Quando a capital paranaense foi anunciada como cidade sede da Copa do Mundo de 2014, a população curitibana não se empolgou muito. Não chegou a 100 o número de pessoas que enfrentaram a chuva e o frio para festejar a escolha da cidade no Parque Barigui. E a um dia da abertura do mundial e da estreia do Brasil na Copa contra a seleção da Croácia, o clima de indiferença parece ser o mesmo. Certamente, um dos motivos dessa apatia com o futebol seja causada pelas enchentes que atingiram vários bairros da cidade no início da semana e mudaram o foco da população.

Com uma tímida reação do mercado por conta das vendas de bandeiras para carros e camisas da seleção, a capital paranaense chega à Copa como resultado do pouco interesse dos governos estadual e municipal em divulgar o evento e contagiar a população, tradicionalmente fria em eventos populares.

Na última semana, o jornalista espanhol J.J. Campos, que está hospedado na cidade para acompanhar a seleção do seu país, publicou um artigo de opinião com o título: “Curitiba não parece Brasil”. No texto, o jornalista diz que Curitiba vive um clima confortável e de paz em relação aos protestos.

“A sede da seleção é o contrário do estereótipo que temos deste país sul-americano. A maioria da população é de origem europeia. A taxa de desemprego, de quatro por cento, é metade do que vive o resto da população. O ambiente de protestos das outras sedes do Mundial pouco se aproxima desta tranquila cidade. Se o que pretendíamos era ficar tranquilos e isolados do resto do Mundial, vamos conseguir, com certeza”, descreve J.J. Campos.

Horas antes do Brasil entrar em campo, porém, estão previstos dois protestos marcados pelas redes sociais. O primeiro deve acontecer na Vila Barigui, no final da manhã, por causa das enchentes que destruíram casas na região, localizada próxima ao Parque Barigui; já na Praça Santos Andrade está sendo marcada uma manifestação por alunos da Universidade Federal do Paraná contra a Copa do Mundo, cuja concentração está marcada para as 14 horas.

Para a população acompanhar o jogo da seleção a cidade terá uma Fanfest, na recém reaberta Pedreira Paulo Leminski, promovida por uma parceria entre a Prefeitura de Curitiba e a  Rede Globo que levará atrações musicais durante o dia, sendo a principal desta quinta-feira o sambista Dudu Nobre. São esperadas cerca de 20 mil pessoas.

Pela cidade, a população não está muito otimista. “Nosso time carece de uma liderança, alguém que conduza o time, não está dando certo”, disse de forma pessimista o web designer Will Ferreira.

Nos shoppings populares o volume de vendas tem sido grande. Com camisas do Brasil vendidas entre R$ 25 e R$ 60 até 40 peças vem sendo comercializadas por dia, “mas somente agora, com a proximidade do jogo”, contou Marcela Jesus, dona de uma barraca na área central.

Como não será feriado na cidade, apenas ponto facultativo nas repartições públicas, a Associação Comercial não deu orientações padrões para o funcionamento das lojas. “Cada lojista vai determinar o seu horário”, informou a assessoria da entidade. Na cidade estão previstas festas em locais específicos, como o Madero Sports, que transmitirá seu primeiro jogo após a inauguração, nesta semana. Já o bar 92 Graus vai promover um futebol movido a rock, com apresentação de bandas curitibanas durante toda a noite.