Curitiba - A edição de 2025 do ranking anual de bilionários da revista Forbes tem a presença de um curitibano na lista. Artur Grynbaum, de 56 anos, é empresário, acionista e atualmente vice-presidente do Conselho do Grupo Boticário. Enquanto em 2024 o Brasil contava com 69 representantes entre os mais ricos do mundo, este número caiu para apenas cinco neste ano. A principal razão apontada para essa redução é a desvalorização de 27% do real frente ao dólar.

O curitibano aparece na 36° posição da lista da Forbes entre os brasileiros. O vice-presidente tem um patrimônio líquido de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,55 bilhões). A fonte de riqueza vem do Grupo Boticário.
A publicação norte-americana considera, para inclusão no ranking, apenas patrimônios líquidos superiores a US$ 1 bilhão. Com a desvalorização cambial, fortunas expressivas em reais passaram a valer menos em dólares, provocando a exclusão de dezenas de nomes brasileiros da lista global.
Mesmo com menos nomes, o valor total das fortunas dos 10 brasileiros que permanecem na lista aumentou. Segundo a Forbes, o patrimônio combinado desses bilionários alcança US$ 121 bilhões (R$ 694 bilhões), um crescimento em relação aos US$ 118,1 bilhões registrados em 2024.
Quem é o curitibano Artur Grynbaum
Artur Grynbaum é empresário, acionista e atualmente vice-presidente do Conselho do Grupo Boticário. O profissional assumiu a função em março de 2021, após uma reestruturação organizacional da companhia. Nessa nova posição, Artur Grynbaum passou a atuar na definição de estratégias de longo prazo, com foco em ampliar a proximidade da empresa com o varejo, os consumidores e os parceiros de negócios. O vice-presidente também participa da formulação de ações voltadas a gerar impacto positivo na sociedade.
A trajetória profissional do profissional teve início na infância, quando trabalhou por quase dez anos na loja Samuca Modas, pertencente ao pai e ao tio. Em 1986, ingressou no Grupo Boticário como assistente financeiro, a convite de Miguel Krigsner, fundador da empresa e seu cunhado. Na ocasião, contribuiu com a estruturação do modelo de franquias e liderou o projeto Redesenho, que se tornaria a base para a expansão do grupo.
Nos anos 1990, Artur Grynbaum tornou-se sócio da companhia. Em 2002, assumiu a vice-presidência executiva e passou a comandar as operações da empresa. Seis anos depois, em 2008, tornou-se CEO do Grupo Boticário. À frente da companhia, liderou mais de 50 mil colaboradores diretos e indiretos e coordenou a formação de um portfólio com múltiplas marcas e canais de venda.
Durante a gestão como CEO, o Grupo Boticário expandiu a atuação com a criação de uma plataforma multicanal, multimarca e multinacional, incluindo as marcas Eudora, Quem Disse, Berenice?, Beautybox, Vult, Multi B, Beleza na Web e O Boticário.
Em 2021, Artur Grynbaum deixou o cargo de CEO, que passou a ser ocupado por Fernando Modé, executivo com mais de duas décadas de atuação na companhia. Desde então, segue no Conselho com papel estratégico na condução do negócio.
Eduardo Saverin lidera entre os brasileiros mais ricos do mundo
O investidor Eduardo Saverin, cofundador do Facebook, continua no topo entre os brasileiros presentes na lista. Com um patrimônio de US$ 34,5 bilhões (R$ 196,6 bilhões), ele ocupa a 51ª posição no ranking global. Saverin é sócio da holding B Capital, sediada em Singapura, onde reside desde que renunciou à cidadania americana em 2012.

Fundada por Saverin e Raj Ganguly em 2016, a B Capital administra atualmente US$ 1,4 bilhão em ativos. Apesar de atuar hoje no segmento de venture capital, grande parte da riqueza de Saverin ainda está vinculada à sua participação acionária na Meta (ex-Facebook).
Ranking global em alta: fortunas somam mais de US$ 16 trilhões
Enquanto o número de brasileiros na lista diminuiu, o ranking geral registrou crescimento. A edição de 2025 da Forbes contabiliza 3.028 bilionários no mundo, com fortunas combinadas que ultrapassam os US$ 16,1 trilhões (R$ 91,8 trilhões). Trata-se de um aumento de US$ 2 trilhões em relação ao ano anterior.
O primeiro lugar global é ocupado por Elon Musk, com patrimônio estimado em US$ 342 bilhões (R$ 1,95 trilhão), seguido por outros nomes recorrentes como Bernard Arnault e Jeff Bezos.
Vicky Safra, Lemann e Telles entre os maiores bilionários do Brasil
Na segunda posição entre os bilionários brasileiros está Vicky Sarfati Safra e seus herdeiros, com um patrimônio de US$ 20,7 bilhões (R$ 119,44 bilhões). A fortuna da família Safra tem origem no setor bancário, com o Banco Safra como principal ativo.
