O Athletico divulgou, nesta segunda-feira (1), uma nota oficial para tentar explicar a ida do lateral-direito Kauã Moraes para o Cruzeiro. O jogador de 18 anos desembarcou em Belo Horizonte no último sábado (30), após o time mineiro pagar a multa rescisória de R$ 10 milhões.

No comunicado, o Furacão alega que a Raposa agiu de má fé, uma vez que os dirigentes da equipe haviam garantido que não pagariam a rescisão. Além disso, o Rubro-Negro ressaltou que desde julho negociava uma renovação de contrato com Kauã, que no último dia 21, teriam chego a um acordo verbal, apenas faltando a revisão final para as assinaturas.
O texto, com seis parágrafos, é uma tentativa, frustrada, diga-se de passagem, do Athletico se fazer de vítima da situação, quando o que aconteceu, na verdade, foi um erro de planejamento e organização, deixando à deriva no mercado um atleta que se mostrou com alto potencial e que optou por traçar outro destino no futuro. Situação muito semelhante à que o próprio Furacão protagonizou recentemente e, coincidentemente, envolvendo o Cruzeiro.
Athletico fez o mesmo caminho com Vitor Roque
Em 2022, o Rubro-Negro contratou o atacante Vitor Roque, que vinha se destacando na Raposa, ao pagar a multa rescisória de R$ 24 milhões. Na época, os mineiros emitiram nota oficial, alegando que vinham negociando com o jogador e seu staff uma renovação de vínculo, com aumento salarial e da multa. Quando, segundo o Cruzeiro, faltavam apenas as assinaturas, o Furacão levou a joia de então 17 anos. Até mesmo Mario Celso Petraglia, à época, afirmou que aproveitou um erro cruzeirense de administração e que a Raposa queria se justificar para a torcida. Não se parece com algo de agora?
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Ou seja, na prática é a mesma coisa, só que no caminho inverso. Nesse caso, se o Furacão acha que a Raposa agiu de “forma oportunista” e com “desrespeito às negociações em curso”, como eles mesmos citam na nota, por qual motivo foram oportunistas três anos atrás? Se a ética vem em primeiro lugar, então não tivessem feito o que fizeram. Mas quando é o contrário, ai pode reclamar? O que diverge entre os caos de Vitor Roque e Kauã Moraes?
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Fora isso, o clube ainda revelou que, ao saber do interesse do Cruzeiro, vinha tentando aumentar o acordo com o lateral-direito, que, consequentemente, teria a multa elevada. E nesse meio tempo, prometeu aos mineiros uma ‘prioridade em eventual negociação na próxima janela’. Em outras palavras, não queriam receber apenas R$ 10 milhões, mas dariam o direito ao Cruzeiro a preferência, mas pagando acima disso daqui quatro meses. É muita arrogância e se achar mais esperto que os outros.
Complexo de Homer Simpson
A cada parágrafo da nota, o Athletico foi só expondo ainda mais o momento interno conturbado que vive. Ao tentar se justificar, mostra como já não sabe mais como conduzir o futebol atualmente. Lá atrás, em um passado nem tão distante, ficou conhecido no mercado brasileiro por saber negociar, aproveitar brechas para trazer jogadores a preços baixos e depois vendê-los por valores impactantes.
Porém, aparentemente parou no tempo e agora quer que tenham pena e respeitem acordos verbais, com os outros perdendo oportunidades e gastando mais para que o Furacão ‘não saia perdendo’. O famoso ‘pimenta nos olhos dos outros é refresco’.
Enquanto o Rubro-Negro agia assim, era exemplo de modernismo e visão no futebol. Agora, exala arrogância e se mostra perdido. O reflexo disso são os resultados em campo. E mais, termina a nota alegando que “buscará a devida reparação de seus direitos nas instâncias competentes”. Mas qual foi a irregularidade cometida pelo Cruzeiro, se inicialmente o clube abriu o comunicado informando que Kauã depositou a multa rescisória, rompendo unilateralmente seu contrato?
Seria muito melhor a diretoria se calar nesse momento e aceitar que a multa foi paga e seguir em frente. A partir do momento em que Petraglia dá entrevista até menosprezando o garoto, que veio de graça da base do Palmeiras, e o clube soltar nota oficial, só reforça que o Athletico vive o complexo de Homer Simpson: “A culpa é minha e coloco ela em quem eu quiser”.
Confira a nota completa:
O Club Athletico Paranaense informa que, no dia 29 de agosto, recebeu notificação extrajudicial do atleta Kauã Moraes da Silva, comunicando a rescisão unilateral de seu contrato, sem justa causa, mediante o depósito da multa rescisória.
O Athletico recorda que o atleta chegou ao clube proveniente do Palmeiras, em operação gratuita que resultou na partilha de 50% dos direitos econômicos. Em processo de valorização, e já integrado à equipe principal, o CAP iniciou tratativas para reajuste salarial e renovação contratual.
Ainda durante essas negociações, em 10 de julho, o clube exerceu a opção de compra de mais 20% dos direitos econômicos junto ao Palmeiras, passando a deter 70% da participação sobre o atleta. Paralelamente, estavam em curso conversas com o atleta e seus representantes, vinculados à empresa Roc Nation Sports Brazil Ltda., acerca das condições da renovação contratual, incluindo remuneração, prazos e comissões.
Ainda em julho, o Athletico Paranaense recebeu um contato da SAF do Cruzeiro, através de seu Diretor de Futebol, Paulo Pelaipe, manifestando o interesse na contratação do atleta. Após este contato, o assunto foi direcionado ao Presidente Mario Celso Petraglia, que conduziu as tratativas junto ao vice-presidente da SAF do Cruzeiro, Pedrinho Júnior, manifestando interesse no atleta e assegurando que não haveria o depósito da multa rescisória. Em contrapartida, foi prometido pelo Athletico que a SAF do Cruzeiro teria prioridade em eventual negociação na próxima janela de transferências.
No dia 21 de agosto, foi alcançado consenso entre as partes para a renovação contratual do atleta, com as minutas contratuais em fase final de revisão para assinatura.
Diante desse contexto, o Athletico repudia a conduta dos envolvidos, que, valendo-se de forma oportunista de um dispositivo legal, ignoraram que a renovação contratual já havia sido acordada entre as partes e se encontrava em fase final de formalização. Tal atitude representa o descumprimento da palavra empenhada e o desrespeito às negociações em curso. O clube, por fim, informa que buscará a devida reparação de seus direitos nas instâncias competentes.
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