As importações brasileiras aos EUA começaram a ser taxadas em 50% nesta quarta-feira (6). Os setores do agronegócio e da indústria paranaense avaliaram os impactos dessa cobrança como “significativos” e apontaram os principais riscos da manutenção dessa taxação.

A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) apontou que oito dos dez principais produtos comercializados pelo estado aos EUA em 2024 sofreram taxação de 50%.
Foram incluídos nas isenções definidas pela administração dos EUA somente os setores de papel e celulose, responsável por US$ 53,8 milhões em exportações no ano passado, e de suco de laranja, que comercializou US$ 9,5 milhões.
“A Fiep está mobilizada em várias frentes, com articulações diárias em Brasília e junto ao Governo do Paraná, para garantir medidas mitigadoras que reduzam os impactos diretos da taxação sobre a indústria paranaense”, informou o superintendente da Fiep, João Arthur Mohr.
Um dos setores mais impactados é o setor madeireiro. Dados da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas), apontam que o Paraná apontam que os os EUA são o maior importador de serrado de pinus do Brasil (37,15%), e o segundo maior importador do Paraná do mesmo produto (30,79%).
Em 2024, somente os três estados do Sul do Brasil – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, responderam por 86,5% das exportações brasileiras de produtos de madeira para os EUA, totalizando US$ 1,37 bilhão.
O Paraná lidera esse indicador nacional em produtos como compensados, madeira serrada, molduras, portas, painéis e móveis – todos de maior valor agregado.
“O setor florestal está fazendo sua parte, fornecendo dados, cenários e impactos. Mas as negociações ultrapassam a atuação setorial e exigem uma ação governamental com urgência e prioridade”, explica o presidente da APRE, Fabio Brun.
Outros produtos que devem ser impactados são o café, os pescados e os produtos apícolas, como mel e cera.
Dados levantados pela Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) mostram que somente as exportações de tilápias aos EUA representam 97% do total exportado pelo estado. Em 2024, esses embarques renderam à balança comercial paranaense US$ 35 milhões.
“Vamos supor que perdure por seis meses, um ano. Automaticamente toda a cadeia vai sofrer um abalo. Diminuindo até a sua produção. Porque mesmo que tenha uma demanda interna, o preço interno não é suficiente para manter essa cadeia”, analisa Anderson Sartorelli, técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP.
Governo do Paraná oferece crédito a agroindústrias afetadas por tarifas dos EUA

Empresas do Paraná afetadas pelas tarifas aplicadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, terão acesso a um crédito milionário. O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) deve disponibilizar R$ 200 milhões para financiamento de capital de giro, com prazo de 5 anos, sendo um ano de carência, e taxa de juros de IPCA + 4%.
De acordo com o anúncio feito pelo BRDE nesta sexta-feira (1º), serão financiados de R$ 500 mil a R$ 10 milhões por empresa. Todas essas companhias deverão comprovar os impactos sofridos pelo ‘tarifaço’ dos EUA.
Também serão analisados pelo BRDE casos de empresas que já possuem financiamentos com o banco, mas que não vão conseguir honrar os compromissos.
O Governo do Paraná destinará R$ 43 milhões dos dividendos do BRDE (juros sobre capital próprio) para que o banco tenha lastro para ofertar dinheiro mais barato no mercado.
Já a Fomento Paraná também disponibilizará crédito a essas empresas, mas com valores de no máximo R$ 500 mil.
“O Governo do Paraná tem a missão de defender a economia e as nossas empresas. Estamos trabalhando diretamente com os setores atingidos para apresentar as medidas e esperamos que o governo brasileiro, via Itamaraty, consiga dialogar com os EUA para reverter essa posição ao longo das próximas semanas”, explicou o governador Ratinho Junior.
Além do crédito, o Governo do Paraná também anunciou outras medidas de auxílio a essas empresas como utilização de créditos de ICMS homologados no Siscred para fluxo de caixa e postergação de compromissos de investimentos.
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