia, a Finlândia, que ele paga 15%, ele vai para o Sudeste Asiático, que ele paga 20%. Por que ele vai comprar do Brasil pagando 50% da tarifa? A gente fica fora do jogo, então é fundamental que haja negociação efetiva entre o governo federal brasileiro, o governo federal americano”, concluiu.

Setor madeireiro acredita em mais demissões

O superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente, Paulo Roberto Pupo, destacou que as medidas do governo federal são paliativas. Ele disse ainda que se as tarifas não forem negociadas, a expectativa é de mais 5 mil novas demissões no setor nos próximos 60 dias.

“O que nós, como entidade nacional, como setor de maneira processada, queremos que tire o componente político da mesa e ponha o componente técnico, diplomático e econômico, seja uma negociação técnica, porque isso é um problema técnico e econômico. Enfim, nós precisamos retomar essas relações comerciais e laterais de forma normal, e o fluxo é a negociação de tarifas. Como a negociação de tarifa é cargo do governo federal, o setor fica meio que de passageiro nesse carro, né, e, infelizmente, nós estamos na dependência e nós não temos presenciado nenhum avanço específico, efetivo nas negociações comerciais. Tomara que isso aconteça”, concluiu. 

Nesta segunda, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) afirmou que está otimista em relação ao encontro entre os presidentes Lula e Donald Trump a respeito do tarifaço dos Estados Unidos. Contudo, disse também que ainda não há informações sobre data e formato da conversa.

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Guilherme Fortunato

Editor

Jornalista há quase 10 anos, especialista em previsão do tempo, coberturas eleitorais, casos policiais e transmissões esportivas. Aborda pautas de acidentes e crimes de repercussão, além de política.

Jornalista há quase 10 anos, especialista em previsão do tempo, coberturas eleitorais, casos policiais e transmissões esportivas. Aborda pautas de acidentes e crimes de repercussão, além de política.