Nesta quarta-feira (20), representantes da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas) e o secretário estadual da Fazenda (Sefa), Norberto Ortigara, se reuniram com o objetivo de avaliar medidas emergenciais ao setor florestal do estado. O segmento é um dos mais impactados com as tarifas de 50% nas exportações aos EUA.

As principais medidas solicitadas pela APRE às empresas do setor florestal paranaense foram:
- Implementação de um programa de compra pública de produtos de madeira do Paraná;
- Agilidade na devolução do ICMS em todas as etapas da exportação, incluindo o transporte interestadual;
- Aprovação da atualização da Lei Florestal do Paraná, garantindo segurança jurídica e sustentabilidade da atividade.
“Essas ações são fundamentais para dar fôlego às empresas que estão sendo diretamente atingidas pelas tarifas e que correm o risco de paralisar suas operações”, afirmou o presidente da APRE, Fabio Brun.
Desde o mês de julho, algumas indústrias do setor florestal no Paraná anunciaram férias coletivas para parte dos funcionários. A Millpar tem sede nos municípios de Guarapuava e Quedas do Iguaçu e anunciou que dos 1.109 colaboradores, 640 foram estão nesse regime.
Já a BrasPine, com sede em Jaguariúva e Telêmaco Borba, dispensou para férias coletivas cerca de 1,5 mil funcionários dos 2,5 mil da empresa.
A APRE aponta que a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “praticamente inviabiliza os nossos negócios e, como consequência, milhares de empregos e famílias estão ameaçados”.
Setor florestal brasileiro é dependente dos Estados Unidos

De acordo com dados da APRE, os Estados Unidos são o maior importador de serrado de pinus do Brasil (37,15%), e o segundo maior importador do Paraná do mesmo produto (30,79%).
Além disso, entre os produtos do agronegócio mais vendidos pelo Brasil aos Estados Unidos, o setor florestal lidera em receitas com US$ 3,7 bilhões, seguido de cafés (US$ 2 bilhões), carnes (US$ 1,4 bilhão), sucos (US$ 1,1 bilhão) e complexo sucroalcooleiro (US$ 791 milhões).
Em 2024, somente os três estados do Sul do Brasil – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, responderam por 86,5% das exportações brasileiras de produtos de madeira para os Estados Unidos, totalizando US$ 1,37 bilhão.
O Paraná lidera esse indicador nacional em produtos como compensados, madeira serrada, molduras, portas, painéis e móveis – todos de maior valor agregado.
“O setor florestal está fazendo sua parte, fornecendo dados, cenários e impactos. Mas as negociações ultrapassam a atuação setorial e exigem uma ação governamental com urgência e prioridade”, finaliza Brun.
A APRE ainda defende que o Governo Federal não atue com medidas de retaliação aos Estados Unidos e busque acordo para reverter o cenário, ao menos, para prorrogar a medida tarifária por, no mínimo, 90 dias, permitindo “ajustes contratuais e logísticos”.
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