Curitiba - Gols, títulos e gestos imortalizados na memória de torcedores. Tuta, um dos grandes artilheiros do futebol brasileiro entre os anos 1990 e 2000, tem uma história marcante em clássicos Atletiba. Campeão paranaense com o Athletico, em 1998, e com o Coritiba em 2004, o ex-atacante concedeu entrevista exclusiva ao Bate Pronto Paraná nesta terça-feira (24).

Em pouco mais de meia hora de papo, o artilheiro lembrou alguns causos que viveu no futebol paranaense. Dentre eles, o sentimento de se ver “apagado” das memórias do Furacão e a polêmica com um “outdoor” feito pelo Coxa, que rendeu um processo do atleta contra o Alviverde.
Pressão inicial e artilharia decisiva: a passagem de Tuta pelo Athletico
Tuta chegou ao Athletico em 1998. Ainda jovem, fez parte de um time que, treinado pelo vitorioso Abel Braga, quebrou um jejum de oito anos sem títulos estaduais. A conquista foi sacramentada com uma vitória por 2×1 em cima do Coritiba, em um Pinheirão lotado. Todavia, o começo não foi fácil. Ele lembra da pressão que sofreu por ter a responsabilidade de substituir dois ídolos do Athletico.
“Em 1998 eu tive uma cobrança forte no Athletico: a de substituir Paulo Rink e Oséas. Foi muito difícil. Em 98, não consegui jogar a final porque tive uma fratura na tíbia. Porém, eu contribuí com o Athletico com muitos gols. Os dados falam em 19 gols, mas tenho certeza que foram muito mais (risos). Ainda tenho um espaço no coração do torcedor do Furacão”, relembrou.
Pinheirão 40 anos: memórias de um gigante abandonado
Os bons números levaram Tuta ao Venezia, da Itália. Após deixar o time italiano, voltou ao Brasil e defendeu a camisa de outros grandes times, como Vitória, Flamengo e Palmeiras antes de se aventurar na Coreia do Sul. Voltou para Curitiba em 2004 para defender o arquirrival do Athletico: o Coritiba. Ali, uma nova história começaria.
Gols decisivos e gesto imortalizado: Tuta cala Baixada e vira ídolo do Coritiba
Em um Coxa embalado por uma histórica temporada em 2003 e garantido na Libertadores de 2004, Tuta colocou o seu nome na história do clube. Mais uma vez, o Alviverde chegou na final do Campeonato Paranaense e teria pela frente o arquirrival Furacão. Diferentemente de 1998, o atacante, desta vez, estava do lado alviverde.
Após não jogar na partida de ida (vitória do Coritiba no Couto Pereira por 2×1), o camisa 9 teve uma atuação histórica na Arena da Baixada e ajudou o Coritiba, de Antônio Lopes, a ser campeão. O empate em 3×3, com Tuta marcando dois gols e pedindo silêncio para a torcida do Rubro-Negro, entrou para a história e o imaginário do torcedor coxa-branca.
“Eu estava do lado da torcida. Não tinha como não comemorar com a torcida da Coritiba. Eu fiz uma provocação sadia, mas o Athletico decidiu apagar a minha história, apagou meus feitos, tirou dados do site oficial. Mas, ali, não tinha o que fazer. Durante a semana eu fiz a promessa que eu faria dois gols na final e o Coritiba seria campeão. Fiz e ganhamos o título”, recordou.
Só que Tuta teve dores de cabeça até mesmo com o Coritiba. Poucos anos depois, um outdoor estampado por diversos cantos da cidade, que relembrava a comemoração histórica, foi mal recebido pelo artilheiro. A falta de autorização para a exploração da imagem fez com que o atleta, em 2010, abrisse um processo contra o Coxa.
“O processo ainda está em andamento. Hoje, com essa SAF que colocaram no Coritiba, tudo fica mais difícil e demorado. Eles até tentaram dizer que não era eu naquele outdoor. Mas é claro que era. Estava ali o meu rosto, o meu sinal. Não me pediram autorização para usar aquela imagem”, explicou ele
“A personalidade faz a diferença”: artilheiro dá dicas para os times e admite não ter torcida especial para o jogo
Além de ter disputado o clássico Atletiba, Tuta também vivenciou fortemente outras rivalidades espalhadas pelo Brasil, como Fla-Flu, no Rio de Janeiro (também atuou nos dois clubes). Para ele, ter personalidade é um ponto decisivo para conseguir a vitória no jogo. Ao explicar, ele relembra a tática utilizada pelo Coritiba na final do Paranaense de 2004.
Sem marcar há sete jogos, atacantes do Coritiba preocupam para o Atletiba
“A personalidade faz toda a diferença em um clássico. Quando eu estava no Coritiba, nós aproveitamos uma escolha que o Mário Sérgio, então técnico do Athletico, fez durante a decisão. Ele substituiu alguns jogadores que eram destaques do time, como o Jadson e o Washington e, ali vimos algo a ser explorado. O Athletico ficou mais frágil e fomos pra cima. Isso faz toda diferença”, contou ele.
Vice-artilheiro da Libertadores é o novo reforço do Athletico
Ao ser questionado se terá torcida especial por alguém no clássico do próximo sábado (28), às 18h30, na Arena da Baixada, pela 13ª rodada da Série B, Tuta surpreendeu.
“Eu fui feliz nos dois (risos). Não consigo sair em cima do muro. Eu tenho um carinho muito forte pelo Athletico e pelo Coritiba. Vou torcer por um empate em 3×3, 4×4… eu quero ver gol! E o torcedor também”, finalizou.
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