A recuperação econômica do varejo no Paraná se manteve em agosto após as intensas quedas registradas em abril e maio.

O boletim conjunturalelaborado pelas secretarias da Fazenda e do Planejamento e Projetos Estruturantes foi divulgado nesta quinta-feira (10), e mostrou que seis dos 11 segmentos analisados fecharam o mês com altas nas vendas em relação a agosto de 2019.

Recuperação econômica no Paraná: em agosto, número de segmentos com aumento nas vendas superou o de grupos em baixa

Desde o início da pandemia o número de segmentos com aumento nas vendas superou o de grupos em baixa no fechamento do mês de agosto.

Os setores em alta são:

  • áudio, vídeo e eletrodomésticos (50%)
  • informática e telefonia (20%)
  • materiais de construção e ferragens (15%)
  • cama, mesa e banho (11%)
  • hipermercados e supermercados (10%)
  • farmácias (4%)

Por outro lado, foram verificadas quedas nas vendas de:

  • restaurantes e lanchonetes (-40%)
  • calçados (-25%)
  • vestuário e acessórios (-16%)
  • veículos novos (-10%)

Os percentuais de queda, contudo, são os mais baixos desde março, o que demonstra reação constante.

No acumulado do ano, cinco dos 11 segmentos avaliados registram altas na comparação com 2019. São eles:

  • áudio, vídeo e eletrodomésticos (10%)
  • hipermercados e supermercados (9%)
  • farmácias (6%)
  • materiais de construção e ferragens (3%)
  • informática e telefonia (2%).

Outros seis segmentos avaliados ainda registram perdas:

  • restaurantes e lanchonetes (-36%)
  • calçados (-34%)
  • vestuário e acessórios (-28%)
  • veículos novos (-17%)
  • cama, mesa e banho (-13%)
  • cosméticos, perfumes e higiene pessoal (-8%)

Produtos que tiveram alta

No recorte de vendas totais por produto, que inclui as negociações de mercadorias entre empresas ao longo da cadeia produtiva e as exportações, vinte grupos tiveram altas em agosto, enquanto sete registraram perdas. Os principais destaques positivos no comparativo com o mesmo mês de 2019 foram:

  • linha branca (59%)
  • notebooks (53%)
  • telefones celulares (51%)

No acumulado de 2020, as maiores altas permanecem com o setor alimentício, espelhando comportamento da população durante a crise. Os destaques são:

  • cereais, farinhas, sementes, chás e café (34%)
  • frutas, verduras e raízes (23%)
  • carnes, peixes e frutos do mar (20%)
  • produtos químicos (20%)
  • notebooks (17%)

Por outro lado, as maiores baixas no ano concentram-se em:

  • vestuário (-27%)
  • automóveis (-27%)
  • caminhões e ônibus (-23%)
  • tratores (-15%)
  • motocicletas (-12%)

Além disso, o valor médio de emissão de Notas Fiscais Eletrônicas (NF-e) em agosto, na comparação com os meses anteriores, confirma a tendência de recuperação econômica.

CARNE, FEIJÃO, LEITE, ARROZ, ÓLEO: VEJA QUANTO SUBIU CADA PRODUTO NO PARANÁ

Houve crescimento nos comércios atacadista e varejista e na indústria de alimentos – a exceção foi a indústria de transformação, com pequena retração.

Na macrorregião Noroeste (região de Maringá e Umuarama) as quatro atividades examinadas registraram altas em agosto.

Foto: Ari Dias/AEN

Na macrorregião Leste (do Centro-Sul ao Litoral, passando por Curitiba, Campos Gerais e Região Metropolitana), apenas a indústria de alimentos já opera acima dos patamares observados antes da pandemia, em março.

A macrorregião Norte (Londrina e região) também registrou alta em três das quatro atividades avaliadas.

A indústria de transformação é atualmente o segmento com índice mais elevado, superando o patamar de operação pré-pandêmico já pelo terceiro mês consecutivo.

Na macrorregião Oeste o maior crescimento em agosto foi detectado no comércio atacadista: 11 pontos percentuais.

Empresas em atividade no Paraná

O estudo também aponta que 98% das empresas já estão em atividade no Paraná, em média.

Considera-se ativa aquela que emitiu ao menos um documento fiscal no período analisado, de 31 de agosto a 4 de setembro.

Alguns municípios já atingiram valor absoluto de 100%, que é uma referência ao começo da pandemia, como Maringá, Ponta Grossa, Colombo, Francisco Beltrão, Pato Branco, Araucária, Arapongas, Umuarama, Pinhais e Guarapuava.

Reabertura do Comércio. Foto: Ari Dias/AEN

O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que reflete as vendas do mês anterior, voltou a registrar queda no consolidado do mês e ainda está longe de retomar os níveis pré-Covid.

O montante arrecadado em agosto foi de R$ 2,9 bilhões, 3,2% menos do que no mesmo período de 2019.

No acumulado de 2020, a queda na arrecadação do principal tributo do Paraná se mantém na casa de R$ 1,5 bilhão (-7,3%).

A baixa é puxada principalmente pelo setor de combustíveis, cuja participação representa 22% de todo o total do ICMS arrecadado no Paraná.

Em agosto, o segmento registrou variação negativa de R$ 173 milhões (-20%). O setor de energia, que tem 16% de participação na arrecadação do tributo, teve queda de 2,2%. O setor automotivo também perdeu em arrecadação (-15,6%), bem como o setor de serviços (-18%).

Por outro lado, segmentos significativos na composição do tributo tiveram alta este mês, como indústria (20%) e bebidas (8%).

O montante de ICMS apresentado no boletim é o total bruto arrecadado. A partir deste valor, 25% são repassados semanalmente para os municípios, de acordo com o índice para 2020 de cada um.

Além disso, 20% são repassados para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).

Ainda segundo a análise, as perspectivas para 2021 são de um Produto Interno Bruto (PIB) nacional 7% menor do que seria num cenário sem pandemia.

Como a arrecadação de ICMS tem forte correlação com a atividade econômica, uma queda nesta ordem pode retirar R$ 2,3 bilhões dos cofres estaduais no próximo ano.

Desta forma, reforça o estudo, não é provável que, em um prazo mais alongado, a arrecadação de ICMS retorne aos patamares esperados antes da crise.

VAGAS DE EMPREGO NO PARANÁ: ESTADO ABRE QUASE 9 MIL VAGAS FORMAIS EM JULHO

Os indicadores sobre o saldo de operações de crédito para pessoas jurídicas e a variação das exportações por mercado de destino, estudo mostra que nos sete primeiros meses deste ano o saldo do crédito concedido às pessoas jurídicas do Paraná cresceu mais de R$ 13 bilhões, totalizando R$ 107,3 bilhões. Os dados são do Banco Central.

Em relação ao comércio exterior, as exportações paranaenses somaram US$ 11,02 bilhões no acumulado de janeiro a agosto de 2020, praticamente o mesmo valor registrado em igual período de 2019 (acréscimo de 0,1%).

Enquanto as vendas paranaenses para vários mercados tiveram queda, as exportações estaduais para a China e a Holanda avançaram significativamente, graças ao comércio das commodities agropecuárias.