Pode haver relação entre a obesidade infantil e o tempo em que as crianças assistem à televisão ou usam o aparelho para brincar com jogos eletrônicos. Este é o resultado de uma pesquisa divulgada, nesta semana, pela Universidade de Coimbra. Foram ouvidas 17.424 crianças de 3 a 11 anos e seus parentes em todas as regiões de Portugal.

De acordo com a coordenadora do Centro de Investigação em Antropologia da Saúde, da Universidade de Coimbra, Cristina Padez, o problema do alto consumo da TV está relacionado ao comportamento sedentário. “Não é só a TV, é preciso observar a alimentação, o estilo de vida e a organização dos pais”, diz.

Dados divulgados pela Associação Portuguesa contra a Obesidade Infantil (Apcoi), assinalam que 57% das crianças que vivem no país não caminham para ir à escola; 90% comem lanches tipo fast food quatro vezes por semana e apenas 2% consomem frutas todos os dias. Segundo Padez, os indicadores de Portugal são semelhantes aos de outros países da Europa e guardam semelhança com o que acontece no Brasil. “O mundo é globalizado. Há um conjunto de maneiras de viver semelhantes. Todos esses problemas são consequência do desenvolvimento econômico e social”, enfatizou Cristina.

A cientista social ressaltou ainda que a vida em grandes cidades, com poucos lugares para atividades de crianças ao ar livre, ou sob risco de violência, faz com que muito meninos e meninas passem horas vendo TV.

A obesidade infantil pode favorecer o aparecimento futuro de doenças como diabetes e hipertensão. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 2,6 milhões de pessoas morrem todos os anos por causa da obesidade ou do sobrepeso. A OMS calcula que, em todo o mundo, mais de 1 bilhão de adultos estão acima do peso. Destes, 300 milhões (o equivalente à população dos Estados Unidos) são obesos.