O último título da Copa do Mundo conquistado pela Seleção Brasileira foi em 2002, no torneio realizado no Japão e Coreia do Sul. Depois de um ciclo conturbado, os comandados de Felipão conseguiram uma campanha histórica com muitas reviravoltas.

Cafu com a taça da Copa do Mundo de 2002
Cafú é o único jogador da história a disputar três finais de Copa do Mundo conscutivas (1994-1998-2002). (Foto: Divulgação/FIFA)

Classificação Sofrida: O Brasil nas Eliminatórias para 2002

Antes da consagração na Ásia, o percurso da Seleção Brasileira até a Copa do Mundo de 2002 foi marcado por uma campanha de Eliminatórias sul-americanas surpreendentemente árdua e irregular. O time, que passou por quatro técnicos diferentes durante o período (Vanderlei Luxemburgo, Candinho como interino, Émerson Leão e, finalmente, Luiz Felipe Scolari), sofreu seis derrotas em 18 partidas, um recorde negativo para o Brasil na história da competição até então.

A instabilidade e os resultados inconstantes, como as derrotas para Paraguai, Chile, Equador e Bolívia fora de casa, além de um revés para a Argentina, deixaram a classificação ameaçada. A vaga para o mundial só foi garantida na última rodada, com uma vitória por 3 a 0 sobre a Venezuela, em São Luís do Maranhão. Essa trajetória de superação e dificuldades contrastou com o desempenho dominante que a equipe viria a ter na fase final do torneio.

Convocados do Brasil para a Copa do Mundo de 2002

Com um futebol ainda menos globalizado do que o de hoje, a lista de convocados por Felipão para a Copa do Mundo de 2002 contava com apenas 10 jogadores que atuavam no exterior, enquanto 13 jogavam no Brasil.

Goleiros:

  • Marcos (Palmeiras)
  • Dida (Corinthians)
  • Rogério Ceni (São Paulo)

Laterais:

  • Cafu (Roma-ITA)
  • Belletti (São Paulo)
  • Roberto Carlos (Real Madrid-ESP)
  • Júnior (Parma-ITA)

Zagueiros:

  • Lúcio (Bayer Leverkusen-ALE)
  • Roque Júnior (Milan-ITA)
  • Anderson Polga (Grêmio)

Meio-campistas:

  • Edmilson (Lyon-FRA)
  • Gilberto Silva (Atlético-MG)
  • Kleberson (Athletico)
  • Vampeta (Corinthians)
  • Ricardinho (Corinthians)
  • Ronaldinho Gaúcho (Paris Saint-Germain-FRA)
  • Juninho Paulista (Flamengo)
  • Kaká (São Paulo)

Atacantes:

  • Denílson (Real Betis-ESP)
  • Ronaldo (Inter de Milão-ITA)
  • Rivaldo (Barcelona-ESP)
  • Edílson (Cruzeiro)
  • Luizão (Grêmio)

Ronaldo: A Jornada da Dúvida à Consagração em 2002

A presença de Ronaldo Nazário na Copa do Mundo de 2002 foi, por si só, uma narrativa de superação. O atacante havia sofrido duas graves lesões no tendão patelar do joelho direito enquanto atuava pela Inter de Milão: a primeira em novembro de 1999 e uma ruptura total em abril de 2000, apenas minutos após seu retorno aos gramados. Essas contusões o afastaram do futebol por quase dois anos, gerando um ceticismo generalizado sobre sua capacidade de voltar a jogar em alto nível.

Ronaldo comemorando gol na final da Copa do Mundo de 2002
Ronaldo foi o artilheiro da Copa do Mundo de 2002, com oito gols. (Foto: Divulgação/CBF)

Apesar do longo período de inatividade e das poucas partidas disputadas antes da convocação final, o técnico Luiz Felipe Scolari apostou na recuperação do jogador. A decisão de incluir Ronaldo na lista para o mundial foi vista com desconfiança por parte da imprensa e de torcedores, especialmente considerando a ausência de outros nomes populares na época. Havia dúvidas significativas sobre sua condição física para suportar a intensidade de uma Copa do Mundo.

Contudo, a aposta de Scolari e a dedicação de Ronaldo em seu processo de recuperação mostraram-se acertadas. O “Fenômeno” não apenas participou do torneio, como foi o artilheiro, com oito gols – incluindo os dois da final contra a Alemanha –, tornando-se um símbolo da conquista do pentacampeonato e protagonizando uma das maiores histórias de reviravolta no esporte. A fonte principal para dados históricos sobre jogadores em Copas do Mundo é a FIFA.

Ausências controversas na convocação para a Copa de 2002

A lista dos 23 convocados por Felipão para a Copa do Mundo sofreu por fortes críticas da mídia e populares por ausências de peso, como Romário, Alex e Djalminha.

