Sindicato dos motoristas e cobradores acusa dirigentes das viações Leblon e Nobel de apropriação indébita de recursos dos trabalhadores
O Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba (Sindimoc) realiza na tarde desta quarta-feira (18) notícia-crime e pedido de prisão por apropriação indébita contra quatro empresários, proprietários da Viação Nobel e do Grupo Leblon Transporte, que operam linhas de ônibus de Fazenda Rio Grande.
Segundo nota do sindicato, desde maio as empresas teriam deixado de repassar valores relativos à assistência médica ambulatorial dos trabalhadores. Também teriam começado a descontar o valor de mensalidades do salário dos trabalhadores sem realizar os devidos repasses, apropriando-se indevidamente do valor.
No total, até outubro deste ano, as empresas já teriam desviado mais de R$ 239 mil.
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O presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira, afirma que negociações vem sendo tentadas desde maio, sem resposta alguma por parte da empresa e que após denúncias feitas ao sindicato pelos trabalhadores, a diretoria do Sindimoc optou por formalizar a denúncia e solicitar a prisão dos empresários. “Não podemos achar que é normal uma empresa descontar o dinheiro suado do trabalhador e ficar com ele sem dar satisfação alguma, quando, do outro lado, se faltar 10 reais no fechamento de um caixa de dia, o trabalhador é muitas vezes taxado de ladrão e até demitido pela empresa”, afirmou.
Outra denúncia grave é a apropriação indébita de valores relativos a empréstimos consignados. Segundo o sindicato, dezenas de trabalhadores já procuraram o Sindimoc para relatar o desvio. As empresas Nobel e Leblon teriam descontado os valores de empréstimos consignados dos trabalhadores e não repassaram para os agentes financeiros que concederam os empréstimos (bancos e financeiras), causando o cadastro dos funcionários em organismos de proteção ao Crédito, como Seproc e Serasa, e todos os transtornos e danos morais decorrentes desse cadastro.
Atraso nos salários
Ainda de acordo com o Sindimoc, a Leblon e Nobel também têm sido alvo de indignação e protestos de motoristas e cobradores por recorrentes atrasos no pagamento de salários. Segundo o registro dos próprios trabalhadores, a empresa tem atrasado pagamentos de vales e salários em todos os meses desde abril desse ano.
A falta de repasse da empresa causou, também nesta semana, a suspensão de todos os benefícios oferecidos pelo Centro Integrado de Saúde, incluindo exames laboratoriais e assistência ambulatorial.
As empresas Nobel e Leblon operam 18 linhas de ônibus, cobrindo toda a região de Fazenda Rio Grande, urbano e metropolitano, e também fazendo a interligação com Curitiba.
Outro lado
Em nota encaminhada pelo Setransp – que representa as empresas que administram o transporte público de Curitiba e Região Metropolitana – o Grupo Leblon Transporte de Passageiros, que reúne as empresas Leblon e Nobel, esclarece que realizou integralmente, na tarde desta quarta-feira (18) de novembro de 2015, os repasses referentes à mensalidade associativa que tinham sido descontados em folha de pagamento, não havendo, portanto, mais débitos.
Quanto ao Fundo Assistencial e à Assistência Médica Ambulatorial, já foram quitadas integralmente, também nesta tarde, as parcelas referentes ao período entre maio e julho. Os pagamentos referentes ao período entre agosto e outubro vão ser realizados com prioridade nas próximas semanas.
A Leblon e Nobel enfatizam que não é verdadeira a informação de que houve atrasos nos pagamentos de vales e salários, que estão sendo honrados em dia, mesmo diante do quadro delicado da economia brasileira e das dificuldades enfrentadas pelas empresas de transporte de Curitiba e Região Metropolitana após a desintegração financeira da RIT – Rede Integrada de Transporte.