Confesso que mesmo como chef de cozinha, nunca me atentei com muita seriedade aos
alimentos orgânicos. Falha curricular grave, beirando gravíssima!

Carnívoro e engraçadinho por natureza, é com tristeza no coração que digo que sempre adorei piadas maldosas sobre vegetarianos, vegans e afins. Sempre liguei a comida orgânica a esses grupos e não me enganei, por muito tempo.

Morango da Felicidade
O que abriu os olhos para o mundo do alimento da roça antiga foi um bendito morango. Era uma frutinha pequena, não muito arredondada e ligeiramente feia que me fez pensar melhor.

Aquele morango caiu como uma bomba na minha cabeça. Só pensava: como que uma fruta tão pequena tinha tanto sabor? Aquele moranguinho, todo torto o tadinho, tinha um sabor concentrado, maravilhoso, parecia haver uma caixa inteira de morangos ali dentro. Naquele momento, abri os olhos para esse mundo.

Com o olhar de profissional da área, me senti obrigado a prestar muito mais atenção ao tema.

Percebi que não precisa ser natureba para comer orgânicos. Pelo contrário, existem carnes, manteigas, cervejas, azeites, queijos, pães, vinhos, açúcar, cafés, massas, além de uma série de produtos orgânicos industrializados, por mais estranha que essa frase possa parecer.

Obviamente, legumes, frutas, verduras e seus derivados, não precisam ser citados.

Ao contrário?
Li pesquisas que dizem que o alimento orgânico não tem nenhum benefício em relação a
nutrientes. Assim como o contrário! Li que a produção orgânica não seria capaz de alimentar o mundo. Assim como o contrário! Que esse método de cultivo salvaria o mundo! É difícil de saber em quem acreditar? Acho que cada um faz o lobby para o time que joga. Outros porque realmente se preocupam conosco.

Não tenho interesse em fazer qualquer apologia ao tema. Posso, inclusive, dizer que já
consumi péssimos produtos orgânicos. Apenas fico feliz em saber que esses produtos vieram para ficar. Que a variedade que nos é ofertada está aumentando e que tudo está mudando!

Consumidores não precisam mais levantar bandeiras a seu favor. Aquele comportamento
fanático nunca precisou existir, foi só dar tempo ao tempo que tudo começou a acontecer.

Considero que esses alimentos, independentemente de serem mais saudáveis ou não, já merecem a minha consideração por seus conceitos.

É óbvio!
Parece óbvio dizer, mas realmente precisamos de um mundo com menos pesticidas e herbicidas, com questões sociais e profissionais adequadas e preocupação com saúde e meio ambiente. Por si só, esses simples fatos já demonstram que os orgânicos merecem SIM a nossa atenção e que não precisamos mudar nossos hábitos para consumi-los, apenas alguns simples conceitos.

Conheça o chef
Fábio Pimentel. Chef de cozinha, é formado em Gastronomia pela Universidade Anhembi Morumbi de São Paulo e pós-graduado em Docência em Gastronomia pela HOTEC de São Paulo. Atua, em Curitiba, como chef de cozinha, professor, consultor de restaurantes e blogueiro: www.gastronomiadescomplicada.com.br