Problemas com Romário

A não convocação de Romário para a Copa do Mundo de 2002 foi uma das decisões mais debatidas e controversas do técnico Luiz Felipe Scolari. O atacante vivia excelente fase técnica e era artilheiro por onde passava, o que alimentava um forte clamor popular e midiático por sua inclusão no grupo que viajaria para a Coreia do Sul e o Japão.

No entanto, Scolari manteve-se irredutível em sua decisão, que, segundo o próprio treinador e analistas da época, foi baseada principalmente em questões disciplinares e na filosofia de trabalho do técnico de formar um grupo coeso e sem vaidades, a chamada “Família Scolari”. Um episódio frequentemente citado como crucial para a ausência do “Baixinho” foi seu pedido de dispensa da Copa América de 2001, alegando a necessidade de uma cirurgia ocular. Contudo, pouco tempo depois, Romário participou de amistosos pelo seu clube, o Vasco da Gama, o que teria desagradado profundamente o treinador da seleção.

Apesar da pressão pública, de apelos de personalidades e dos gols que Romário continuava marcando, Felipão optou por não levá-lo, priorizando o que considerava ser o melhor para a harmonia e o comprometimento do elenco. A decisão, embora polêmica, foi posteriormente “validada” pelo resultado final: a conquista do pentacampeonato.

Técnico Felipão comemorando gol da Seleção Brasileira
Após o resultado positivo na Copa do Mundo, Felipão recebeu oportunidades de trabalho fora do país, comandando o Chelsea, da Inglaterra, e a Seleção de Portugal. (Foto: Divulgação/CBF)

Alex de fora da lista de convocados

Além disso, a não convocação de Alex para a Copa do Mundo de 2002 representou uma decisão técnica de Luiz Felipe Scolari que gerou considerável debate, visto que o talentoso meia vinha participando ativamente do ciclo preparatório e era considerado por muitos uma peça importante, especialmente por já ter trabalhado com Felipão no Palmeiras.

Contudo, a forte concorrência na posição, com nomes como Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, Juninho Paulista e do jovem Kaká, culminou na surpreendente opção por Ricardinho, do Corinthians, uma escolha que, somada à falta de uma justificativa detalhada do treinador, deixou Alex frustrado.

Copa do Mundo de 2002: o pentacampeonato na Ásia

A quinta estrela, que consolidou o Brasil é pentacampeão mundial de futebol, foi bordada na camisa amarela na Copa do Mundo de 2002, sediada conjuntamente por Coreia do Sul e Japão. Comandada por Luiz Felipe Scolari, a “Família Scolari” teve uma campanha impecável, com sete vitórias em sete jogos.

O grande nome da conquista foi Ronaldo Fenômeno, que retornava de graves lesões e se tornou o artilheiro da competição com oito gols. Ao lado dele, brilharam Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho.

Na fase de grupos, o Brasil venceu Turquia (2×1), China (4×0) e Costa Rica (5×2). Nas oitavas, eliminou a Bélgica (2×0). Nas quartas, superou a Inglaterra por 2×1, com um gol memorável de Ronaldinho Gaúcho.

Ronaldinho Gaúcho coduzindo a bola entre marcadores da Inglaterra durante a Copa do Mundo de 2002
O jovem Ronaldinho Gaúcho foi um dos destaques da Seleção Brasileira na Ásia. (Foto: Divulgação/CBF)

Na semifinal, venceu novamente a Turquia, por 1×0, com gol de Ronaldo. A final foi contra a Alemanha, em Yokohama, no Japão. Com dois gols de Ronaldo, o Brasil venceu por 2×0 e levantou o troféu pela quinta vez.

Ficha técnica da final:

  • Jogo: Alemanha 0 x 2 Brasil
  • Data: Domingo, 30 de junho de 2002
  • Local: International Stadiumm, Yokohama, Japão
  • Horário: 8h (Brasília), 20h (local)

Escalações

Alemanha: Oliver Kahn; Thomas Linke, Carsten Ramelow, Christoph Metzelder,Torsten Frings, Marco Bode (Christian Ziege); Dieter Hamann, Jens Jeremies (Gerald Asamoah), Bernd Schneider; Miroslav Klose (Oliver Biernhoff), Oliver Neuville. Treinador: Rudi Völler.

Brasil: Marcos; Lúcio, Edmílson e Roque Júnior; Cafu, Gilberto Silva, Kléberson, Ronaldinho (Juninho Paulista) e Roberto Carlos; Rivaldo e Ronaldo (Denílson). Treinador: Luiz Felipe Scolari.

*Com supervisão de Jorge de Sousa

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Caio Yuke

Estagiário de jornalismo

Caio Yuke, estagiário cursando o 8º período do curso de jornalismo da PUCPR, com o trabalho voltado principalmente às áreas de Loterias e Esportes, além de atualizações de 'onde assistir' aos jogos.

Caio Yuke, estagiário cursando o 8º período do curso de jornalismo da PUCPR, com o trabalho voltado principalmente às áreas de Loterias e Esportes, além de atualizações de 'onde assistir' aos jogos.