Eles se tornaram ainda mais conhecidos nacionalmente com a participação no programa dominical Tamanho Família. Mas a base da Família Lima sempre foi experimentar tudo o que pudessem dentro da música e é dessa forma que o grupo lança, nesta sexta-feira (8), seu novo EP. Gravado totalmente de casa, por causa da pandemia do novo coronavírus, Música de Domingo II vem também com clipes que vão ser lançados a cada 15 dias.

O EP Música de Domingo surgiu do sucesso das canções interpretadas pela Família Lima no dominical da Globo. A primeira edição foi apresentada no ano passado e agora a banda lança o volume II, com quatro músicas que destoam entre si e pedem até mesmo que os músicos experimentem os arranjos para deixar ao seu próprio estilo, sempre se baseando na mistura da música clássica com pop, rock e música eletrônica.

“Essa coisa de misturar sons é uma conquista da gente, porque fomos criados num ambiente musical sem preconceito algum. A gente ouviu de tudo e tentamos tocar de tudo que dava para tocarmos com a capacidade que a gente tinha. Fomos desenvolvendo isso ao longo do tempo, cada um da sua forma”, destacou Amon Lima, em entrevista ao RIC Mais.

Segundo o músico, viver de música e dessa forma, com a possibilidade de se aventurar por vários estilos – ainda que tenham sempre o olhar para a ideia principal da banda – é maravilhoso. “Porque a gente vê que hoje em dia, para um músico ter um lugar no ‘mundo dos negócios’, digamos assim, ele tem que segmentar o som e viver daquele segmento. Nós ficamos felizes por fazer isso sempre diferente, misturamos o nosso repertório, sempre tivemos na essência da Familia Lima”.

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Grupo está parado desde o começo da pandemia. Foto: Divulgação.

O contato com o programa dominical, que pediu exatamente que a banda adaptasse ainda mais as canções de outros artistas para o jeito próprio de fazer música, ajudou. “Nos ampliou ainda mais essa essência, o que acabou levando nossos últimos lançamentos nesse sentido. O volume I, do ano passado, misturou de Anitta a Offenbach. Esse novo também mistura muita coisa e é isso que gostamos de fazer”.

Não ter preconceito sobre a música foi um dos fatores que fez com que a Família Lima não só se destacasse como também continuasse firme até hoje.

“Todos nós temos essa vontade de experimentar e tocar coisas diferentes, por conta da maneira que fomos criados musicalmente. Talvez a nossa essência seja não ter nenhum rótulo e nenhum preconceito mesmo”, avaliou Amon.

EP gravado totalmente em casa por causa da pandemia

O novo projeto surgiu em meio ao turbilhão de problemas e sensações que estamos experimentando por causa da pandemia do novo coronavírus. Embora muitos músicos costumem gravar uma coisa ou outra em casa, quase nunca um disco inteiro é feito dessa forma e Amon contou que a banda teve que se adaptar. “É a primeira vez que a gente faz um EP inteiro assim. Tínhamos muito pouca coisa começada desse trabalho, então dá para dizer que ele todo feito dessa forma mesmo”.

Amon comentou que está passando o período de quarentena no Sul, e que a experiência de fazer música nesse momento foi diferente até para ele. “Foi legal. Quando vim para o Sul eu não iria trazer meu equipamento de gravação, por sorte eu resolvi trazer. Hoje temos equipamentos que conseguimos gravar de forma profissional. O Lucas [Lima, vocalista da banda e produtor musical do projeto] tem estúdio em casa, que é muito equipado, com uma sala de gravação muito boa, então aproveitamos isso também”.

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Foto: Divulgação.

Segundo o músico, a pandemia mudou o repertório do que seria o segundo volume do Música de Domingo. “Já tínhamos algumas músicas, algumas estavam no repertório e outras não. Mas escolhemos por causa do momento. Não queríamos ficar parados, mas procuramos trazer a mensagem de que isso vai passar, essa situação vai mudar. Não desanime”.

Amon destacou o fato de que, para os músicos de modo geral, a situação pode ser ainda mais complicada. Isso porque não sabem quando vão poder voltar aos palcos, mas a esperança não pode morrer.

“A questão de trabalho é muito afetada, porque somos os primeiros a parar e os últimos a voltar. Mas podemos criar, fazer alguma coisa de uma forma que as pessoas possam ver e ouvir, se sentir bem. Hoje a arte está sendo muito consumida porque é o que resta. Óbvio que as pessoas que têm condição de fazer isso, porque tem muita gente tentando se virar nos 30 para botar pão em casa, o que é a parte pior dessa pandemia toda. Mas poder produzir conteúdo e levar para essas pessoas, para nós é uma grande realização”.

