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Aeronave tinha capacidade padrão menor do que o trajeto previsto para ser percorrido no dia do acidente

Um áudio divulgado pela Blu Radio, da Colômbia, o piloto do avião da Lamia, que transportava a delegação da Chapecoense e um grupo de jornalistas, pede autorização para pousar durante nove minutos. A tragédia matou 71 pessoas e deixou cinco sobreviventes feridos.

No áudio, o piloto repete várias vezes “Senhorita, preciso pousar. Preciso pousar”. Uma controladora de voo repete ao piloto que o pouso precisaria ser adiado porque havia uma emergência com outro avião, e orienta que a aeronave da Chapecoense dê voltas pela região até que a aterrissagem seja autorizada.

Ao final da gravação, o piloto afirma que “o avião está em falha total elétrica e de combustível”. A partir deste momento, não há mais comunicação. Os controladores acionam os bombeiros e ainda tentam chamar o piloto por mais dois minutos, mas sem resposta. Uma das últimas frases ditas é de um controlador que afirma “o avião caiu”.

Ouça o áudio.

Plano de voo

Gustavo Vargas, diretor da empresa aérea LaMia, admitiu nesta quarta-feira que o plano inicial era que o avião parasse para fazer um reabastecimento. A falta de combustível é uma das principais hipóteses investigadas para explicar o acidente.

“Ele (o piloto) tomou a decisão de não parar porque pensou que o combustível daria. Trata-se de um piloto de muita experiência, que fez seu treinamento na Suíça”, disse Vargas, em entrevista ao jornal Página Sete, de La Paz (Bolívia).

Segundo o executivo, o planejamento inicial estabelecia uma parada para reabastecer em Cobija (Bolívia), na fronteira com o Brasil. Essa opção, porém foi descartada por falta de tempo, uma vez que o voo que levava a Chapecoense de São Paulo para Santa Cruz de La Sierra atrasou. “Infelizmente não conseguimos repor o combustível em Cobija. Estávamos atrasados e Cobija não trabalha à noite”, disse ele.

Vargas salientou que o piloto da aeronave tinha um plano B aprovado caso o planejamento inicial falhasse. “Nós temos alternativas. Uma destas era Bogotá (Colômbia), e se o piloto viu que tinha uma deficiência de combustível, ele tinha todo o poder para entrar e fazer o reabastecimento”, disse o executivo.

Capacidade

A aeronave RJ85 tem capacidade padrão menor do que o trajeto previsto para ser percorrido pelo modelo que caiu nesta terça-feira. Informações da consultoria em aviação alemã Jacdec, com base na ficha técnica da fabricante, apontam que a distância máxima padrão do RJ85 que pode ser percorrida pelo modelo é de 1.600 milhas marítimas (equivalente a 2.965 quilômetros).

Já a distância direta entre o Aeroporto Internacional Viru-Viru, de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, e o Aeroporto Olaya Herrera, em Medellín, na Colômbia, é de 1.605 milhas marítimas, ou 2.975 quilômetros (em linha reta).