Introduzida em The Last of Us Part II, Abby Anderson rapidamente se tornou uma das figuras mais controversas do universo da franquia. Sobretudo, forte, decidida e guiada por um senso de justiça pessoal, Abby é uma personagem que rompe com as expectativas tradicionais do herói e do vilão. Mas afinal, quem é Abby em The Last of Us e por que ela divide opiniões tão intensamente entre os fãs?

Comparativo entre as versões do jogo e da série do personagem Abby, de The Last of Us. (Imagem: Naught Dog/Reprodução)

Quem é Abby em The Last of Us

Abby e sua motivação: uma história de vingança

Abby Anderson é uma ex-integrante dos Vagalumes, uma organização paramilitar que buscava uma cura para a infecção fúngica. Aliás, seu pai, Jerry Anderson, era o cirurgião-chefe do grupo e estava prestes a realizar a cirurgia que poderia salvar a humanidade — mas que resultaria na morte de Ellie, então imune ao vírus. Joel, protagonista do primeiro jogo, mata Jerry para salvar Ellie.

Entretanto, anos depois, Abby busca vingança pela morte do pai. Ela rastreia Joel e o assassina brutalmente, evento que marca o início da narrativa de The Last of Us Part II. Essa escolha narrativa inverte a perspectiva do jogador, que passa a controlar Ellie em sua busca por vingança contra Abby.

Interpretação e características

Abby foi interpretada por Laura Bailey, atriz premiada que deu vida à personagem através de captura de movimento e dublagem. Com isso, Bailey recebeu diversos prêmios por sua atuação, incluindo o The Game Award de Melhor Performance em 2020.

Fisicamente forte e emocionalmente resiliente, Abby, sobretudo, também desafia estereótipos de representação feminina nos jogos eletrônicos, algo que dividiu a opinião de parte do público gamer.

Por que Abby divide opiniões

Inversão de protagonista e antagonista

Uma das principais razões pelas quais Abby divide opiniões é a mudança de perspectiva narrativa. Nesse sentido, após horas de jogo acompanhando a vingança de Ellie, o jogador passa a controlar Abby e vivenciar os acontecimentos por outro ponto de vista.

Essa abordagem gerou desconforto para muitos fãs que estavam emocionalmente investidos na jornada de Ellie e Joel. No entanto, é justamente essa construção que tornou a narrativa de Part II mais complexa e humana.

Representação de Abby: musculatura e críticas

Abby foi alvo de críticas nas redes sociais devido ao seu porte físico incomum para personagens femininas em jogos. Aliás, a musculatura da personagem gerou debates sobre padrões corporais e misoginia na indústria gamer.

Neil Druckmann, criador da franquia, comentou em entrevista ao portal IGN que “a reação negativa à Abby expõe questões profundas sobre o preconceito no público gamer”. A dubladora Laura Bailey chegou a receber ameaças, o que levou a Naughty Dog a emitir um comunicado condenando qualquer forma de assédio.

Abby como reflexo de temáticas complexas

O arco de Abby permite explorar temas como perdão, traumas de guerra, empatia e a natureza cíclica da vingança. Apesar disso, ao apresentar o lado de Abby, o jogo obriga o jogador a questionar seus sentimentos, ampliando a profundidade moral da obra.

O impacto de Abby na franquia The Last of Us

Prêmios e reconhecimentos

Apesar das críticas, Abby é uma das personagens mais premiadas da história recente dos games. A performance de Laura Bailey foi elogiada por veículos como a GameSpot e a Polygon. Aliás, Abby também está entre os personagens mais comentados de 2020 no Reddit e no Twitter, segundo dados da plataforma Brandwatch.

Abby na série da HBO

A segunda temporada da série da HBO irá adaptar os eventos de The Last of Us Part II, incluindo a história de Abby. Ao mesmo tempo, em 2024, foi anunciado que a atriz Kaitlyn Dever interpretará a personagem, o que já gerou novas discussões entre os fãs.

Craig Mazin, showrunner da série, afirmou em entrevista à Variety que “Abby é essencial para entendermos o peso das escolhas feitas no primeiro jogo”. Nesse meio tempo, a expectativa é que a série aprofunde ainda mais os dilemas morais da personagem.

Abby e o dilema moral em The Last of Us

Abby é vilã ou heroína?

A resposta depende da perspectiva. Se no início ela parece apenas uma antagonista impiedosa, ao longo da narrativa suas motivações se tornam compreensíveis. Ela não é uma vilã clássica, mas uma personagem moldada pela dor e pelas circunstâncias de um mundo cruel.

Essa complexidade narrativa se alinha com a tendência moderna de criar personagens moralmente ambíguos. Segundo a professora Karen Dill-Shackleford, especialista em psicologia da mídia, “os jogos mais sofisticados hoje desafiam o jogador a sentir empatia por personagens em zonas cinzentas” (APA, 2021).

Uma jornada de desconstrução

Abby representa a desconstrução do arquétipo do herói e oferece uma nova visão sobre a narrativa de vingança. Sua presença no universo de The Last of Us provoca reflexões sobre identidade, perdão e humanidade em tempos extremos.

Abby, uma personagem que veio para marcar história

Quem é Abby em The Last of Us? Mais do que uma antagonista ou coadjuvante, Abby é o centro de uma discussão que envolve empatia, moralidade e o poder da narrativa nos videogames. Sua introdução desafiou a zona de conforto dos fãs e fez com que muitos revissem conceitos sobre o que é ser herói ou vilão. Amada por uns e odiada por outros, Abby está no coração de um dos jogos mais debatidos de todos os tempos — e esse debate ainda está longe de terminar.

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