A arte tem salvado muita gente nesse momento crítico de pandemia, em que acabamos presos em casa e com nossas próprias mentes. Ainda que às vezes nem percebamos tudo isso. “Quando tu para para pensar, a arte é basicamente o que dá sentido a existência humana. Porque se não, não estaríamos vivendo e sim sobrevivendo. A arte e o amor pelas outras pessoas, que não deixa de ser uma forma de arte. O artista faz as coisas por amor a arte e por amor às pessoas. Você tirar a sua arte do seu ambiente de criação e levar para outras pessoas, é uma forma de expressar o amor. A existência humana, o propósito dela é fazer arte ou consumir arte. E que bom que temos isso em meio a um momento tão difícil”, avaliou.

Quatro músicas, quatro clipes a cada 15 dias

As quatro músicas escolhidas pela Família Lima para o volume dois do Música de Domingo já foram lançadas e estão em todas as plataformas digitais. Como Amon mesmo disse, o repertório mistura um pouco de tudo: Gonna Fly Now [tema do filme Rocky], Só os Loucos Sabem [Charlie Brown Jr], Domingo de Manhã [Marcos e Belutti] e Azul [Djavan]. Junto disso, cada canção ganhou também um clipe, que foi gravado da mesma forma que o EP, totalmente em casa.

O primeiro clipe escolhido pelo grupo foi o de Só os Loucos Sabem, que no EP ganhou a participação da jovem cantora Agnes. “Essa música com a Agnes não tocamos no programa, mas o Lucas fez o arranjo para que ela pudesse cantar numa premiação. Ele gostou muito de como ficou e foi ali que conheceu a Agnes. Quando surgiu a ideia de fazer o EP, o Lucas sugeriu essa música, com a participação, e nós abraçamos. Aumentamos o arranjo, colocamos mais instrumentos, o Lucas colocou a voz dele, que não tinha antes. A escolha dela veio porque ficou bonito e a gente quis fazer. Aconteceu”, contou Amon, destacando que, da mesma forma que Agnes, que tem 18 anos, a banda toda também começou muito nova. “A gente sabe como é isso”.

A escolha de Só os Loucos Sabem para ser o primeiro lançamento não foi por acaso. “É a música que mais explica o trabalho como um todo dos quatro lançamentos e também fala muito para a gente nesse momento em que todo mundo está em casa, tem contato com seus próprios pensamentos e sua própria loucura. Ficou meio óbvio para a gente que essa tinha que ser a primeira musica a ser lançada mesmo”, comentou.

O video, que foi todo gravado a distância, já está no YouTube. “Cada um gravou com seu celular, do jeito que conseguiu. E o trabalho de edição ficou muito bonito, com cara profissional. Não parece que foi feito em casa. Traz também um pouco da mensagem que queríamos passar às pessoas nesse momento”, adiantou Amon Lima, reforçando que até o dia 19 de junho outros três clipes vão ser disponibilizados, a cada 15 dias. “Todos dessa forma diferente de fazermos, de casa mesmo”, brincou.

De olho no futuro, mas preocupados com o presente

Como todos os artistas, a agenda da Família Lima está parada, mas os músicos não. Amon comentou que tem estudado muito nesse período e que cada um tem produzido da forma que consegue. “Agora estamos mesmo focados no EP, queremos que vá para a frente, que as pessoas ouçam, assistam aos vídeos que ainda vão sair e tudo mais. Mas estamos, como todos os brasileiros, vendo o que vai acontecer”.

A previsão de que o último lançamento dos vídeos saia até o dia 19 de junho vai bem ao encontro do que o Ministério da Saúde disse sobre o pico da pandemia no país, então vem também com um respiro de esperança. “Sabemos que estamos próximos do pico da pandemia, depois vamos ver quando isso vai diminuir e quando vamos poder voltar para a estrada e o para os palcos. Nossa vontade é de voltar a fazer show, mas não temos nem ideia de como isso vai ficar. As coisas vão melhorar, mas vai ser um novo normal, com coisas boas, coisas ruins. O que queremos é poder estar juntos de novo para tocar para as pessoas, o que a gente gosta tanto”.

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Vontade é voltar o quanto antes, mas quando todos estivermos seguros. Foto: Divulgação.