Na terceira colocação, Jorge Paulo Lemann acumula US$ 17 bilhões (R$ 96,9 bilhões), oriundos, principalmente, de sua participação na gigante cervejeira AB InBev. Ele integra o grupo 3G Capital, ao lado de Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
Novos nomes brasileiros na lista: energia e sucessão familiar ganham espaço
Entre os brasileiros que estrearam na lista global em 2025 estão Max Van Hoegaerden Herrmann Telles e Mário Araripe.
Telles, filho do bilionário Marcel Telles, aparece entre os brasileiros mais ricos após receber participação relevante na cervejaria AB InBev. Sua entrada reflete o movimento de sucessão patrimonial em grandes grupos empresariais do país.
Já Mário Araripe, fundador da Casa dos Ventos, figura como um dos principais nomes do setor de energia renovável. Em 2023, Araripe vendeu 34% de seu portfólio de geração de energia para a TotalEnergies, em uma joint venture avaliada em mais de US$ 2 bilhões.
Setor financeiro concentra maior número de fortunas bilionárias no Brasil
O setor financeiro segue como principal fonte de riqueza entre os brasileiros da lista da Forbes. Ao todo, 12 nomes vinculados a bancos e instituições financeiras figuram entre os mais ricos do país. Entre eles estão os herdeiros de bancos tradicionais, como Safra e Itaú, além de fundadores de instituições mais recentes, como XP e Nubank.
O destaque no segmento reforça a concentração de capital em serviços financeiros no Brasil, que, mesmo em um cenário de queda no número de bilionários, manteve sua relevância no ranking.
Queda na moeda nacional influencia exclusão de nomes importantes
A desvalorização cambial tem impacto direto sobre a avaliação em dólares das fortunas brasileiras. Como o ranking da Forbes considera valores convertidos pela cotação de 7 de março de 2025, diversas fortunas que antes superavam a barreira de US$ 1 bilhão ficaram fora da lista.
A taxa de câmbio considerada foi de aproximadamente R$ 5,70 por dólar. Isso significa que, para se manter entre os bilionários globais, era necessário ter um patrimônio acima de R$ 5,7 bilhões.
Lista completa dos 10 brasileiros mais ricos da Forbes 2025
| Posição BR | Nome | Patrimônio (US$) | Patrimônio (R$) | Fonte de Riqueza |
|---|---|---|---|---|
| 1 | Eduardo Saverin | 34,5 bilhões | 196,6 bilhões | Facebook / B Capital |
| 2 | Vicky Safra e família | 20,7 bilhões | 119,4 bilhões | Banco Safra |
| 3 | Jorge Paulo Lemann | 17 bilhões | 96,9 bilhões | AB InBev |
| 4 | Carlos Alberto Sicupira | 7,6 bilhões | 43,3 bilhões | AB InBev |
| 5 | André Esteves | 6,9 bilhões | 39,3 bilhões | BTG Pactual |
| 6 | Fernando Moreira Salles | 6,5 bilhões | 37 bilhões | Itaú |
| 7 | Pedro Moreira Salles | 6,1 bilhões | 34,8 bilhões | Itaú |
| 8 | Miguel Krigsner | 6,1 bilhões | 34,8 bilhões | O Boticário |
| 9 | Max Van H. H. Telles | 5,8 bilhões | 33 bilhões | AB InBev |
| 10 | Alexandre Behring | 5,7 bilhões | 32,5 bilhões | 3G Capital |
Transição patrimonial e novos setores podem moldar próximos rankings
Apesar da queda no número absoluto de bilionários brasileiros, a entrada de nomes ligados à nova economia e a sucessões familiares aponta para possíveis mudanças no perfil dos detentores das grandes fortunas nacionais nos próximos anos.
Empresários ligados a áreas como tecnologia, energias renováveis e venture capital, além de herdeiros de grandes grupos, tendem a ocupar cada vez mais espaço em rankings como o da Forbes.
Desigualdade e concentração de renda continuam em pauta
A redução no número de bilionários brasileiros não indica, necessariamente, uma melhora na distribuição de renda do país. Ao contrário, o aumento das fortunas dos poucos que permanecem na lista sugere uma intensificação na concentração de riqueza.
Segundo especialistas, fatores como a valorização de ativos em dólar e estruturas internacionais de investimento contribuem para a manutenção e crescimento do patrimônio dos bilionários, mesmo em um ambiente econômico desafiador.
Perspectivas para o próximo ano
Para os próximos rankings da Forbes, o desempenho da economia brasileira, a política cambial e os resultados de investimentos em setores estratégicos deverão influenciar a presença nacional na lista global de bilionários.
A eventual valorização do real frente ao dólar, além de movimentações societárias e ofertas públicas de ações, pode contribuir para o retorno de nomes que ficaram de fora em 2025.
Enquanto isso, o cenário atual reforça a importância da diversificação internacional de ativos para preservar e ampliar grandes fortunas em mercados emergentes.
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