Estudo desenvolvido pela Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) apontou que cerca de 4 mil pessoas foram demitidas em cargos no setor madeireiro devido ao ‘tarifaço’ dos EUA contra as exportações do Brasil. As taxas de 50% contra esses produtos começaram no dia 1º de agosto, embora tenham sido anunciadas em 9 de julho.

Nesse período, cerca de 5,5 mil trabalhadores estão em férias coletivas e 1,1 mil em layoff. A Abimci ainda aponta que nos próximos 60 dias, caso não haja o fim do tarifaço dos EUA contra o Brasil, mais 4,5 mil demissões possam ocorrer no setor madeireiro.
Dados da Abimci ainda apontam que somente em agosto, as exportações de alguns produtos de madeira processada do Brasil aos EUA caíram entre 35% e 50%, na comparação com o mês de julho.
No ano passado, o setor madeireiro brasileiro exportou US$ 1,6 bilhão em produtos para os EUA. O mercado norte-americano é um dos principais parceiros do segmento no Brasil, com alguns setores tendo 100% da produção voltada ao país.
Abimci pontua que demissões após tarifaço resultam por falta de “bom senso” do Governo Federal
A Abimci ainda pontuou em comunicado que o Governo Federal não tem agido com “bom senso” nas negociações junto aos EUA pelo fim do tarifaço.
“Nossos governantes assistem, de forma passiva, milhares de trabalhadores perderem sua fonte de renda. A nós resta testemunhar, com consternação, a desestruturação de cadeias produtivas inteiras consolidadas há anos, que sustentam inúmeras famílias em diferentes regiões do país”, complementa a Abimci.
Paraná tem principal produto exportado aos EUA ainda taxado

De acordo com dados da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas), os Estados Unidos são o maior importador de serrado de pinus do Brasil (37,15%), e o segundo maior importador do Paraná do mesmo produto (30,79%).
Além disso, entre os produtos do agronegócio mais vendidos pelo Brasil aos Estados Unidos, o setor florestal lidera em receitas com US$ 3,7 bilhões, seguido de cafés (US$ 2 bilhões), carnes (US$ 1,4 bilhão), sucos (US$ 1,1 bilhão) e complexo sucroalcooleiro (US$ 791 milhões).
Em 2024, somente os três estados do Sul do Brasil – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, responderam por 86,5% das exportações brasileiras de produtos de madeira para os Estados Unidos, totalizando US$ 1,37 bilhão.
O Paraná lidera esse indicador nacional em produtos como compensados, madeira serrada, molduras, portas, painéis e móveis – todos de maior valor agregado do que a celulose.
Brun comentou que existe a possibilidade de que, assim como a celulose, a madeira serrada também possa ser isentada em breve pelos EUA. Mas, que para isso, é preciso um esforço do Governo Federal em dialogar com o presidente norte-americano, Donald Trump.
“A partir do momento que os EUA entenderem que algum produto florestal brasileiro não é possível de ser substituído por um equivalente em um preço competitivo, existe a chance de que os EUA revejam a posição. É importante que a gente faça o esforço diplomático de tentar fazer essa tarifa baixar”, explica Fabio Brun, presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas).
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