Curitiba - O domingo estava se despedindo, aquele silêncio de fim de tarde já tomando conta de tudo. Eram umas 18h15 quando o celular vibrou e a notícia quebrou o dia em mil pedaços: Flávio Pantera não resistira ao câncer e falecera. Naquele instante, o peito apertou. E aí não importava se o coração era rubro-negro, tricolor ou de um ‘apenas’ amante do futebol. A dor da perda tomou a mesma cor para todos. A cor da saudade.

Foto: Reprodução/Rede Furacão

Flávio esteve nos momentos mais importantes da história do Athletico e do Paraná Clube – campeão brasileiro no Furacão em 2001 e titular paranista na Libertadores em 2007. Não é pouca coisa. E o mais impressionante era o respeito que ele impunha. Ser ídolo em dois rivais já é para poucos, mas o Pantera ia além: ele sempre foi um cara respeitado por torcedores de todos os clubes, uma figura que até mesmo o coxa-branca mais fanático admirava pela seriedade e pelo profissionalismo. Era um feito que o tempo não vai apagar.

+ Confira todas as notícias do Athletico no RIC.com.br!

+ Confira todas as notícias do Paraná Clube no RIC.com.br!

Flávio, o imponente camisa 1

Acompanhei de perto a consolidação dele como titular no Athletico. Um goleiro que precisou vencer mais obstáculos do que uma simples disputa de posição para brilhar. No título paranaense de 1998, na Seletiva de 1999 e na Libertadores de 2000, ele foi um discreto protagonista. Era um cara sério, compenetrado. Você via no rosto dele a concentração de quem sabia o peso da camisa que vestia.

+ “Eu vou encontrar a solução para vencer em casa”, garante técnico do Athletico

E essa seriedade se traduzia em respeito. Por isso a torcida do Paraná Clube sempre valorizou, e muito, a passagem dele por lá. Ele foi o goleiro da conquista da vaga na Libertadores, um pilar daquele time histórico. O Pantera de braços longos, elástico, que parecia preencher o gol. Um ídolo tricolor, sem dúvida alguma.

O sofrido adeus

A luta contra o câncer foi difícil, uma batalha ingrata. Mas até nesse momento, a grandeza dele se mostrou. Vimos ex-colegas, como o Cocito, se transformarem em verdadeiros guerreiros ao seu lado, criando uma rede de suporte que nos mostrou a força da amizade que o futebol constrói. Flávio sempre foi um vencedor, na vida e no campo. Lutou até o fim com a mesma determinação que usava para buscar uma bola impossível.

+ Os detalhes da proposta da SAF do Paraná Clube e o que precisa para aprovação

Nós não perdemos só um ex-goleiro. Perdemos um pedaço da nossa história. Um elo raro que unia dois mundos e era admirado por um terceiro. Um cara que nos fez gritar de alegria em estádios diferentes, com cores diferentes. Vai em paz, Pantera. Obrigado por cada defesa, por cada título, por ter sido o gigante que foi. Por aqui, a saudade já fez um gol no ângulo, sem chance de defesa.