O legado dos povos negros da África, com sua influência na formação da sociedade brasileira, na cultura e na religião foi o tema central da primeira noite de desfiles no sambódromo do Rio de Janeiro, entre a noite de domingo (2) e a madrugada desta segunda-feira (3). As primeiras quatro escolas a desfilar trouxeram referências às religiões tradicionais do continente africano e à importância dos negros na construção da identidade brasileira.

1º dia do desfile de Carnaval 2025 no Rio de Janeiro
Quatro escolas abriram os desfiles no Rio de Janeiro (Foto: Marco Terranova/Riotur)

Com a mudança no cronograma dos desfiles, ampliado em um dia, todas as quatro escolas atravessam o sambódromo antes do amanhecer, o que valoriza os efeitos de luzes e brilhos da festa. Algo bem explorado pelas quatro agremiações da primeira noite.

Unidos de Padre Miguel

Como tradicionalmente acontece no Carnaval carioca , a escola que subiu para o Grupo Especial é a primeira a desfilar. Este ano essa essa honra coube à Unidos de Padre Miguel, que voltou à elite das escolas de samba do Rio de Janeiro depois de 53 anos.

Com o enredo “Egbé Iya Nassô” , que conta a origem do primeiro terreiro de candomblé do Brasil, o Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, em Salvador, e sua líder, Iyá Nassô, a escola mostrou a relevância das religiões de matizes africanas na cultura brasileira.

1º dia do desfile de Carnaval 2025 no Rio de Janeiro
Campeã do Grupo de Acesso, a Unidos de Padre Miguel foi a primeira escola a desfilar (Foto: Tata Barreto/Riotur)

Destaque para o protagonismo feminino tanto pelo temo a escolhido quanto pela forte presença de 40 mulheres na bateria da escola. Destaque também para um dos carros alegóricos que espalhou o cheiro dos perfumes usados nos banhos de ervas pela avenida.

Imperatriz Leopoldinense

A segunda escola a desfilar na primeira noite foi a Imperatriz Leopoldinense, vice-campeã no ano passado. A agremiação trouxe para a avenida o enredo “Ómi Tútu Ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón”, também abordando a religiosidade africana.

A Imperatriz levantou o público da Sapucaí contando a jornada de Oxalá até o reino de Xangô, com todos os obstáculos enfrentados pelo caminho. O samba-enredo da escola foi o mais cantado pela plateia na primeira noite.

1º dia do desfile de Carnaval 2025 no Rio de Janeiro
Imperatriz trouxe a religiosidade africana para a Sapucaí (Foto: Marco Terranova/Riotur)

Unidos do Viradouro

A terceira escola a desfilar, já atravessando a madrugada, foi a Unidos do Viradouro. A atual campeã trouxe para a avenida um enredo sobre uma entidade que une as tradições africanas com a dos povos originários do Brasil.

Com o tema “Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos”, a agremiação contou a história do líder quilombola que se tornou posteriormente uma entidade afro-indígena que se manifesta como Caboclo, Mestre e Exu/Trunqueiro.

1º dia do desfile de Carnaval 2025 no Rio de Janeiro
Viradouro defende o título este ano (Foto: Alex Ferro/Riotur)

Estação Primeira de Mangueira

Coube à tradicionalíssima Mangueira fechar a primeira noite de desfiles. Com o enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões” na Marquês de Sapucaí, a escola falou sobre a influência dos povos africanos na construção da sociedade carioca.

1º dia do desfile de Carnaval 2025 no Rio de Janeiro
Mangueira encerrou a primeira noite de desfile (Foto: Alex Ferro/Riotur)

A Verde e Rosa mostrou um pouco de como era a vida desses povos na África e também todo o sofrimento com a escravidão. Mas fechou a história mostrando a alegria dos jovens negros da comunidades cariocas, com suas brincadeiras e musicalidade.

Programação dos desfiles

Nesta segunda-feira desfilam na Sapucaí mais quatro escolas: Unidos da Tijuca, Beija-Flor de Nilópolis, Acadêmicos do Salgueiro e Unidos de Vila Isabel, pela ordem. Já na terça-feira (4), Mocidade Independente de Padre Miguel, Paraíso do Tuiuti, Acadêmicos do Grande Rio e Portela encerram os três dias de desfiles na avenida. A apuração do Carnaval carioca será na Quarta-Feira de Cinzas (5).

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perfil Luciano Balarotti
Luciano Balarotti

Repórter

Formado pela UFPR, Luciano Balarotti tem 25 anos de experiência profissional, grande parte dedicada ao jornalismo esportivo. Mas atua também em áreas como Cultura, Cotidiano, Segurança Pública, Automóveis e Concursos.

Formado pela UFPR, Luciano Balarotti tem 25 anos de experiência profissional, grande parte dedicada ao jornalismo esportivo. Mas atua também em áreas como Cultura, Cotidiano, Segurança Pública, Automóveis e Concursos.