O legado dos povos negros da África, com sua influência na formação da sociedade brasileira, na cultura e na religião foi o tema central da primeira noite de desfiles no sambódromo do Rio de Janeiro, entre a noite de domingo (2) e a madrugada desta segunda-feira (3). As primeiras quatro escolas a desfilar trouxeram referências às religiões tradicionais do continente africano e à importância dos negros na construção da identidade brasileira.

Com a mudança no cronograma dos desfiles, ampliado em um dia, todas as quatro escolas atravessam o sambódromo antes do amanhecer, o que valoriza os efeitos de luzes e brilhos da festa. Algo bem explorado pelas quatro agremiações da primeira noite.
Unidos de Padre Miguel
Como tradicionalmente acontece no Carnaval carioca , a escola que subiu para o Grupo Especial é a primeira a desfilar. Este ano essa essa honra coube à Unidos de Padre Miguel, que voltou à elite das escolas de samba do Rio de Janeiro depois de 53 anos.
Com o enredo “Egbé Iya Nassô” , que conta a origem do primeiro terreiro de candomblé do Brasil, o Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, em Salvador, e sua líder, Iyá Nassô, a escola mostrou a relevância das religiões de matizes africanas na cultura brasileira.

Destaque para o protagonismo feminino tanto pelo temo a escolhido quanto pela forte presença de 40 mulheres na bateria da escola. Destaque também para um dos carros alegóricos que espalhou o cheiro dos perfumes usados nos banhos de ervas pela avenida.
Imperatriz Leopoldinense
A segunda escola a desfilar na primeira noite foi a Imperatriz Leopoldinense, vice-campeã no ano passado. A agremiação trouxe para a avenida o enredo “Ómi Tútu Ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón”, também abordando a religiosidade africana.
A Imperatriz levantou o público da Sapucaí contando a jornada de Oxalá até o reino de Xangô, com todos os obstáculos enfrentados pelo caminho. O samba-enredo da escola foi o mais cantado pela plateia na primeira noite.

Unidos do Viradouro
A terceira escola a desfilar, já atravessando a madrugada, foi a Unidos do Viradouro. A atual campeã trouxe para a avenida um enredo sobre uma entidade que une as tradições africanas com a dos povos originários do Brasil.
Com o tema “Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos”, a agremiação contou a história do líder quilombola que se tornou posteriormente uma entidade afro-indígena que se manifesta como Caboclo, Mestre e Exu/Trunqueiro.

Estação Primeira de Mangueira
Coube à tradicionalíssima Mangueira fechar a primeira noite de desfiles. Com o enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões” na Marquês de Sapucaí, a escola falou sobre a influência dos povos africanos na construção da sociedade carioca.

A Verde e Rosa mostrou um pouco de como era a vida desses povos na África e também todo o sofrimento com a escravidão. Mas fechou a história mostrando a alegria dos jovens negros da comunidades cariocas, com suas brincadeiras e musicalidade.
Programação dos desfiles
Nesta segunda-feira desfilam na Sapucaí mais quatro escolas: Unidos da Tijuca, Beija-Flor de Nilópolis, Acadêmicos do Salgueiro e Unidos de Vila Isabel, pela ordem. Já na terça-feira (4), Mocidade Independente de Padre Miguel, Paraíso do Tuiuti, Acadêmicos do Grande Rio e Portela encerram os três dias de desfiles na avenida. A apuração do Carnaval carioca será na Quarta-Feira de Cinzas (5).
Quer receber notícias no seu celular? Entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui