Curitiba - Mozart Santos Batista Júnior continua escrevendo capítulos e memórias para os torcedores do Coritiba. Antes jogador talentoso, virou treinador de sucesso e responsável por comandar grandes projetos do futebol brasileiro. Em 2024, levou o Mirassol, pela primeira vez, para a Série A do Brasileirão. O vice-campeonato da Série B com o clube paulista, agora time de Libertadores, era um presságio para o que seria o ano de 2025.

Torcedor declarado do Coxa, Mozart se arriscou. Pediu demissão do Mirassol para voltar ao clube onde teve uma breve passagem enquanto técnico interino em 2020. Após início difícil, colocou o nome na história ao se tornar campeão brasileiro da Série B em 2025. O título, conquistado graças a uma defesa sólida e um ataque letal, ainda que pouco eficiente em alguns casos, devolveu o orgulho e a esperança ao coxa-branca.
+ Confira todas as notícias do Coritiba no RIC.com.br!
Após um fim de semana e uma segunda-feira de festa pela celebração da taça, Mozart participou do Bate Pronto Paraná nesta terça-feira (25). Em entrevista exclusiva contou, por uma hora, detalhes e bastidores da trajetória que recolocou o Coritiba na elite do futebol brasileiro. Aos 46 anos, garantiu: o planejamento do Coxa para a temporada de 2026 já começou.
Início turbulento e frustrações: Mozart detalha chegada ao Coritiba
Mozart chegou ao Coritiba no final de 2024, já com a responsabilidade de ajudar o clube a subir para a elite, ainda que tivesse, também, a disputa do Paranaense e da Copa do Brasil. O início de trabalho, porém, foi difícil. Quedas no estadual (para o Maringá) e no torneio nacional (para o Ceilândia-DF) levantaram dúvidas quanto ao trabalho. O treinador admitiu que, para ele, o início da passagem foi desafiador.
+ Coritiba e Athletico lideram média de público da Série B; veja ranking
“Eu sabia que seria um ano muito desafiador. Fiquei frustrado por não ter conseguido ser campeão paranaense porque, nos primeiros meses, tivemos que reformular muita coisa. O desfecho de 2025, porém, foi algo com o qual eu sempre sonhei: ganhar um título com o Coritiba. Por que foi tão difícil no início? Porque, no futebol, não se constrói relações e resultados rapidamente, do dia pra noite. Aqui, fizemos uma transformação, com nova mentalidade e inserção do hábito de vencer”, destacou.
+ Ex-Coritiba e Corinthians denuncia racismo em campeonato amador de Curitiba
Para muitos, a virada de chave, que transformou o Alviverde de um time irregular para um clube campeão foi um amistoso contra o Santos, no Couto Pereira. Uma goleada sofrida pelo placar de 4×1 amplificou a crise e a mágoa do torcedor. Mozart, hoje, reconhece a importância daquela derrota.
“Foi muito importante fazer aquele amistoso contra o Santos. Ali, caiu minha ficha. Foi uma mudança de chave. Na reapresentação, conversei com os jogadores e coloquei pra eles: “pessoal, olha tudo o que vocês fizeram nos últimos anos. Dá pra fazer diferente”. E fizemos. Não considero o Coritiba um time ofensivo e muito menos reativo. Não acredito nesse negócio de trocação e, sim, no controle dos jogos. Foi um momento muito importante e, hoje, não dá pra negar que nosso time tem uma identidade. Fomos regulares“, explicou ele.
Mozart afirma que mudança de realidade no Coritiba passou por união, família e Reginaldo Nascimento
A goleada sofrida para o Santos foi, talvez, o último momento ruim do Coxa em 2025. A partir daí, a Série B começou e o time embalou, especialmente na metade do primeiro turno, bem como durante todo o segundo turno. Em revelações de bastidores, Mozart contou sobre como foi feito o trabalho para melhorar a realidade interna do clube.
+ “Para quem achou que não conhecíamos de futebol, essa é a resposta”, afirma CEO da SAF do Coritiba
“Os jogadores são os protagonistas do sucesso do clube em 2025. Quero abrir um parênteses porque muitas pessoas não se lembram como foram meus trabalhos em outros clubes, como no Guarani e no CSA. No futebol, há inúmeras maneiras de se vencer. Podemos ser mais ofensivos ou buscar uma solidificação defensiva. Fomos campeões da Série B e, mesmo que muitas pessoas vejam a questão dos números… ninguém é campeão, de nenhum torneio, por acaso“, afirmou o treinador.
Porém, os jogadores receberam ajudas especiais. Em casa, o apoio das famílias, especialmente das esposas. No CT, de Reginaldo Nascimento, ex-jogador do clube, atualmente, coordenador técnico. Mozart destacou essa união como a criação de uma família, algo que ele valoriza e tenta trazer em trabalhos desde o sucesso feito no Mirassol.
Nos meus dois últimos anos de Mirassol, havia uma característica muito forte no aspecto familiar. Tentei trazer essa realidade pro Coritiba, levando as famílias pra dentro do CT, como as esposas. Elas são muito importantes no dia a dia com os maridos, falam as verdades que, muitas vezes, não aparecem no futebol, um ambiente naturalmente bajulador e de inverdades. Isso é importante demais pra se ter sucesso. O Reginaldo Nascimento foi a melhor contratação pra 2025, jogamos juntos em 1998 por exemplo. Ele transita em todas as áreas do clube de maneira muito natural. Foi um cara determinante no nosso título.
A motivação e o futuro: Mozart quer Coritiba com espírito vencedor em 2026
De férias, Mozart admite que os últimos dias foram intensos. Após a taça conquistada na vitória sobre o Amazonas, por 2×1, o treinador aproveitou o retorno para Curitiba para celebrar. A intensidade, porém, foi presente durante todo o ano e, mais ainda, na reta final da Série B.
+ Mozart compara importância de título do Coritiba com 1985 e provoca Athletico com conquista
O Coritiba, por exemplo, entrou em campo na penúltima rodada do torneio precisando vencer o Athletic no Couto Pereira pra ser campeão. Todavia, o empate em 0x0, ainda que tenha que garantido o acesso, frustrou os torcedores que, mais uma vez, viram o clube perder a chance de não conquistar uma taça nacional em seu estádio. O técnico admitiu que o fim de trabalho, naquela tarde de sábado, foi frustrante, em especial pelos gritos de “vergonha”.
“No jogo contra o Athletic, fiquei muito triste com as vaias da torcida, mesmo que já esperasse por elas em caso de resultado negativo. Os gritos de “vergonha” então… sim, me deixou triste. Porém, a maior frustração foi não ter sido campeão no Couto. Isso, sim. Mas é aquela coisa: Deus preparou para que a taça fosse em Manaus“.
Já pensando em 2026, Mozart sabe da necessidade do Coritiba em ser assertivo em contratações e admitiu que não fará grandes mudanças no elenco, especialmente pela redefinição do calendário do futebol brasileiro. No ano que vem, por exemplo, a Série A será disputada durante todo o ano.
O único impacto negativo é começar o ano já no dia 7 de janeiro. Teremos de ser cirúrgicos nas contratações. Quero trabalhar com um elenco de 24 jogadores de linha porque, se tenho mais atletas, não consigo desenvolvê-los perfeitamente. Por isso prefiro elencos enxutos. Vou trabalhar com a diretoria e vou falar sobre reforços. Há jogadores, como o Vini Paulista, que já aviso: não abro mão de tê-lo aqui (risos).
Quer receber notícias no seu celular? Entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui