ALÔ ALÔ !
Voltei no tempo hoje no Paraná no Ar. Explico !
Uma das entrevistadas no estúdio foi a cantora Maria Alcina. Já sei você tem menos de vinte anos e não tem a menor noção de quem é Maria Alcina. Mas eu tenho quase 50, e me lembro dela cantando Fio Maravilha em 1972 no Festival Internacional da Canção. Vi pela TV ABC (marca famosíssima nos anos 70), que meu pai tinha comprado em 60 prestações para vermos a Copa do Mundo.
Fio Maravilha era um ídolo do Flamengo, que muitos anos mais tarde virou entregador de pizza nos Estados Unidos !
O público veio abaixo quando a cantora com sua voz grave e personalidade forte, subiu no palco ginásio do Maracanãzinho com um visual “Jeannie é um gênio” (que se você tem menos de 40 anos, também não sabe que é um seriado norte americano da segunda metade dos anos 60), e arrebentou… “Foi um verdadeiro gol de placa”, frase do refrão da música que serve bem pra definir aquela apresentação. Os festivais de música daquela época eram como finais de campeonato brasileiro. Reuniam milhares de pessoas dispostas a gritar até à morte na torcida pelas canções favoritas. Era regime militar dos brabos, época de pessoas desaparecidas, época em que os artistas tinham muito a dizer e a expressar.
Naquele dia Maria Alcina escreveu para sempre o nome dela na história visual da MPB. E ela continuou fazendo sucesso nas décadas seguintes, regravando clássicos como “Alô Alô”, ou músicas, digamos, muito mais populares como “Calor na bacurinha” e “Prenda o Tadeu”.
Agora ela apresenta em Curitiba um show com temas de cinema da Atlântida (que foi uma produtora brasileira de mais de 60 filmes entre 1940 e 1960). São músicas que serviram de trilha para Oscarito, Grande Otelo, Norma Bengel e Anselmo Duarte, entre outros. O espetáculo traz arranjos que mostram mais um lado da cantora de mil talentos: a sofisticação.
Mas não pensem que Maria Alcina deixou de lado as extravagâncias: ela que já se vestiu de Carmem Miranda e raspou a cabeça hoje vestia um boá amarelo e um vestido de paetês vermelhos… antes das oito da manhã. É o jeito Maria Alcina de ser !