Curitiba - Há quanto tempo o Athletico não vivia uma crise como a atual, que vem se arrastando desde o rebaixamento no ano passado? Todo dia os noticiários apontam pressão e cobrança em cima do clube, diretoria e elenco, seja por parte da torcida, imprensa ou até mesmo internamente. Mas e o que tem sido mudado para isso?

Acostumado aos últimos anos de conquistas e alta, com os títulos de Sul-Americana e Copa do Brasil e constantes participações em Libertadores, o Furacão não lembrava como era viver uma fase turbulenta, algo, de fato, inimaginável nos últimos oito anos.
Mas a realidade bateu na porta e, como um penetra em uma festa, foi entrando sem ser convidada, ficando à vontade e fazendo uma verdadeira bagunça no Rubro-Negro. Atuações fracas, tropeços atrás de tropeços e falta de reforços ditam essa volta do Athletico à Série B. E aí que é o grande problema.
Petraglia quer repetir estratégia de um passado distante
A última vez do Furacão na segunda divisão foi em 2012, em um cenário muito semelhante. Começo ruim, mudanças no comando técnico, contratações chegando no meio do caminho e uma demora para deslanchar rumo ao G4, com a vaga garantida apenas na última rodada.
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E ao se deparar mais uma vez diante deste percalço, Mario Celso Petraglia achou que poderia repetir a fórmula de 13 anos atrás. Só que nesta mais de uma década o futebol mudou, enquanto o presidente do Furacão ficou estagnado. Acostumado à nova realidade de crescimento do clube, agora parece perdido.
Tanto que adotou velhas estratégias. Cobrança nos vestiários, liberdade para a torcida organizada pressionar os atletas, nada que atualmente se mostre efetivo. E as coisas só estão piorando. Agora, agir, de fato, parece que o mandatário nem sabe o que fazer.
Passividade dos jogadores não incomoda o Athletico
Dinheiro não falta ao Athletico, mas nenhum reforço foi contratado nesta janela da Copa do Mundo de Clubes. Em julho, se abre mais uma vez, e o Furacão precisa trazer peças que cheguem para assumir a titularidade e resolver. Nomes que acabem com a morosidade do time, com jogadores acomodados, sem brio e que estão sucumbindo ao momento do clube, sem mostrar reação.
É inaceitável um atleta experiente como Giuliano, aos 35 anos, dar uma entrevista após a derrota por 1×0 para o Atlético-GO e falar que o time sentiu o gol com cinco minutos, tendo todo o duelo pela frente e com atletas já tarimbados no grupo. Não é possível que uma equipe com nomes como Léo, Esquivel, Patrick, Raul, Luiz Fernando e Alan Kardec não saiba lidar com as dificuldades, enquanto garotos da base, como Kauã Moraes e Dudu, demonstram muito mais vontade.
E isso passa muito pela conduta de Petraglia. É claro que é preciso descontar o período em que ele ficou fora do dia a dia cuidando da saúde – que é muito mais importante -, mas, a partir do momento em que voltou à ativa e centralizou outra vez as decisões do Athletico, é dele a responsabilidade pelo que o Rubro-Negro vive. E enquanto medidas reais não forem adotadas, a palavra crise vai seguir ditando a vida atleticana por um bom tempo.