No Brasil, só a Renault tem 200 carros elétricos em circulação. São unidades vendidas ao consumidor final, automóveis usados para demonstrações e parcerias com outras empresas. Todos importados da Europa.
A indústria automotiva se mobiliza para tornar a oferta e as linhas de produção capazes de montar modelos mais alinhados com a preservação ambiental e aos novos comportamentos dos consumidores. A Volkswagen no Brasil prepara uma ofensiva com o lançamento de seis modelos híbridos e elétrico nos próximos cinco anos. No primeiro momento, todos serão importados. A Volvo, outra gigante, anunciava já em 2017, que a partir de 2020 passaria a fabricar novos modelos só com motores elétricos e híbridos.
A BMW, que tem fábricas em Santa Catarina e no Amazonas (motos), quer chegar em 2025 com 25 modelos eletrificados, sendo 12 totalmente elétricos. Até o ano passado o BMW i3 era o único carro 100% elétrico à venda no Brasil, mas ficou fora do mercado durante quase um ano. Ele voltou em junho de 2018, reestilizado e equipado com baterias com maior capacidade de armazenamento de energia, que garantem até 180 quilômetros de autonomia. Uma coisa não mudou. O preço nada acessível para a maior parte dos brasileiros, entre R$ 199.950 e R$ 239.950, já com a isenção do imposto de importação (IPI), aplicada desde 2015 aos automóveis elétricos e elétricos plug-in, que tem cabo para carregar as baterias com a corrente elétrica.
Pertencente ao grupo BMW, a fabricante britânica MINI iniciou os testes com modelos elétricos há mais de dez anos. O MINI E foi o primeiro carro totalmente elétrico do BMW Group a trafegar em condições normais da cidade. Os estudos com com o esportivo ajudaram a desenvolver o BMW i3. Já o primeiro híbrido plug-in da marca produzido em escala industrial, o MINI Cooper S E Countryman ALL4, chegou ao mercado brasileiro no ano passado a R$ 199.990. O veículo agrega sistemas de tração eletrificado e à combustão e a inteligência embarcada faz o melhor uso entre as duas tecnologias, de acordo com o modo de condução. A autonomia estimada chega a 500 quilômetros – puramente elétrico por até 40 quilômetros de distância e alcançando velocidade de até 125 km/h. O modelo é produzido em Born, na Holanda. Ainda para este ano, a empresa promete um novo modelo inteiramente eletrificado para comercialização mundial.
O BMW Group é fabricante líder mundial de automóveis e motocicletas e tem a sustentabilidade ecológica e social em toda a cadeia de valor e estratégia comercial. A quinta geração de veículos totalmente elétricos da montadora deve ser lançada em 2020, com o BMW iX3. A tecnologia BMW eDrive combina um motor elétrico excepcionalmente potente e uma bateria de alta voltagem, para autonomia de mais de 400 quilômetros e possibilidade de uso de estações de carregamento com capacidade de 150 kW. O BMW iX3 será o primeiro modelo produzido para o mercado global pela joint venture BMW Brilliance Automotive (BBA), na cidade de Shenyang, na China. Atualmente o carro passa por avaliações de desempenho no centro de testes do BMW Group em Arjeplog, na Suécia, junto com outros dois modelos: os BMW i4, previsto para 2021 com fábrica em Munique, na Alemanha; e o BMW iNEXT, com autonomia prevista acima de 600 quilômetros e sistemas de direção semiautônoma, é já é considerado o carro-chefe das novas tecnologias do BMW Group e será produzido na fábrica da BMW em Dingolfing, na Alemanha, a partir de 2021.
Com os automóveis ainda com preços proibitivos para grande parte da população, muitos brasileiros acabam tendo o primeiro contato com veículos elétricos com meios mais “lúdicos” de transporte. Bicicletas, scooters e patinetes ganham espaço em estacionamentos e vias de grande circulação das cidades. A tendência vem na contramão dos congestionamentos. Pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) para a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), aponta que em média cada brasileiro gasta no trânsito 40 dias por ano.
Poder vencer as filas é uma sensação de prazer única para a curitibana Bruna Cosmoski. A dentista adotou um MUV (veículo de mobilidade urbana) no começo do ano passado como alternativa ao uso do carro e do transporte coletivo para percorrer aproximadamente 2 Km, entre a casa dela e o consultório. “Escolhi porque não posso chegar suada no meu trabalho e prefiro me maquiar em casa. É barato, confortável e divertido, além de não poluir o meio ambiente”, explica. O veículo atinge até 40 Km/h e o condutor não precisa ter carteira de habilitação. Questão que já começou a ser discutida. Com a popularização do uso desses MUVs há uma cobrança para a regulamentação desses veículos no trânsito urbano.
Esse mercado “alternativo”, compartilhado ou não, está em crescimento e gera novas oportunidades de negócios. A montadora de veículos MXF Motors do Brasil, com sede em Curitiba, importa os kits da China, monta e vende os veículos aqui. São dois modelos, que pesam entre 40Kg e 50Kg, e tem bateria 48V 12AH que dura até duas horas para uso ininterrupto. Fabricados em ação carbono dobrável, podem ser guardados dentro de casa e transportados em veículos em deslocamentos longos.


